A atriz Elizabeth Vogler (
Liv Ullmann) deixa de falar durante uma representação teatral de Electra. Seu
mutismo em relação aos que a rodeiam é total, sendo então internada numa
clínica. Não está doente, simplesmente optou pelo silêncio. Alma, (Bibi
Andersson)uma jovem enfermeira, fica encarregada de tratar dela. A conselho do
médico, as duas isolam-se numa ilha.
O filme propõe uma
reflexão sobre a constante necessidade de adequação aos diferentes papéis que
uma pessoa deverá exercer ao longo da vida, "o irrealizável sonho de
existir, não o de parecer, mas o de ser". Enquanto Elizabeth simplesmente
desiste de tentar adequar-se a esses papéis, determina em Alma (Bibi Andersson)
uma descoberta de trilhas semelhantes, frustrando suas falsas expectativas
iniciais de construir um casamento e família tradicionais. É assim que ambas,
Alma e Elizabeth, passam a manifestar diferentes facetas de uma só personagem,
culminando na notória sequência onde se fundem os seus rostos. Tanto Elizabeth
como Alma são afligidas por traumas relacionados com a maternidade - a primeira
simplesmente renega o filho, enquanto a segunda não aceita bem um aborto ao
qual fora obrigada.
Sobre Persona Bergman disse:
"Hoje sinto que em Persona e mais tarde, em Lágrimas e Suspiros, fui muito longe, nestes dois casos trabalhei em total liberdade,
toquei segredos sem palavras que só o cinema pode descobrir. "
Persona é
considerado uma das obras mais importantes do século XX por ensaístas e
críticos como Susan Sontag , que se referiu a ele como obra-prima de
Bergman.
Outros críticos têm descrito o filme, como
"uma das grandes obras do século XX a nível da arte".
Pensa que não entendo? O inútil sonho de
ser. Não parecer, mas ser. Estar alerta em todos os momentos. A luta: o que é
com os outros e o que realmente é. Um sentimento de vertigem e a constante fome
de finalmente ser exposta. Ser vista por dentro, cortada, até mesmo eliminada.
Cada tom de voz, uma mentira. Cada gesto, falso. Cada sorriso, uma careta.
Cometer suicídio? Nem pensar. Você não faz coisas desse gênero. Mas pode recusar-se
a mover-se e ficar em silêncio. Então, pelo menos, não está mentindo. Você pode
fechar-se, fechar-se para o mundo. Então não tem que interpretar papéis, fazer
caras, gestos falsos… Acreditaria que sim, mas a realidade é diabólica (…).
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