E DE
REPENTE A NOITE
Cada um está só sobre o coração da terra
trespassado por um raio de sol:
e de repente a noite
Cada um está só sobre o coração da terra
trespassado por um raio de sol:
e de repente a noite
Da Acque e terre
(1920-1929).
ED È SUBITO SERA
Ognuno sta solo sul cuor
della terra
trafitto da un raggio di
sole:
ed è subito sera.
REFÚGIO DE PÁSSAROS NOTURNOS
No
alto um pinho torcido;
está atento e escuta ao abismo
com o tronco dobrado como besta.
Refúgio de pássaros noturnos,
na hora mais alta ressoa
um veloz bater de asas.
Tem pois um ninho meu coração
suspenso na escuridão, uma voz;
está também, à escuta, da noite.
está atento e escuta ao abismo
com o tronco dobrado como besta.
Refúgio de pássaros noturnos,
na hora mais alta ressoa
um veloz bater de asas.
Tem pois um ninho meu coração
suspenso na escuridão, uma voz;
está também, à escuta, da noite.
APOLLION
Os
montes em escuro sono
supinos jazem abatidos.
A hora nasce
da morte plena, Apollion;
sou ainda lerdo de membros
e o coração pesa desmemoriado.
Alongo minhas mãos
de chagas esquecidas,
amado destruidor.
supinos jazem abatidos.
A hora nasce
da morte plena, Apollion;
sou ainda lerdo de membros
e o coração pesa desmemoriado.
Alongo minhas mãos
de chagas esquecidas,
amado destruidor.
JÁ VOA A MAGRA FLOR
Não saberei nada da minha vida,
escuro monótono sangue.
Não saberei a quem amava, a quem amo,
agora que aqui limitado, reduzido aos meus membros,
no corrompido vento de março
enumero os males dos dias decifrados.
Já voa a magra flor
dos ramos. E eu espero
a paciência de seu vôo irrevogável.
Não saberei nada da minha vida,
escuro monótono sangue.
Não saberei a quem amava, a quem amo,
agora que aqui limitado, reduzido aos meus membros,
no corrompido vento de março
enumero os males dos dias decifrados.
Já voa a magra flor
dos ramos. E eu espero
a paciência de seu vôo irrevogável.
Este silêncio detido nas ruas,
este vento indolente, que agora resvala
ao rés, entre as folhas mortas, ou remonta
às cores das bandeiras estrangeiras...
Talvez a ânsia de dizer-te uma palavra
antes que se feche outra vez o céu
sobre outro dia, talvez a inércia,
nosso mais vil mal. A vida
não está neste tremendo, escuro, latir
do coração, não é piedade, não é mais
que um jogo de sangue onde a morte
está em flor. Oh!, Minha doce gazela,
te recordo aquele gerânio aceso
num muro crivado pela metralha.
Oh, nem sequer a morte agora consola
mais aos vivos, a morte por amor ?
Salvatore Quasimodo
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