O GRANDE DITADOR / The Great Dictator
Charles Chaplin (1940)
Nos filmes de Charles Chaplin a intenção satírica é mais ou menos viva, mais ou menos precisa, mas é através dela que o autor se coloca na linha dos grandes autores cómicos que, de Molière a Daumier, se têm servido da arte para pintar os defeitos do homem.
Sabemos bem até onde Molière, por exemplo, levou a lição e os aborrecimentos que lhe valeu o facto de pintar sem contemplação os costumes dos seus contemporâneos e as características do seu espírito. Chaplin também se encontra nesta tradição, já em 1937, alguns anos depois do triunfo de Hitler na Alemanha, anunciara que preparava um filme sobre o assunto. No outro lado do Reno compreendeu-se imediatamente o perigo que esta arma representava. O adversário era capaz de fazer rir o mundo inteiro à custa do seu futuro senhor, o que não deixaria de ofuscar o seu prestígio. Há muito tempo já que Chaplin fora banido dos cinemas alemães, mas desta vez pretendiam pôr em execução o seu projecto. O cônsul alemão de Los Angeles fez várias diligências, houve discussões diplomáticas e até ameaças contra a pessoa de Chaplin. Este não desistiu da sua ideia, mas compreendeu os perigos que os acontecimentos iriam fazer correr ao seu filme.
Chaplin pôs à mostra tudo o que havia de falso, de artificial, de vaudevillesco, nesta farsa atroz do Eixo. Porque tanta força brutal, tanta crueldade e ódio constituíam um erro monumental que não se podia impor sem que fossem totalmente falseados todos os dados humanos. |
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