«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

POEMA DE GABRIELA MISTRAL



Gabriela Mistral, pseudónimo de Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga (Vicuña, 7 de Abril de 1889 — Nova Iorque, 10 de Janeiro de 1957). Poetisa, educadora, diplomata e feminista chilena.
Foi agraciada com o Nobel de Literatura de 1945.


BIOGRAFIA AQUI


A IMENSA ALEGRIA DE SERVIR
Onde houver uma arvore para plantar,
planta-a tu;
onde houver um erro para corrigir,corrige-o tu;
onde houver uma tarefa que todos recusem,
aceita-a tu.
Sê quem tira
a pedra do caminho,
o ódio dos corações
e as dificuldades dos problemas.
Gabriela Mistral

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CÂNTICO DOS CÂNTICOS


Cântico dos Cânticos, faz parte dos livros poéticos do Antigo Testamento. O seu autor teria sido Salomão, filho do rei David. A sua escrita é estimada por volta do ano 400 a.C, e constitui-se de uma colectânea de hinos nupciais. Por ser um poema escrito em uma linguagem considerada sensual, sua validade como texto bíblico já foi questionada ao longo dos tempos. O poema fala do amor entre o noivo e sua noiva.



Vem o amado - excerto

Ela - A Amada

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Tal como a macieira entre as árvores da floresta
é o meu amado entre os jovens
Anseio sentar-me à sua sombra,
que o seu fruto é doce na minha boca.
Leve-me para a sala do banquete.
e se erga diante de mim a sua bandeira de amor.
Sustentem-me com bolos de passas,
fortaleçam-me com maças
porque eu desfaleço de amor.
Por baixo da minha cabeça ele põe a mão esquerda
e abraça-me a sua mão direita.
Eu vos conjuro mulheres de Jerusalém
pelas gazelas ou pelas corças do monte:
não desperteis nem perturbeis
o meu amor, até que ele queira.


CÂNTICO DOS CÂNTICOS - CAPÍTULO II

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


Encontro, algures na minha natureza, alguma coisa que me diz que não há nada no mundo que seja desprovido de sentido, e muito menos o sofrimento. Essa qualquer coisa, escondida no mais fundo de mim, como um tesouro num campo, é a humildade. É a última coisa que me resta, e a melhor (…). Ela veio-me de dentro de mim mesmo e sei que veio no bom momento. Não teria podido vir mais cedo nem mais tarde. Se alguém me tivesse falada dela, tê-la-ia rejeitado. Se ma tivessem oferecido, tê-la-ia rejeitado (…). É a única coisa que contém os elementos da vida, de uma vida nova (…). Entre todas as coisas ela é a mais estranha (…). É somente quando perdemos todas as coisas que sabemos que a possuímos.

(Oscar Wilde, in “De Profundis”)

sábado, 4 de dezembro de 2010

OCTÁVIO PAZ



Octávio Paz nasceu na Cidade do México em 1914. Cursou estudos de Direito na Universidade Nacional Autónoma do México e estudos especializados de literatura, no México, Estados Unidos, Paris e Japão.Fez parte da geração de Taller, que, mais que uma revista, foi um dos movimentos literários mais importantes do México. Em 1937 foi para a Espanha onde fez amizade com vários intelectuais republicanos. Em 1945 ingressou no serviço de diplomacia mexicano.
Residiu em Paris. Manteve contacto com personalidades importantes como Pablo Neruda, Xavier, Albert Camus, entre outros. Cultivou o surrealismo, a partir do seu encontro com André Breton, quando experimentou a escrita automática. A sua obra poética tem importância, não só como poesia, mas como reflexão sobre todo o âmbito da ocupação poética. A sua escrita, frequentemente, lida com oposições; paixão e razão, sociedade e indivíduo, trabalho e sentido: " A imagem poética é o encontro de realidades opostas". Em torno de sua obra encontram-se influências diversas como do marxismo, surrealismo, existencialismo, Budismo, Hinduísmo e do modernismo franco e anglo-americano. Muitos dos poemas de Paz são baseados em pinturas de Joan Miro, Marcel Duchamp, Antonio Tapies, Robert Rauschenberg e Roberto Matta.O seu interesse pelas culturas primitivas levou-o em 1951 à Índia, onde viveu durante anos, como embaixador. Renunciou em 1968, em sinal de protesto ao massacre na Praça das Três Culturas (Tlatelolco), quando o governo mexicano reprimiu à bala manifestação estudantil durante os Jogos Olímpicos. Em 1976 fundou a revista Plural e anos mais tarde a revista Vuelta. Publicou mais de vinte livros de poesia e inumeráveis ensaios de literatura, arte, cultura e política, desde Luna Silvestre, seu primeiro livro, de 1933. Foi um dos intelectuais mais importantes do México e um dos maiores poetas do mundo. Juntamente com Pablo Neruda e o extraordinário César Vallejo, Octavio Paz é um dos grandes poetas Latino Americanos cuja obra teve um forte impacto internacional. Suas antologias de poemas, em espanhol e em inglês, foram publicadas em 1988. Entre seus trabalhos poéticos de fim de século estão: “La Llama Doble”; “Amor y Erotismo”; “Vislumbre de la India”. Nos últimos anos, da sua vida, publicou intensamente, interveio (não para a alegria de todos) nos rumos de seu país, organizou suas obras completas, acrescentou-lhe, poemas, ensaios e memórias. Foi poeta, ensaísta e ardente antifascista nos anos anteriores e durante a Segunda Guerra Mundial, nessa época escreveu a colecção de poemas “Bajo tu Clara Sombra”. Morreu na capital mexicana em 1998.
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Movimento
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Se tu és a égua de âmbar
eu sou o caminho de sangue
Se tu és o primeiro nevão
eu sou quem acende a fogueira da madrugada
Se tu és a torre da noite
eu sou o cravo ardendo em tua fronte
Se tu és a maré matutina
eu sou o grito do primeiro pássaro
Se tu és a cesta de laranjas
eu sou o punhal de sol
Se tu és o altar de pedra
eu sou a mão sacrílega
Se tu és a terra deitada
eu sou a cana verde
Se tu és o salto do vento
eu sou o fogo oculto
Se tu és a boca da água
eu sou a boca do musgo
Se tu és o bosque das nuvens
eu sou o machado que as corta
Se tu és a cidade profunda
eu sou a chuva da consagração
Se tu és a montanha amarela
eu sou os braços vermelhos do líquen
Se tu és o sol que se levanta
eu sou o caminho de sangue
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Octavio Paz, in "Salamandra"
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Entre partir e ficar
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Entre partir e ficar hesita o dia,
enamorado de sua transparência.
A tarde circular é uma baía:
em seu quieto vai e vem se move o mundo.
Tudo é visível e tudo é ilusório,
tudo está perto e tudo é intocável.
Os papéis, o livro, o vaso, o lápis
repousam à sombra de seus nomes.
Pulsar do tempo que em minha têmpora repete
a mesma e insistente sílaba de sangue.
A luz faz do muro indiferente
Um espectral teatro de reflexos.
No centro de um olho me descubro;
Não me vê, não me vejo em seu olhar.
Dissipa-se o instante.
Sem mover-me,eu permaneço e parto:
sou uma pausa
FRASES
O homem é um ser que se criou a si próprio ao criar uma linguagem. Pela palavra, o homem é uma metáfora de si próprio. A palavra quando é criação desnuda.
A primeira virtude da poesia tanto para o poeta como para o leitor é a revelação do ser.
A consciência das palavras leva à consciência de si: a conhecer-se e a reconhecer-se.
A solidão é o fundo último da condição humana. O homem é o único ser que se sente só e que procura um outro.
O amor é uma tentativa de penetrar no íntimo de outro ser humano, mas só pode ter sucesso se a rendição for mútua.
Não é poeta aquele que não tenha sentido a tentação de destruir ou criar outra linguagem.
Nenhum povo acredita no seu Governo. Em resumo, os povos estão resignados. As massas humanas mais perigosas são aquelas em cujas veias foi injectado o veneno do medo... do medo da mudança.
O homem é uma criatura moral que envelhece, que morre e que não sabe para o que veio aqui "não nascemos livres: a liberdade é uma conquista - e mais: uma invenção."
"A palavra é a amante e o amigo do poeta, seu pai e sua mãe, seu deus e seu diabo, seu martelo e sua almofada. Também é seu inimigo: seu espelho".
"Cada poema é único. Em cada obra lateja, com maior ou menor intensidade, toda a poesia. Portanto, a leitura de um só poema nos revelará, com maior certeza do que qualquer investigação histórica ou filológica, o que é a poesia ".
"A palavra é o próprio homem. Somos feitos de palavras. Elas são nossa única realidade ou, pelo menos, o único testemunho de nossa realidade".