«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Desejo de Ser Diferente

O desejo de se ser diferente daquilo que se é, é a maior tragédia com que o destino pode castigar o homem. O desejo de ser outro, diferente daquilo que somos: não pode arder um desejo mais doloroso no coração humano. Porque não é possível suportar a vida de outra maneira, apenas sabendo que nos conformamos com aquilo que significamos para nós próprios e para o mundo. Temos de nos conformar com aquilo que somos e de ter consciência, quando nos conformamos, de que em troca dessa sabedoria, não recebemos elogios da vida, não nos põem no peito nenhuma condecoração por sabermos e aceitarmos que somos vaidosos ou egoístas, carecas e barrigudos - não, temos de saber que por nada disso recebemos recompensas, nem louvores. Temos de suportar, o segredo é isso. Temos de suportar o nosso carácter, o nosso temperamento, já que os seus defeitos, egoísmos e avidez, não os mudam nem a experiência, nem a compreensão. Temos de suportar que os nossos desejos não tenham plena repercussão no mundo. Temos de suportar que as pessoas que amamos, não nos amem, ou que não nos amem como gostaríamos. Temos de suportar a traição e a infidelidade, e o que é mais difícil entre todas as tarefas humanas, temos de suportar a superioridade moral ou intelectual de uma outra pessoa.

Sándor Márai, in 'As Velas Ardem Até ao Fim'


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ouvir Mahler e partir em viagem sem destino...

Gustav Malher teve uma vida difícil, a nível pessoal e profissional. Foi perseguido por ser judeu, e o seu trabalho como maestro e compositor foram afectados pelas perseguições anti- semitas. Como compositor, 
(nove sinfonias e um andamento da que seria a Décima), só a quarta teve alguma aceitação, mas o reconhecimento só chegou depois da Oitava, um ano antes da sua morte.
Hoje é considerado um compositor excepcional!




sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ARTE


Sou sensível à arte em todas as suas variantes, em todas as suas manifestações e formas de expressão. Brechet dizia  que: «Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver».
Segundo Fernando Pessoa: «A arte baseia-se na vida, porém não como matéria mas como forma. Sendo a arte um produto directo do pensamento, é do pensamento que se serve como matéria; a forma vai buscá-la à vida. A obra de arte é um pensamento tornado vida: um desejo realizado de si-mesmo. Como realizado tem que usar a forma da vida, que é essencialmente a realização; como realizado em si-mesmo tem que tirar de si a matéria em que realiza». 
Tive um professor de Estética, que dizia, que todos os dias o homem cria e, a arte pode ser encontrada nas mais pequenas coisas do dia a dia, há um poder criativo constante no homem, não só para  contemplação e assimilação, como também na invenção para melhorar a sua vida, mas o número incalculável de obras criadas, não passam de objectos, há outros que se tornam distinguíveis, fruto de um aprofundamento da alma e que despidos de utilidade prática, provocam e questionam, despertam e agudizam os sentidos. Um objecto de arte para mim, além de existir para ser apreciado é essencialmente para ser sentido.
Difícil em todas as variantes artísticas distinguir algo superlativo, há tanto felizmente para ser distinguido! Vou referenciar um pintor, que me emociona bastante, porque vejo nos seus quadros, estados de alma. Ele é Vincent van Gogh, com uma vida marcada por fracassos a todos os níveis. Os seus belíssimos quadros, onde transborda a sua essência, foram rejeitados, apenas vendeu um quadro em vida. Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstraccionismo.




quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FLY LONDON


Muito interessante! Os consumidores de marcas pensam que  a famosa FLY LONDON é uma marca de sapatos estrangeira! A fábrica tem sede em Guimarães, o seu criador é Fortunato Frederico, que aos 14 anos começou a varrer o chão numa fábrica de calçado e hoje com 69 anos é o dono de uma das marcas mais vendidas no mundo.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

PASSA-SE A VIDA TEMENDO OU DESEJANDO A MORTE

A morte pode dar ensejo a dois sentimentos opostos: ou fazer pensar que morrer é tornar-se o mais vulnerável dos seres, sem defesa contra o desconhecido; ou que é tornar-se invulnerável e afastado de todos os males possíveis. Em quase todos, esses dois sentimentos existem e alternam-se. Passa-se a vida temendo ou desejando a morte.

Paul Valéry
(1871 // 1945)
, in 'Pensamentos Maus e Outros'

domingo, 11 de dezembro de 2011

PINTURAS QUE APRECIO


RONDA DA NOITE - REMBRANDT

LIBERDADE GUIANDO O POVO - DELACROIX

A ILHA DOS MORTOS - BÖCKLIN

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A FLAUTA MÁGICA - MOZART


A Flauta Mágica foi produzida no séc. XVIII, período histórico em que a linha de pensamento do homem sofria uma mudança radical através do Iluminismo, ideologia que defendia o fim das superstições medievais cultivadas pela Igreja durante a Idade Média e a valorização de uma visão de mundo racional, em que a sabedoria aparece como única possibilidade de justiça e igualdade entre os homens, o que imediatamente coloca em xeque as relações de poder e subordinação da sociedade da época e a legitimidade dos aristocratas e das tiranias.
Nesse contexto, A Flauta Mágica apresenta-se como uma ópera de formação e como uma alegoria para as provações pelas quais o homem precisa de passar para sair das trevas do pensamento medieval em direcção da luz iluminista. Assim, as principais personagens Tamino e Pamina enfrentam os obstáculos impostos pelos membros do Templo da Sabedoria para juntos, no final da ópera, encontrarem a realização plena e a união ideal.
Na sua jornada, o casal conta com a ajuda de Sarastro, soberano que simboliza o homem racional que detém o poder por sua sabedoria – não pela força – e que é capaz de ser sempre justo com qualquer cidadão que busque seus conselhos. Sarastro não é a resposta para a sabedoria, mas o caminho para se chegar até ela, ao guiar o homem na sua jornada pessoal em busca da autonomia e liberdade de pensamento. Nesse sentido o personagem entra em contraste directo com a Rainha da Noite, a vilã da história que figura como tudo aquilo condenado pelo Iluminismo: a superstição, a irracionalidade, a aristocracia, a tirania e a subordinação tanto social quanto intelectual, ao ditar tudo o que seus inferiores devem ou não pensar e fazer.
A ópera também apresenta influência dos ideais da sociedade maçónica – da qual se sabe que Mozart fazia parte –, principalmente no que diz respeito ao ritual de iniciação pela qual passam Tamino e Pamina, composto de diversas provas (tal qual o ritual de iniciação maçónico) que testam o amor e a persistência do casal, recebido sob as bênçãos de toda a fraternidade do Templo da Sabedoria no final da história.



Sebastiao Salgado


O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado é um dos repórteres fotográficos contemporâneos mais respeitados no mundo. Salgado, foi nomeado Representante Especial da Unicef e dedicou-se a fotografar as vidas dos deserdados do mundo. Esse trabalho está documentado em 10 livros e muitas exposições que lhe valeram a maioria dos prémios de fotografia em todo o mundo.
"Desejo que cada pessoa que entra numa das minhas exposições seja, ao sair, uma pessoa diferente.", comenta Sebastião Salgado. "Creio que toda a gente pode ajudar, não necessariamente dando bem materiais, mas também tomando parte do debate e preocupando-se pelo que sucede no mundo."



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O AMOR NATURAL (do livro: O Amor Natural. autor: Carlos Drummond de Andrade)


Guardados durante anos, os poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade estão reunidos na coletânea. O Amor Natural é uma obra inquietante, pois revela uma face nova, mais despojada, porém extremamente fascinante, do poeta. São textos repletos de vida e sensualidade, desbravando o corpo enquanto busca, na fluidez e sensualidade da linguagem, a própria nudez da alma.
Quase todos os poemas encontrados são inéditos, o autor optou por guardá-los em segredo, confiando a seus herdeiros a tarefa de publicá-los após sua morte.
Embora o senso de humor e a leveza — traços marcantes do estilo do autor — estejam presentes em toda a obra, o elemento mais forte é, sem dúvida, a paixão e a sensualidade.

O CHÃO É CAMA 

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.
E para repousar do amor, vamos à cama.

A LÍNGUA LAMBE

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.


 BUNDAMEL BUNDALIS
BUNDACOR BUNDAMOR

Bundamel bundalis bundacor bundamor
bundalei bundalor bundanil bundapão
bunda de mil versões, pluribunda unibunda
bunda em flor, bunda em al
bunda lunar e sol
bundarrabil
Bunda maga e plural, bunda além do irreal
arquibunda selada em pauta de hermetismo
opalescente bun
incandescente bun
meigo favo escondido em tufos tenebrosos
a que não chega o enxofre da lascívia
e onde
a global palidez de zonas hiperbóreas
concentra a música incessante
do girabundo cósmico.
Bundaril bundilim bunda mais do que bunda
bunda mutante/renovante
que ao número acrescenta uma nova harmonia.
Vai seguindo e cantando e envolvendo de espasmo
o arco de triunfo, a ponte de suspiros
a torre de suicídio, a morte do Arpoador
bunditálix, bundífoda
bundamor bundamor bundamor bundamor.