«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

segunda-feira, 28 de março de 2011

A INVENÇÃO DA ESCRITA

Tudo começou com os chamados pictogramas, usados como «ajuda» de memória e que depois vão evoluir para representação de uma ideia ou de um som, escrita que será utilizada até ao Século I da era cristã. Foi no 4º Milénio na cidade próspera de Urk, que o grande desenvolvimento das relações comerciais, motivou o surgimento dos pictogramas e dos escribas, que aperfeiçoam pouco a pouco um sistema de sinais para anotar a natureza e a quantidade das mercadorias. Assim nasceu a escrita. Estas informações eram gravadas em placas de argila, matéria-prima em que a Mesopotâmia era rica. As gravações eram feitas com a argila húmida e mole, que depois era seca ao sol. Os mais antigos exemplares foram encontrados nos templos em Urk, datados de 3200 a.C. e também em Djemder-Nasr e Ur. Esta era uma forma de contabilidade, mas também eram narrados factos da vida comum. O desenho estilizado de uma cabeça humana significa «cabeça», duas linhas onduladas «água», um triângulo púbico com o traço da vulva designa mulher, etc. Os estudiosos consideram que estes pictogramas vêm de um sistema mais antigo de 6000 a.C. em que os agricultores do Médio Oriente usavam pequenos objectos de argila para fazer o inventário das colheitas, uma espécie de cones. Os pictogramas, são para os especialistas «suportes de memória» e vão evoluir ao longo dos séculos. Combinando vários pictogramas vão chegar à expressão de uma ideia, «ideograma». Em 3000 a. C. os geniais Sumérios conseguiram chegar ao fonetismo, usando um processo tão simples como uma brincadeira de criança: a charada. Tiveram a ideia de usar pictogramas para designar não os objectos que representavam directamente, mas outros com um nome foneticamente igual. O sistema mais flexível, tinha um vocabulário escrito de cerca de 600 caracteres, menos de um terço da antiga linguagem pictográfica. Ao mesmo tempo que a língua evoluiu, evoluem também a forma e a estilo. As primeiras placas foram gravadas em colunas verticais a partir do canto superior direito. Isto implicava que a mão esborrata-se os sinais daí a mudança para a escrita horizontal da esquerda para a direita, que se uniformizou mais tarde. Abandonam o instrumento aguçado e a partir de c. de 2 500 a.C., começam a utilizar a ponta de junco triangular que penetra facilmente na argila. Estas marcas ganham a forma de cunhas e de linhas. Mais tarde, o sistema de escrita sumério recebeu o nome de «cuneiforme». Limitada de início aos templos e palácios, a escrita cuneiforme propaga-se na sociedade suméria e depois noutras regiões. Era utilizada para registar leis, transmitir ordens, mas também tinha a sua aplicação cultural, os poetas utilizavam-ma para escrever mitos e narrativas, sendo o mais célebre a Epopeia de Gilgamesh, um rei que reinou em Uruk. A escrita nasceu quase ao mesmo tempo na Mesopotâmia e no Egipto, o poder dos escribas era muito grande, não só na administração como guardiões de mitos e intermediários entre os deuses e os homens. Os hieróglifos egípcios são «imagens divinas» reveladas pelo deus Thot. Têm poderes mágicos e são um meio de comunicar com os deuses. Na China, a escrita aparece 1 000 anos mais tarde, é o sinal e a arma do poder. No tempo dos Tang, os mandarins, funcionários imperiais, devem o seu poder ao facto de saberem escrever. A beleza formal dos caracteres é tão importante como o valor do texto. Fonte: História da Mundo, Larousse, Paris

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