«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

EU E A MINHA IRMÃ

Quando eu nasci, a nossa diferença de idade era significativa, em certas alturas do ano 10, noutras alturas 9. Em bebé devia ser a «boneca» dela. Quando me lembro da nossa vivência eu já teria 3 ou 4 e ela 13, 14…Nesta idade, tanto estávamos numa de «grande amor», como andávamos à sapatada e eu como era mais pequena tinha a condolência da mamã. Ela batia-me e eu desatava aos berros, a mamã vinha e ralhava-lhe, depois ela ficava furiosa e chamava-me parva, por fazer queixa. Embora mais velha ainda brincava com os meus brinquedos. Pela diferença de idade nunca fomos companheiras de escola. Eu dizia a brincar que ela era a minha mãe, porque achava a minha mãe muito velha! Lembro-me que quando começou a namorar, nessa altura namorava-se à entrada da porta, mas lá em casa havia uma pequena entrada, depois uma porta e depois o corredor que levava ao interior da casa, eu ia espreitar pelo buraco da fechadura, até nem me lembro de ver nada de especial! Quando ia sair com o namoro, eu ia de «pau-de-cabeleira» (não sei a proveniência deste dito), ia ao cinema, passear, ganhava uns livros infantis, sorvete, chocolates…
Quando a minha irmã casou eu tinha 13 anos e pronto saiu de casa, mas como logo desatou a ter filhos, voltamos a viver juntos. Cedo comecei a cuidar de crianças e a gostar muito de crianças. Quando a minha irmã ficou grávida do terceiro filho, deixou de trabalhar e voltamos a viver separados.
Fomos sempre bastante ligadas e éramos uma família unida, mas muito diferentes relativamente ao feitio, ela era e continua a ser uma «lady», eu brinco com ela chamando-lhe isso, mas ela não gosta nada. É uma pessoa muito senhora de si e eu sempre fui uma problemática «baldas», calças de ganga, t’shirt, blusão e muito de «ismos».
Casei bastante nova, com 19 anos, estive um tempo sem ter filhos e a «sobrinhada» andava sempre comigo e eu passava a vida em casa dela. Depois decidi ter filhos e ela deu-me uma coragem e um apoio extraordinários. Íamos muito ao cinema juntos. Foi a ver um filme de John Houston (estas coisas não se esquecem) que comecei a ter dores e ela «não te preocupes, vamos ver o filme, depois telefona-se à parteira». Toda a torcer-me lá aguentei!..Quando o filme acabou lá fomos para a Casa da Saúde, eu ela e o meu marido. Os dois assistiram ao parto e ela fazia mais força do que eu!..Quando nasceu a minha filha a cena foi similar, lá estiveram os dois. Estes momentos são marcantes e ela esteve comigo.
Outras situações foram ocorrendo, agradáveis e desagradáveis, mas a realidade é que com feitios muito diferentes, sempre estivemos juntas e continuamos.

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