SONETO DO VINHO
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Tradução de Anderson Braga Horta
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Em que reino, em que tempo e sob que silenciosa
Conjunção planetária, em que secreto dia
Que o mármore não guardou, surgiu a generosa
E única inspiração de inventar a alegria?
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Ah! com Outonos de ouro a inventaram.
O vinhoVermelho e ardente flui banhando as gerações
Como o rio do tempo, e em seu árduo caminho
Seu cântico nos doa, e seu fogo e seus leões.
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Na jubilosa noite e na jornada adversa
Ele exalta a alegria ou suaviza o espanto.
E o ditirambo que hoje, efusivo, lhe canto
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Disse-o o árabe uma vez, cantou-o outrora o persa.
Vinho, ensina-me a ver a minha própria história
Como se fora já cinza e pó na memória.
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A CHUVA
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A tarde bruscamente se aclarou,
porque já cai a chuva minuciosa.
Cai e caiu. A chuva é só uma coisa
que o passado por certo frequentou.
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Quem a escuta cair já recobrou
o tempo em que a fortuna venturosa
uma flor lhe mostrou chamada rosa
e a cor bizarra do que cor tomou.
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Esta chuva que treme sobre os vidros
alegrará nuns arrabaldes idos
as negras uvas de uma parra em horto
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que não existe mais. A humedecida
tarde me traz a voz, a voz querida
de meu pai que retorna e não é morto.
A CHUVA
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A tarde bruscamente se aclarou,
porque já cai a chuva minuciosa.
Cai e caiu. A chuva é só uma coisa
que o passado por certo frequentou.
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Quem a escuta cair já recobrou
o tempo em que a fortuna venturosa
uma flor lhe mostrou chamada rosa
e a cor bizarra do que cor tomou.
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Esta chuva que treme sobre os vidros
alegrará nuns arrabaldes idos
as negras uvas de uma parra em horto
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que não existe mais. A humedecida
tarde me traz a voz, a voz querida
de meu pai que retorna e não é morto.
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