«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quinta-feira, 16 de junho de 2011

CARÊNCIA DE ATENÇÃO...

Fot.google

À medida que ia andando não me sentia tão sozinho e na realidade não estava. Um rafeiro cheio de fome seguia-me. A pobre criatura estava horrivelmente magra; conseguiam-se ver as costelas espetadas na pele. A maior parte do pelo tinha caído. O cão estava maltratado, estafado, abandonado, cheio de medo, uma vítima do Homo Sapiens.

Parei e ajoelhei-me, estiquei a mão. Ele recuou.

-Anda cá pequenito, sou amigo…anda cá, toma…

Ele aproximou-se. Tinha uns olhos muito tristes.

-O que te fizeram pequenito?

Aproximou-se mais, rastejando ao longo do passeio, a tremer, a abanar muito rápido a cauda. Depois chegou-se a mim, saltando. Caí no chão, lambeu-me a cara, a boca, as orelhas, a testa, tudo! Afastei-o e pus-me em pé e limpei a cara.

-Tem calma, precisas de comer!

-dei-lhe um bocado da minha sande.

Aproximou-se, cheirou e comeu!

Aproximei-me para lhe fazer uma festa, rosnou desconfiado e depois desapareceu.

Não admira que eu tenha andado sempre deprimido. Nunca recebi a atenção que queria.

Ham On Rye - Pão Com Fiambre, Charles Bukowski,

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