«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

terça-feira, 10 de novembro de 2009

ESTADO DE GUERRA


The Hurt Locker (Estado de Guerra, Kathryn Bigelow, 2008) é um excelente filme de acção realista que transporta o espectador directamente para as solas dos militares no caos da guerra do Iraque. Concordo com a hipótese de James Cameron a qual advoga que o filme vai tornar-se num clássico de guerra, como aconteceu com o filme Platoon (Oliver Stone, 1986) em relação ao conflito no Vietname. Kathryn Bigelow acompanha, através de câmaras ocultas no “cenário” criado, o movimento dos actores que representam uma equipa de militares de elite a trabalhar em Bagdad e arredores. Estes senhores da guerra trabalham em conjunto, num terreno cheio de ratoeiras e totalmente hostil, na tentativa de desactivarem algumas bombas e de evitarem encontros indesejados com milícias. Filmado no deserto, a cinco quilómetros da fronteira deste país, o filme apresenta de forma impiedosa este trabalho de desarmamento. As bombas podem estar em todo o lado a toda a hora. Cada objecto, cada corpo, cada pedra da calçada, pode ocultar uma explosão mortal e a adrenalina necessária para manter o serviço de desarmamento feito é uma experiência de fluxo, i. e., alheamento total em que o corpo responde de forma mecânica, sem reflexão. O trabalho torna-se desta forma uma droga e o alívio para a brutalidade da profissão faz-se notar pelo medo de perder a coragem. Sem moralismos, puro e duro. Em The Hurt Locker, Mark Boal, jornalista profissional e argumentista deste filme, escreve o enredo a partir das suas próprias experiências ao lado de soldados americanos no Iraque, como aliás já tinha feito ao redigir o argumento de “No Vale de Elah” (Paul Haggis, 2007).

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