«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

BROA DE AVINTES - UM PRODUTO CÁ DO NORTE

Todos os anos, na última semana de Agosto, Avintes celebra, desde 1988, a festa da broa. Formou-se, entretanto, uma confraria para defender o produto que se encontra em processo de certificação oficial e internacionalização.
A broa de Avintes, é um dos tipos de pão com maior tradição em Portugal e que é bastante consumido no Norte de Portugal. É claramente uma das iguarias mais apreciadas da gastronomia portuguesa.
É um pão castanho-escuro e muito denso, com um sabor distinto e intenso, agridoce, feito com farinha de milho, centeio e mel. Tem um processo de produção particularmente lento: coze cerca de cinco a seis horas no forno. Depois de cozido, é polvilhado de farinha. Tem, geralmente, o formato de uma torre sineira.
Esta iguaria tornou-se mesmo no ex-líbris da vila que lhe dá o nome e é testemunho da sua história económica e cultural. Já no século XVIII, a principal actividade económica de Avintes consistia na moagem de cereais, nos moinhos do Rio Febros. Em 1747, já tinha elevados níveis de produção, produzia cerca de 96 carros de broa por semana para consumo na região - número que já ascendiam a 300 carros no início do século XIX, dando trabalho a mais de cinquenta padeiros, que detinham o monopólio da sua produção. Durante as invasões francesas (1809), enquanto todas as outras localidades, foram devastadas nos seus meios de produção pelas tropas estrangeiras, Avintes viu-se protegida para que a broa, alimento básico do povo de Vila Nova de Gaia e do Porto, continuasse a ser produzido.
Em 1854, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, impôs a comercialização da broa a peso, medida que desagradou aos padeiros da vila, que responderam com uma greve generalizada que afectou grandemente a população de Gaia. Como consequência, a cidade teve de fazer os seus próprios fornos, de forma independente.
Hoje em dia, a broa de Avintes é produzida mesmo fora da freguesia e com materiais de origem industrial. Os antigos moinhos de Avintes deixaram de ter relevância económica, contudo, a bem da tradição, o povo de Avintes tem mantido a sua produção artesanal, o que é sobejamente apreciado pelos consumidores, que cada vez mais procuram produtos genuinamente tradicionais. Ligados à sua produção, há os chamados "segredos" que, existindo ou não, residirão com certeza, no conhecimento e experiência dos panificadores de Avintes, bem como na escolha criteriosa dos materiais utilizados. Subsistem, também, algumas superstições relacionadas com a amassadura e cozedura, envolvendo rezas, como acontece, aliás, no resto de Portugal quando se faz pão à moda antiga.
Pode também ser servida frita - por exemplo, por altura do Natal, é uma das comidas típicas em alguns lares nortenhos. É ainda utilizada como base para diversas entradas e é particularmente apreciada com presunto e com caldo verde.

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