«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

VICTOR JARA (1932-1973)


Víctor Lidio Jara Martínez, foi compositor, cantor, director de teatro e tornou-se uma referência internacional da música de protesto. Foi assassinado barbaramente em 16 de Setembro de 1973, em Santiago, nos primeiros dias de repressão, que se seguiram ao golpe de estado de Augusto Pinochet, contra o governo democraticamente eleito do presidente Salvador Allende, ocorrido em 11 de Setembro daquele mesmo ano.
Leccionava Jornalismo na Universidade do Chile, participava em reuniões com os professores da Universidade e participava assiduamente com a Unidade Popular em protestos e espectáculos beneficentes.
Era oriundo de uma família modesta, o seu pai, trabalhava na lavoura, com um rendimento exíguo e a sua mãe, Amanda, era cantora e tinha muito conhecimento da cultura popular chilena, originária do sul do país e de origem mapuche, acompanhava as suas canções à viola. Desde criança, e já com a idade de seis ou sete anos, Víctor Jara viu-se obrigado a ajudar nos trabalhos do campo. A actividade da mãe como cantora permitiu que estabelecesse o primeiro contacto com a música. Procurando melhores condições de vida a família foi para Santiago. Victor começou a estudar, mas com a morte da mãe, foi trabalhar e depois ingressou no seminário. Víctor, mais tarde, lembraria esse momento:
"Para mim foi uma decisão muito importante entrar para o seminário. Quando penso agora, da perspectiva mais dura, acho que fiz aquilo por razões íntimas e emocionais, pela solidão e o desespero de um mundo que até esse momento tinha sido sólido e perdurável, simbolizado por um lar e o amor da minha mãe. Eu já estava envolvido com a Igreja, e naquela altura procurei refúgio nela. Então pensava que esse refúgio iria guiar-me até outros valores e ajudar-me a encontrar um amor diferente e mais profundo, que porventura compensasse a ausência do amor humano. Julgava que talvez achasse esse amor na religião, dedicando-me ao sacerdócio."
Dois anos mais tarde, abandonou o seminário, por falta de vocação. A saída do seminário coincidiu com a ida para a tropa.
Depois estudou direcção de teatro e dedicou a sua vida, ao teatro, às canções e à intervenção política, tendo feito espectáculos em vários países: Holanda, França, União Soviética, Checoslováquia, Polónia, Roménia e Bulgária.
Em 1970, envolveu-se na campanha eleitoral da Unidade Popular. Em 1971, foi nomeado embaixador cultural do Governo da Unidade Popular. Viajou à URSS e a Cuba e dirigiu a Homenagem a Pablo Neruda, pela obtenção do Prémio Nobel.
Em 1973 realizou diferentes trabalhos, participando na campanha eleitoral para as eleições em prol dos candidatos da Unidade Popular.
O golpe de estado do general Augusto Pinochet contra o presidente Salvador Allende, em 11 de Setembro de 1973, surpreendeu Jara na universidade. Foi detido com outros alunos e professores e conduzido ao Estádio Chile, convertido em campo de concentração, e mantido lá durante vários dias, até ser assassinado a tiro, no dia 16 de Setembro. Jara era membro do Partido Comunista do Chile e, antes de ser preso e assassinado, integrava o Comité Central das Juventudes Comunistas do Chile.
Só em 1990 é que o Estado chileno, através da Comissão da Verdade e a Reconciliação, reconheceu que Víctor Jara tinha sido assassinado a tiro e o seu corpo tinha sido atirado para um matagal. O corpo foi depois identificado pela mulher. Em Setembro de 2003, trinta anos após o assassinato de Jara, o Estádio Chile recebeu o nome de Estádio Victor Jara, como uma forma de homenagem ao cantor e à sua família.
Além de ter encenado, bastantes peças, onde sobressai o nome do dramaturgo
, Alejandro Sieveking, tem uma vasta obra discográfica.

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