«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

DORIS LESSING (1919-)


Doris Lessing, foi oficialmente baptizada como Doris May Tayler, em Kermanshah, no Curdistão iraniano, então parte do Reino da Pérsia, onde viveu até os 6 anos de idade. Filha de Alfred Tayler e de Emily Maude Tayler, ambos cidadãos britânicos, nascidos na Inglaterra. Após a Guerra, o pai mudou-se com a família para Kermanshah, aceitando um emprego como bancário no Imperial Bank of Persia, razão pela qual Doris Lessing, ali nasceu. Em 1925, quando a comissão de serviço terminou, a família mudou-se para a colónia britânica da Rodésia do Sul (hoje o Zimbabué), onde havia adquirido terras, porque o pai pretendia ser explorador agrícola, mas não conseguiu atingir as expectativas desejadas. Doris foi educada no Escola Secundária do Convento Dominicano, uma escola confessional só para raparigas. Não gostou do ambiente e em conflito com a mãe, abandonou a escola aos 13 anos, sendo autodidacta em toda a sua formação posterior.
Com o agudizar do conflito com a mãe, abandonou a casa aos 15 anos de idade, passando a tomar conta de crianças. Por essa altura começou a ler livros de política e sociologia, que lhe eram emprestados pelos patrões e começou a escrever.
Em 1937, Doris mudou-se para Salisbúria, para trabalhar como telefonista. Casou em 1939 e teve dois filhos, mas em 1943 divorciou-se e os filhos ficaram com o pai. Após o seu divórcio, Doris foi atraída para o Left Book Club, um círculo de leitores de inspiração comunista. Aí encontrou o seu segundo marido, o alemão Gottfried Lessing, (mais tarde foi nomeado embaixador da República Democrática Alemã no Uganda, onde foi assassinado em 1979 durante a rebelião contra Idi Amin Dada). Casaram em 1945 e tiveram um filho (Peter Lessing) pouco antes do casamento ter acabado em novo divórcio, em 1949. Doris, optou por manter o apelido germânico e partiu para Londres com o filho.
Pouco depois de se fixar em Londres, Doris Lessing, publicou o seu primeiro romance, The Grass Is Singing (A Canção da Relva). No entanto o seu livro mais famoso, e que representaria o seu lançamento como escritora consagrada, foi The Golden Notebook (O Caderno Dourado), publicado em 1962.
Devido às campanhas públicas contra as armas nucleares e contra o regime do apartheid na África do Sul, Doris Lessing foi banida da África do Sul e da Rodésia, durante muitos anos.
Escreveu duas obras com o pseudónimo de Jane Somers, The Diary of a Good Neighbour e If the Old Could. Depois ambos os romances foram republicadas, com Doris Lessing, como a autora.
Doris Lessing declinou ser feita Lady, mas aceitou receber a ordem honorífica da Order of the Companions of Honour nos finais de 1999, pelo seu conspícuo serviço à nação. Foi também feita
Companion of Literature pela Royal Society of Literature.
Em 2007, Doris Lessing ganhou o Prémio Nobel da Literatura, com 87 anos de idade, ela foi a 11ª. mulher e a pessoa mais idosa a receber o prémio. Quando confrontada com a notícia de ser a galardoada de 2007, Doris Lessing disse aos repórteres, que se tinham juntado frente à sua casa: "Ganhei todos os prémios existentes na Europa, todos sem excepção, por isso estou encantada por ganhá-los todos.
ANÁLISE LITERÁRIA
Os temas abordados por Doris Lessing são diversos: tensões inter-raciais, política racial, violência contra as crianças, movimentos feministas e a exploração do espaço exterior.
A produção literária de Lessing é em geral dividida em três fases distintas, embora interrelacionadas e intercorrentes:
Temas de inspiração comunista (1944-1956), um período em que as temáticas sociais, encaradas de forma radical e sem compromisso, dominavam a sua produção literária. Embora de forma diferente, retornou a esta temática com a sua obra, The Good Terrorist (1985);
Temas de análise psicológica (1956-1969), intimistas e de carácter quase autobiográfico;
Temas de inspiração sufista (1970-2000), explorados num ambiente de ficção científica enquadrado pela série Canopus.
Quando inquirida sobre qual dos seus livros considerava mais importante, Doris Lessing escolheu a série de ficção científica, intitulada, Canopus in Argos. A entrada de Lessing no campo da ficção científica, não caiu bem entre muitos críticos literários.
Além do Prémio Nobel, Doris Lessing, recebeu uma quantidade grande de prémios e homenagens. A crítica literária em geral recebeu a concessão do Prémio Nobel de Literatura a Doris Lessing, com surpresa e cepticismo, devido a que não aparecia entre os cotados para o galardão de 2007, apesar de ser uma eterna candidata. O crítico literário americano, Harold Bloom definiu a decisão da Academia Sueca como "politicamente correcta". "Ainda que a senhora Lessing no começo de sua carreira tenha tido algumas qualidades admiráveis, penso que seu trabalho nos últimos 15 anos é um tijolo... ficção científica de quarta categoria."

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