«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

GENEVIÉVE FRAISSE

Filósofa francesa que foi convidada pela Universidade Católica, para participar no Colóquio: «OLHARES SOBRE A MULHER E O FEMININO NO CENTENÁRIO DE SIMONE DE BEAUVOIR».
Afirmou que a igualdade de facto só se alcançará por imposição, alerta para os perigos de regressão nos direitos das mulheres, nomeadamente no mundo do trabalho, que se reflecte sobre a liberdade e o consentimento, temas centrais no debate actual sobre os direitos das mulheres.
«A igualdade não é uma coisa que nasce espontaneamente, por isso é preciso fazer leis para a forçar. «Igualdade só à força» é o meu slogan».
GRANDES QUESTÕES DOS DIREITOS DAS MULHERES
«São os direitos que podem regredir. Se pensarmos na família, na educação, na cidadania, verificamos que os direitos das mulheres foram alcançados, enfim, dois séculos após a revolução francesa. E conquistamos o direito a decidir sobre o nosso corpo, com a contracepção, o aborto, a possibilidade de denunciar a violência. Muito foi conseguido, mas devido à evolução actual da sociedade, há campos em que assistimos a graves regressões, sobretudo no plano económico. (Salários das mulheres 25 por cento inferiores aos homens)».
Para Fraisse, a estrutura antropológica da desigualdade permanece. É necessário que a mulher possa contribuir para que o mundo seja misto, não um mundo de valores femininos, contra valores masculinos. «Penso que esta «mixidade» não está ganha nos lugares de poder. Descobri que o mundo intelectual é mais machista que o mundo político, todos os espaços simbólicos, em França, permanecem na mão dos homens. A televisão é terrivelmente masculina, não vi nenhuma mulher a falar da crise financeira».
Na questão da religião Fraisse considera, que nenhuma religião nem cristã, nem muçulmana, nem judaica, pensou a questão da diferença de sexos, nenhuma pensou na igualdade.
«Os homens e as mulheres estão juntos desde a origem da vida, partilham espaços, não podem ser separados. Por isso a «mixidade» é uma condição de igualdade e de liberdade. O poder político começa a ser partilhado, com a lei da paridade, o poder doméstico também com a lei de apoio à paternidade, mas o poder económico continua completamente masculino. Paridade quer dizer a partilha do espaço do poder, não quer dizer igualdade».
«A maternidade é também um poder, evidentemente que seria positivo, que depois do nascimento, a partilha da maternidade e da paternidade fosse igual. Hoje já se pode colocar a questão da maternidade fora do corpo feminino e isto deve ser uma questão de reflexão. Eu tive um grande prazer na mina maternidade, não gostaria nada que os meus filhos fossem gerados fora do meu corpo, mas daqui por algumas gerações a desnaturalização da maternidade, pode acontecer. Isso provocará uma ruptura epismológica. Da mesma maneira, que no século XIX, foi descoberta um papel igual dos dois sexos no processo da fecundação e da hereditariedade e a contracepção no século XX, que revolucionou a vida das mulheres. A possibilidade de escolher o momento em que temos os filhos e quantos temos foi um grande passo para a emancipação da mulher. A ciência provoca rupturas e a próxima será a maternidade exterior ao ventre feminino.»

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