«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

MANUEL DE OLIVEIRA -HC-UPP



Manuel Cândido Pinto de Oliveira (Porto, 11 de Dezembro de 1908) é um cineasta português, que actualmente (2008) é o realizador activo mais idoso do mundo, com trinta e duas longas-metragens. Muito nestes últimos dias se tem falado dos 100 anos deste realizador, mas será que a sua obra é realmente admirada?
Da biografia, quem se interessa já sabe as vidas de Manuel de Oliveira.
Era filho de um industrial e teve possibilidades de divergir e quando necessário convergir nos negócios da família.
Dedicou-se ao atletismo, ao automobilismo e à vida boémia. Aos vinte anos ingressou na escola de actores de Rino Lupo, cineasta italiano radicado no Porto, um dos pioneiros do cinema português de ficção.
Em 1931 faz a sua primeira curta metragem sobre a actividade fluvial na Ribeira do Douro: Douro, Faina Fluvial . O filme suscitou a admiração da crítica estrangeira e o desagrado do público nacional.
Adquiriu entretanto alguma formação técnica nos estúdios alemães da Kodak e, mantendo o gosto pela representação, participou como actor no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo. Só mais tarde, em 1942, se aventuraria na ficção como realizador: Aniki-Bobó, um enternecedor retrato da infância no cru ambiente neo-realista da Ribeira do Porto. O filme foi um fracasso comercial e só com o tempo iria dar que falar. Oliveira decidiu, talvez por isso, abandonar outros projectos de filmes e envolveu-se nos negócios da família. Não perdeu porém a paixão pelo cinema e em 1956 voltou, com O Pintor e a Cidade.
Em 1963, O Acto da Primavera, marcou uma nova fase do seu percurso. Os documentário: O Acto da Primavera e A Caça, são obras marcantes na carreira de Manuel de Oliveira. O primeiro filme é representativo enquanto incursão no documentário, trabalhado com técnicas de encenação, o segundo como ficção pura em que a encenação não se esquiva ao gosto do documentário.
A obra cinematográfica de Manuel de Oliveira, até então interrompida por pausas e projectos não realizados, só a partir da sua futura longa metragem (O Passado e o Presente- 1971) prosseguiria sem quebras nem sobressaltos, por uns trinta anos, até ao final do século. A teatralidade imanente de O Acto da Primavera, contaminando esta sua segunda ficção, afirmar-se-ia como estilo pessoal, como forma de expressão que Oliveira achou por bem explorar nos seus filmes seguintes, apoiado por reflexões teóricas de amigos e conhecidos comentadores.
A tetralogia dos amores frustrados seria o palco por excelência de toda essa longa experimentação. O palco seria o plateau, em que o filme falado, em «indizíveis» tiradas teatrais, se tornariam a alma de um cinema puro só por ter o teatro como referência, como origem e fundamento. Eram assim ditos os amores, ditos eram os seus motivos e ditos ficaram os argumentos de quem nisso viu toda a originalidade do mestre invicto: dito e escrito, com muito peso, sem nenhuma emoção, mas sempre com muito sentimento.
Manuel de Oliveira insiste em dizer que só cria filmes pelo gozo de os fazer, independente da reacção dos críticos. Apesar dos múltiplos condecorações em festivais tais como o Festival de Cannes, Festival de Veneza, Festival de Montreal e outros bem conhecidos, leva uma vida retirada, longe das luzes da ribalta e o público português põe as suas reservas aos planos extensivos e à longa extensão também dos seus filmes, que requerem paciência e motivam tédio.
Tenho visto alguns dos seus filmes, nem de todos tenho gostado, mas considero que é um artista, um cineasta muito reflexivo, um homem de gosto com grande sensibilidade à pintura e à música.
Longas-metragens
2009 - Singularidades de uma Rapariga Loura (em rodagem)
2007 - Cristóvão Colombo – O Enigma

2006 -
Belle Toujours

2005 -
Espelho Mágico

2004 -
O Quinto Império - Ontem Como Hoje
2003 -
Um Filme Falado

2002 -
O Princípio da Incerteza

2001 -
Vou para Casa

2000 - Palavra e Utopia

1999 - A Carta
1998 - Inquietude
1997 - Viagem ao Princípio do Mundo
1996 - Party
1995 - O Convento
1994 - A Caixa
1993 - Vale Abraão
1992 - O Dia do Desespero
1991 - A Divina Comédia
1990 - Non, ou a Vã Glória de Mandar
1988 - Os Canibais
1986 - O Meu Caso
1985 - Le Soulier de Satin
1981 - Francisca
1979 - Amor de Perdição
1974 - Benilde ou a Virgem Mãe
1972 - O Passado e o Presente
1963 - Acto da Primavera
1942 - Aniki-Bobó

Curtas e médias metragens

2001 - Porto da Minha Infância
1985 - Simpósio Internacional de Escultura em Pedra - Porto
1983 - Lisboa Cultural
1983 - Nice - a propos de Jean Vigo
1982 - Visita ou Memórias e Confissões
1966 - O Pão (documentário)
1965 - As Pinturas do meu irmão Júlio(documentário)
1964 - A Caça
1956 - O Pintor e a Cidade
1941 - Famalicão (filme)
1938 - Já se Fabricam Automóveis em Portugal
1938 - Miramar, Praia das Rosas
1932 - Estátuas de Lisboa
1931 - Douro, Faina Fluvial
O assento de baptismo (nº 147/1909, Cedofeita, Porto) refere 12 de Dezembro como data de nascimento, mas o próprio Oliveira afirma ter nascido a 11 de Dezembro.

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