«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

domingo, 15 de março de 2009

DANIEL FILIPE (1925-1964)


Daniel Damásio Ascensão Filipe, nasceu na ilha da Boavista, em Cabo Verde. Ainda criança, veio para Portugal, onde fez os estudos liceais. Jornalista e poeta, foi colaborador nas revistas Seara Nova e Távola Redonda, entre outras publicações literárias. Foi também co -director dos cadernos «Notícias do Bloqueio. Realizou na então Emissora Nacional, o programa literário, «Voz do Império». Combateu a ditadura Salazarista, sendo perseguido e torturado pela PIDE. Num curto espaço de tempo, a sua poesia evoluiu desde a temática africana, aos valores neo-realistas e a um intimismo original, que versa o indivíduo e a cidade, o amor e a solidão. Faleceu em 1964 em Cabo Verde.

Publicou: Missiva, Marinheiro em Terra, O Viageiro Solitário, Recado para a Amiga Distante, A Ilha e a Solidão (Prémio Camilo Pessanha), o romance O Manuscrito na Garrafa, A Invenção do Amor e outros poemas e Pátria, Lugar de Exílio.
O amor e a solidão, o indivíduo e a cidade recortam-se nos seus versos com acentos originais, fluentes e por vezes inesquecíveis.
DESNECESSÁRIA EXPLICAÇÃO
Que importa a melodia,
se acaso aos outros dou,
com pálida alegria,
o pouco que me sou?
Que importa ao que me sabe
estar só no meu caminho,
se dentro de mim cabe
a glória de ir sozinho?
Que importa a vã ternura
das horas magoadas,
se ao meu redor perdura
o eco das passadas?
Que importa a solidão
e o não saber onde ir,
se tudo, ao coração,
nos fala de partir?
[HÁ UNS ANOS LI O SEU LIVRO: A INVENÇÃO DO AMOR E OUTROS POEMAS, QUE ME DEIXOU BASTANTE «ILUMINADA»]

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