Há pouco tempo estive na terra onde nasceu o poeta Eugénio de Andrade e fiz aqui referência, é natural também que já tivesse escrito no blogue sobre este poeta, que é dos meus preferidos e que tive o gosto de conhecer pessoalmente e ouvir num dos seus recitais. Assisti também à homenagem que lhe foi feita na Biblioteca Almeida Garrett, dos seus oitenta anos de vida, encontrando-se nessa altura já hospitalizado. Foi um acontecimento vivido com grande emoção. Além disso assisti a vários recitais na Fundação Eugénio de Andrade.
A vida de Eugénio começou na Póvoa da Atalaia, filho de mãe solteira e não reconhecido pelo pai. Aos dez anos foi para Lisboa, onde estudou. Depois foi para Coimbra, fez o serviço militar e tornou-se funcionário público (Inspector Administrativo do Ministério da Saúde) durante 35 anos. Uma transferência de serviço motivou que se radicasse no Porto, onde veio a morrer em 2005.
O seu reconhecimento aconteceu em 1948 com o livro de poemas, As Mãos e os Frutos , seguindo-se dezenas de obras, Os amantes sem dinheiro, As palavras interditas, Escrita da Terra, Matéria Solar, Rente ao dizer, Ofício da paciência, O sal da língua e Os lugares do lume.
Em prosa, publicou Os afluentes do silêncio, Rosto precário e À sombra da memória, além das histórias infantis, História da égua branca e Aquela nuvem e as outras.
Traduziu os espanhóis, Federico Garcia Lorca, Antonio Buero Vallejo, o poeta grego clássico Safo, o poeta grego moderno Yannis Ritsos, o francês René Char e o argentino Jorge Luís Borges.
O poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny, José Luís Cano, Ángel Crespo, Luís Cernuda, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros.
Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas, com «essa debilidade do coração que é a amizade».
Recebeu um sem número de distinções, entre as quais: o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989), o Prémio Camões (2001) e o Prémio Pen Clube Português.
domingo, 29 de março de 2009
EUGÉNIO DE ANDRADE (1923-2005)
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