VENDO A MORTE
Em tudo vejo a morte!
Em tudo vejo a morte!
E, assim, ao ver
Que a vida já vem morta cruelmente
Logo ao surgir, começo a compreender
Como a vida se vive inutilmente…
Debalde (como um náufrago que sente,
Vendo a morte, mais fúria de viver)
Estendo os olhos mais avidamente
E as mãos pra a vida… e ponho-me a morrer.
A morte! sempre a morte! em tudo a vejo,
Tudo ma lembra! E invade-me o desejo
De viver toda a vida que perdi…
E não me assusta a morte!
Só me assusta
Ter tido tanta fé na vida injusta…
E não saber sequer pra que a vivi!
Manuel Laranjeira, nasceu em Santa Maria da Feira, oriundo de uma família modesta e foi graças à herança recebida de um tio brasileiro, que Manuel Laranjeira prosseguiu os estudos secundários. É desta época (1898) a publicação de, Os Filósofos.
Dedicou-se desde novo à poesia e ao teatro, colaborando em diversas publicações periódicas, como a Revista Nova, A Arte, A Voz Pública e O Norte, assinando crónicas sobre temas tão diversos como política, crítica social, religião, literatura, artes, medicina, filosofia e educação.
Em 1898, fixou residência em Espinho e matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, iniciando o curso superior de Medicina. Escreveu o prólogo dramático, Amanhã.
Formado em Medicina, desenvolveu intervenções de natureza social e política. Politicamente fez parte da Comissão de Propaganda do Centro Democrático de Espinho e socialmente escreveu polémicas crónicas na imprensa, contra os ricos portugueses vindos do Brasil e contra os doutores da Escola Médica do Porto, que criticou acerrimamente. Escreveu o drama, Às Feras e fez umas conferências sobre biologia. A sua tese de doutoramento versava, A doença da Santidade - com a qual obteve 19 valores. Viajou entretanto até Madrid e mostrou interesse em fixar-se em Paris, onde se encontrava o pintor e amigo Amadeo de Souza-Cardoso.
Em 1908, conheceu Miguel de Unamuno em Espinho e depois trocaram correspondência. É vasta a correspondência de Manuel Laranjeira com Unamuno, João de Barros, António Patrício, Afonso Lopes Vieira, Teixeira de Pascoaes, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Amadeo de Souza-Cardoso, entre outros.
Ainda novo, sentindo os efeitos da doença (uma sífilis nervosa) e desiludido com a inépcia dos políticos e com a falta de incentivos culturais no quotidiano nacional, tinha crises depressivas, oscilando a sua vida entre o prazer e uma profunda tristeza e tédio. Muitos destes sentimentos moldaram o seu carácter, que se reflecte no que escreveu. Este problema acentuou-se progressivamente e as crises de depressão agravaram-se. No final da tarde do dia 22 de Fevereiro de 1912, estando já acamado, deprimido e desesperado com a doença, suicidou-se com um tiro na cabeça.Dotado de um saber enciclopédico e de uma vasta cultura literária e artística (conhecia pelo menos cinco línguas, o que lhe permitia ler no original os escritos que moldavam os espíritos do século XIX), Laranjeira possuía ainda um espírito mordaz e contundente, o que o levou a intervir na vida do nosso país, assumindo-se como um espírito permanentemente insatisfeito, com a pequenês da sociedade e da cultura que o rodeava.
Manuel Laranjeira, nasceu em Santa Maria da Feira, oriundo de uma família modesta e foi graças à herança recebida de um tio brasileiro, que Manuel Laranjeira prosseguiu os estudos secundários. É desta época (1898) a publicação de, Os Filósofos.
Dedicou-se desde novo à poesia e ao teatro, colaborando em diversas publicações periódicas, como a Revista Nova, A Arte, A Voz Pública e O Norte, assinando crónicas sobre temas tão diversos como política, crítica social, religião, literatura, artes, medicina, filosofia e educação.
Em 1898, fixou residência em Espinho e matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, iniciando o curso superior de Medicina. Escreveu o prólogo dramático, Amanhã.
Formado em Medicina, desenvolveu intervenções de natureza social e política. Politicamente fez parte da Comissão de Propaganda do Centro Democrático de Espinho e socialmente escreveu polémicas crónicas na imprensa, contra os ricos portugueses vindos do Brasil e contra os doutores da Escola Médica do Porto, que criticou acerrimamente. Escreveu o drama, Às Feras e fez umas conferências sobre biologia. A sua tese de doutoramento versava, A doença da Santidade - com a qual obteve 19 valores. Viajou entretanto até Madrid e mostrou interesse em fixar-se em Paris, onde se encontrava o pintor e amigo Amadeo de Souza-Cardoso.
Em 1908, conheceu Miguel de Unamuno em Espinho e depois trocaram correspondência. É vasta a correspondência de Manuel Laranjeira com Unamuno, João de Barros, António Patrício, Afonso Lopes Vieira, Teixeira de Pascoaes, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Amadeo de Souza-Cardoso, entre outros.
Ainda novo, sentindo os efeitos da doença (uma sífilis nervosa) e desiludido com a inépcia dos políticos e com a falta de incentivos culturais no quotidiano nacional, tinha crises depressivas, oscilando a sua vida entre o prazer e uma profunda tristeza e tédio. Muitos destes sentimentos moldaram o seu carácter, que se reflecte no que escreveu. Este problema acentuou-se progressivamente e as crises de depressão agravaram-se. No final da tarde do dia 22 de Fevereiro de 1912, estando já acamado, deprimido e desesperado com a doença, suicidou-se com um tiro na cabeça.Dotado de um saber enciclopédico e de uma vasta cultura literária e artística (conhecia pelo menos cinco línguas, o que lhe permitia ler no original os escritos que moldavam os espíritos do século XIX), Laranjeira possuía ainda um espírito mordaz e contundente, o que o levou a intervir na vida do nosso país, assumindo-se como um espírito permanentemente insatisfeito, com a pequenês da sociedade e da cultura que o rodeava.
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