«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

segunda-feira, 9 de março de 2009

MIRCEA ELIADE (1907-1986)

Mircea Eliade foi um historiador e romancista romeno, naturalizado norte-americano. É um dos mais importantes e influentes historiadores e filósofo das religiões contemporâneos.
De família cristã ortodoxa, desde jovem tornou-se poliglota, aprendendo italiano, inglês, francês, alemão e mais tarde hebraico, sânscrito e o pársi.Interessou-se por antropologia, biologia e química. Lia muito e aumentou o tempo de leitura diminuindo as horas de sono, para apenas cinco a seis por noite.
O grande interesse em religiões comparadas, filosofia e filologia, levou-o, a formar-se em Filosofia na Universidade Romena. Foi nessa altura, que se envolveu com a extrema-direita, na guerra civil romena. A tese de mestrado de Eliade versava a filosofia da Renascença italiana e o Humanismo na Renascença. Isso influenciou a sua ida à Índia, para estudar as filosofias do sudeste asiático.Eliade teve um grande mestre, Surendranath Dasgupta, mas a relação com Dasgupta deteriorou-se quando se apaixonou pela filha , Maitreya. Retornou a Bucareste e a sua tese de doutoramento de filosofia, foi sobre o Yoga, um ensaio sobre a origem do misticismo indiano. Tornou-se assistente de Ionescu e participou activamente de um grupo de Crítica, que fazia seminários públicos sobre diversos tópicos.
Durante a II Guerra Mundial, Eliade trabalhou nas delegações romenas, como adido cultural de imprensa em Portugal e no Reino Unido. Após a Guerra, Eliade foi incapaz de voltar para a Roménia recém-comunista, pelas ligações com a ala direita de Ionescu. Mudou-se para Paris, dando aulas numa importante escola de mitologia comparativa e na École des Hautes Études, em Sorbonne, onde ensinava religião comparada. A partir de então, Eliade adquiriu renome como professor de História das Religiões, tendo leccionado na Universidade de Bucareste, no Instituto do Extremo Oriente de Roma, no Instituto Jung de Zurique e na Universidade de Chicago. Foi também, Doutor Honoris Causa de numerosas universidades de todo o mundo. Em 1977 a Academia Francesa, deu-lhe a Legião de Honra.
Quando Eliade esteve em Portugal, interessou-se pelos clássicos, como Sá de Miranda, Camões e Eça de Queiroz, organizou tertúlias e empenhou-se em estabelecer elos mais fortes, entre os latinos do ocidente e do oriente, impulsionando traduções, conferências e concertos. Em Portugal, escreveu «Os Romenos, Latinos do Oriente» e «Salazar e a Revolução Portuguesa», livro em que defendia que o general Ion Antonescu, no poder em Bucareste, poder-se-ia inspirar no regime português, para criar um Estado autoritário, mas não totalitário. A obra não agradou a Salazar, pela «heterodoxia» da interpretação, o que levou a que o livro não fosse traduzido para a língua portuguesa. Depois disto ficou sem efeito um livro que tencionava escrever, que teria o título: «Camões - Ensaio de Filosofia da Cultura» e versaria sobre um tema que o fascinava - as civilizações marítimas. Mircea Eliade foi crítico, embora não hostil contra Portugal, país que considerava periférico, um pouco à margem da história e da cultura.
Posteriormente, estabeleceu-se em Paris e finalmente, em Chicago, onde foi nomeado para chefiar o Departamento de Religião da Universidade e onde esteve até à morte, ocorrida em 1986.


PENSAMENTO – Embora o seu foco de investigações, se situe na historia das religiões, Eliade nunca se afastou da formação intelectual de filósofo, mesmo que ele nunca tenha sido um filósofo propriamente dito. Existem radicais desacordos sobre o seu pensamento. Alguns consideram-no crucial para os estudos das religiões, outros consideram-no um obscurantista, cujas propostas normativas são inaceitáveis.
O pensamento de Eliade tinha, uma afinidade com as preocupações esotéricas do Fascismo. Interessou-se pelo movimento fascista, por causa de seu carácter místico - temas preferidos de investigação de Eliade durante as actividades políticas, características que mais atraíram Eliade ao Fascismo.


COSMOS E HISTÓRIA
No livro, O mito do eterno retorno, Eliade cria a distinção entre a humanidade religiosa e não-religiosa, com base na percepção do tempo como heterogénio e homogéneo respectivamente. Eliade defendia que a percepção do tempo como homogéneo, linear e irrepetível, é uma forma moderna de não-religião da humanidade. O homem arcaico ou a humanidade religiosa, entende o tempo como heterogénio, divide-o em tempo profano (linear) e tempo sagrado (cíclico e reactualizável). Por meio de mitos e rituais que permitem o acesso a este tempo sagrado, a humanidade religiosa protege-se contra o 'terror da historia' (uma condição de impotência diante os dados históricos registrados no tempo, uma forma de existência aflitiva).
No processo de estabelecimento desta distinção, Eliade considera que a humanidade não-religiosa é um fenómeno muito raro. Mitos estão ainda vivos, embora dissimulados no mundo moderna, e Eliade claramente olha a tentativa de restringir o tempo real ao tempo histórico linear, como um caminho que leva a humanidade ao desespero ou à fé cristã, como única salvação. Pois o relativismo, o existencialismo e o historicismo moderno, não foram capazes de criar mecanismos, para fazer com que a humanidade suportasse os sofrimentos causados pela consciência da "história", consciência dos "acontecimentos" sem um sentido transhistórico escatológico, cíclico ou arquetípico.
Mircea Eliade, tem uma vasta obra, sobre as temáticas referidas, sendo a principal, a religião. Mircea Eliade também escreveu alguns romances, entre eles destaco: A NOITE BENGALI , que também foi adaptado ao cinema.
[PARA QUEM GOSTE DE ESTUDAR RELIGIÕES, MIRCEA ELIADE, É INCONTORNÁVEL]

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