Tristêza
O sol do outomno, as folhas a cair,
O sol do outomno, as folhas a cair,
A minha voz baixinho soluçando,
Os meus olhos, em lagrimas,
beijando A terra, e o meu espirito a sorrir...
Eis como a minha vida vae passando
Em frente ao seu Phantasma...
E fico a ouvir Silencios da minh'alma e o resurgir
De mortos que me fôram sepultando...
E fico mudo, extatico, parado
E quasi sem sentidos, mergulhando
Na minha viva e funda intimidade...
Só a longinqua estrela em mim actua...
Sou rocha harmoniosa á luz da lua,
Petreficada esphinge de saudade...
Teixeira de Pascoaes, in 'Elegias'
Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos - Nasceu em Amarante, no seio de uma família aristocrática, era o segundo filho de João Pereira Teixeira de Vasconcelos, juiz e deputado às Cortes e de Carlota Guedes Monteiro. Foi uma criança solitária, introvertida e sensível, muito propenso à contemplação nostálgica da Natureza.
Depois de ter feito os estudos primários e parte dos secundários, foi concluir os mesmos para Coimbra, ingressando depois na Faculdade de Direito. Ao contrário da maioria dos seus camaradas, não fazia parte da boémia coimbrã, e passava o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a reflectir.
Licenciou-se e estabeleceu-se como advogado, primeiro em Amarante e depois no Porto. A seguir foi nomeado juiz substituto em Amarante, cargo que exerceu durante dois anos. Em 1913, com alívio, deu por terminada a sua carreira judicial. Sobre esta sua penosa experiência jurídica disse: Eu era um Dr. Joaquim na boca de toda a gente. Precisava de honrar o título. Entre o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tanto como o cerco de Tróia e a formatura de João de Deus. Vivi dez anos, num escritório, a lidar com almas deste mundo, o mais deste mundo que é possível — eu que nascera para outras convivências.
Sendo um proprietário abastado, não tinha necessidade de exercer nenhuma profissão, para o seu sustento e passou a residir no solar de família em São João do Gatão, perto de Amarante, com a mãe e outros membros da sua família. Dedicava-se à gestão das propriedades, à incansável contemplação da natureza e da sua amada Serra do Marão, à leitura e sobretudo à escrita. Era um eremita, um místico natural e não raras vezes foi descrito como detentor de poderes sobrenaturais.
Apesar de ser um solitário, Gatão era local de peregrinação de inúmeros intelectuais e artistas, nacionais e estrangeiros, que o iam visitar frequentemente. No final da vida, seria amigo dos poetas Eugénio de Andrade e Mário Cesariny de Vasconcelos. Este último haveria de o eleger como poeta superior a Fernando Pessoa, chegando a organizar a reedição de alguns dos textos de Pascoaes, bem como de uma antologia poética, nos anos 70 e 80.
Pascoaes morreu aos 75 anos, em Gatão, de bacilose pulmonar, alguns meses depois da morte da sua mãe, em 1952.
OBRA
Com António Sérgio e Raul Proença foi um dos líderes do chamado movimento da "Renascença Portuguesa" e lançou em 1910 no Porto, juntamente com Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão, a revista A Águia, principal órgão do movimento.
Escreveu vários livros de poesia e prosa. Eu só li poesia: As Sombras, Senhora da Noite, Marânus, Regresso ao Paraíso, Elegias, O Doido e a Morte, A Elegia do Amor, entre outros.
Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos - Nasceu em Amarante, no seio de uma família aristocrática, era o segundo filho de João Pereira Teixeira de Vasconcelos, juiz e deputado às Cortes e de Carlota Guedes Monteiro. Foi uma criança solitária, introvertida e sensível, muito propenso à contemplação nostálgica da Natureza.
Depois de ter feito os estudos primários e parte dos secundários, foi concluir os mesmos para Coimbra, ingressando depois na Faculdade de Direito. Ao contrário da maioria dos seus camaradas, não fazia parte da boémia coimbrã, e passava o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a reflectir.
Licenciou-se e estabeleceu-se como advogado, primeiro em Amarante e depois no Porto. A seguir foi nomeado juiz substituto em Amarante, cargo que exerceu durante dois anos. Em 1913, com alívio, deu por terminada a sua carreira judicial. Sobre esta sua penosa experiência jurídica disse: Eu era um Dr. Joaquim na boca de toda a gente. Precisava de honrar o título. Entre o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tanto como o cerco de Tróia e a formatura de João de Deus. Vivi dez anos, num escritório, a lidar com almas deste mundo, o mais deste mundo que é possível — eu que nascera para outras convivências.
Sendo um proprietário abastado, não tinha necessidade de exercer nenhuma profissão, para o seu sustento e passou a residir no solar de família em São João do Gatão, perto de Amarante, com a mãe e outros membros da sua família. Dedicava-se à gestão das propriedades, à incansável contemplação da natureza e da sua amada Serra do Marão, à leitura e sobretudo à escrita. Era um eremita, um místico natural e não raras vezes foi descrito como detentor de poderes sobrenaturais.
Apesar de ser um solitário, Gatão era local de peregrinação de inúmeros intelectuais e artistas, nacionais e estrangeiros, que o iam visitar frequentemente. No final da vida, seria amigo dos poetas Eugénio de Andrade e Mário Cesariny de Vasconcelos. Este último haveria de o eleger como poeta superior a Fernando Pessoa, chegando a organizar a reedição de alguns dos textos de Pascoaes, bem como de uma antologia poética, nos anos 70 e 80.
Pascoaes morreu aos 75 anos, em Gatão, de bacilose pulmonar, alguns meses depois da morte da sua mãe, em 1952.
OBRA
Com António Sérgio e Raul Proença foi um dos líderes do chamado movimento da "Renascença Portuguesa" e lançou em 1910 no Porto, juntamente com Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão, a revista A Águia, principal órgão do movimento.
Escreveu vários livros de poesia e prosa. Eu só li poesia: As Sombras, Senhora da Noite, Marânus, Regresso ao Paraíso, Elegias, O Doido e a Morte, A Elegia do Amor, entre outros.
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