«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

sexta-feira, 27 de março de 2009

MILAN KUNDERA


Depois de ter visto o filme «A Insustentável leveza do Ser», interessei-me pelo escritor Milan Kundera, que nasceu em Brno, Checoslováquia, em 1929.
A sua família, da classe-média, era bastante culta, o pai Ludvik Kundera, foi um pupilo do compositor Leoš Janáček e um importante musicólogo e pianista, cabeça da Academia Musical de Brno. Kundera aprendeu a tocar piano com o pai e posteriormente estudou musicologia. O autor completou a escola secundária em Brno. Estudou literatura e estética na Faculdade de Artes da Universidade Charles, mas por pouco tempo, depois transferiu-se para o curso de cinema da Academia de Artes Performáticas de Praga, onde realizou as suas primeiras leituras na produção de scrpits e direcção cinematográfica.
Em 1950, foi temporariamente forçado a interromper os estudos por razões políticas. Neste ano, ele e outro escritor checo - Jan Trefulka - foram expulsos do Partido Comunista por "actividades anti-partidárias". Trefulka descreveu o incidente num dos sues livros, Kundera usou o incidente como inspiração para o tema principal de seu romance, A Brincadeira. Em 1956, Kundera foi readmitido no Partido Comunista e em 1970, foi novamente expulso. Kundera, assim como outros artistas checos, como Václav Havel, envolveu-se na Primavera de Praga, de 1968. O período de liberalismo, foi destruído pela invasão do exercito do Pacto de Varsóvia. Kundera e Havel, tentaram acalmar a população e organizar um movimento reformista frente ao totalitarismo comunista da União Soviética, mas Kundera desistiu definitivamente, em 1975.
Foi viver para França, nacionalizando-se cidadão francês . Os seus romances geralmente tratam de escolhas e decepções. Nos seus livros é recorrente a crítica ao regime comunista e à posterior ocupação russa do seu país, quando foi exilado e teve a sua obra proibida na então Checoslováquia. Entre outros prémios, Milan Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra, o "Common Wealth Award" de Literatura (1981) e o "Prémio Jerusalém" (1985). A sua obra principal, "A Insustentável Leveza do Ser", teve em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direcção de Philip Kaufman, com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin no elenco. Recebeu 2 indicações para o Óscar e reconhecimento mundial.
OBRA - No seu primeiro romance, "A Brincadeira", Kundera escreve quase uma sátira, sobre a natureza do totalitarismo e do período comunista. Por força das suas críticas aos soviéticos, Kundera foi para a lista negra do partido. Após ter ido para a França, Kundera escreveu, «O Livro do Riso e do Esquecimento», uma inusitada mistura de romance, contos curtos e ensaios do próprio autor, o livro ditou o tom das suas obras pós-exílio.
No ano de 1984, Kundera escreveu, «A Insustentável Leveza do Ser», o seu trabalho mais popular. O livro é como uma grande crónica acerca da frágil natureza do destino, do amor e da liberdade humana. Mostra, como uma vida é sempre um rascunho de si mesma, como nunca é vivida por inteiro, como o amor pode ser frágil e como é impossível de se repetir. A obra foi um sucesso do público e da crítica. Em 1990 Kundera escreveu «A Imortalidade». O romance é o mais "cosmopolita" até então, sem situar o enredo dentro do universo social e político da República Checa. Possui um conteúdo explicitamente filosófico e pode-se dizer que é o início de uma segunda fase da obra do autor.
Kundera reafirma publicamente, que deseja ser entendido como um romancista em termos gerais, não um escritor político. É notório que o conteúdo político foi, a partir de «A Imortalidade», substituído pela temática filosófica. O estilo de Kundera, entrelaçando digressões e ensaios filosóficos, é grandemente inspirado em Robert Musil, Henry Fielding e no
filósofo Friedrich Nietzsche.

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