«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

sexta-feira, 13 de março de 2009

VERGÍLIO FERREIRA (1916-1996)

Nasceu em Melo - Gouveia, mas com quatro anos os seus pais emigraram para os Estados Unidos, ficando com as suas irmãs e com as tias maternas. Esta dolorosa separação é descrita em Nítido Nulo. A neve, que virá a ser um dos elementos fundamentais do seu imaginário romanesco, é o pano de fundo da infância e adolescência, passadas na zona da Serra da Estrela. Aos 10 anos, após uma peregrinação a Lurdes, entrou no seminário do Fundão, que frequentou durante seis anos. Esta vivência será o tema central de Manhã Submersa.
Em 1932, deixou o seminário e acabou o Curso Liceal na Guarda e depois frequentou a Faculdade de Letras em Coimbra. Nessa altura fazia poesia, que nunca foi publicada, a não ser alguns versos, que foram incluídos em Conta-Corrente. Em 1939, escreveu o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe. Licenciou-se em Filologia Clássica. Começou a leccionar em Faro. Publicou o ensaio "Teria Camões lido Platão?". Durante as férias em Melo escreveu "Onde Tudo Foi Morrendo". Em 1944, foi leccionar para Bragança e escreveu "Vagão "J"". A partir de certa altura dedicou-se mais á escrita e em 1992 ganhou o Prémio Camões.Vergílio Ferreira morreu em Lisboa, mas foi sepultado em Melo. É recordado, não só pelo que escreveu, mas também por um prémio literário, que tem o seu nome
O EXISTENCIALISMO - A sua obra é atravessada pela solidão, o aspecto mais profundo da condição humana e o silêncio do abandono da entidade divina. A sua voz não é pessoal, mas universal, a sua reflexão é feita para a humanidade. Os seus questionamentos manifestam-se através da visão, instrumento privilegiado de acesso ao pensamento reflexivo. As personagens de Vergílio Ferreira assumem um papel questionador, perante um mundo absurdo. Os protagonistas de Vergílio Ferreira são questionadores e problemáticos do real: uns desvinculadas ou em vias de se desvincularem da vida; outros, à procura de guia no caminho ou à espera da resposta, E se Deus não existisse?
OS DIÁRIOS- Durante treze anos (1981-1994) Vergílio Ferreira publicou nove volumes de diário, ao qual pôs o título genérico de Conta-Corrente. São documento preciosos, sobre a evolução da ideias do século XX português. Vergílio Ferreira era um homem atento a tudo aquilo que o rodeava: a político, a sociedade, o estético, o literário. O seu diário agitou, criando alguns focos de conflito e manifestações de apoio. O autor já tinha por várias vezes tentado escrever um diário, mas hesitava, este género de escrita é muito pessoal, expõe demasiado a pessoa, eram estas questões com que o escritor se debatia, mas o diário foi escrito e continuado.
Vergílio Ferreira escreveu bastantes livros: romance, ensaio e diário.
LI: Manhã Submersa, Aparição, Cântico Final, Alegria Breve, Para Sempre, Até ao Fim. Isto de facto é muito pouco.

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