«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

terça-feira, 31 de março de 2009

ULISSES E FINNEGANS WAKE DE JAMES JOYCE

ULISSES - 1922 foi um ano fundamental na história do modernismo na literatura de língua inglesa, com a publicação tanto de Ulisses, como do poema The Waste Land, de T. S. Eliot. No seu romance, Joyce utiliza-se do fluxo de consciência, da paródia, de piadas e virtualmente todas as demais técnicas literárias para apresentar os seus personagens. A acção do livro, que se desenrola em um único dia, 16 de Junho de 1904, situa os personagens e incidentes da Odisseia de Homero na Dublin moderna e representa Ulisses, Penélope e Telêmaco em Leopold Bloom, sua esposa Molly Bloom e Stephen Dedalus, cujos caracteres contrastam com seus altivos modelos, parodiando-os. O livro explora diversas áreas da vida em Dublin, estendendo-se sobre sua degradação e monotonia. Ainda assim, o livro também é um estudo afeiçoadamente detalhado sobre a cidade e Joyce afirmava que se Dublin fosse destruída por alguma catástrofe, poderia ser reconstruída tijolo por tijolo, usando como modelo a sua obra. Para atingir este nível de precisão, Joyce usou uma uma obra que listava os proprietários e/ou possuidores de cada imóvel residencial ou comercial da cidade, assim como perguntava aos amigos que ainda viviam na cidade, pedidos de informação e esclarecimentos.
O livro consiste em dezoito capítulos, cada um cobrindo aproximadamente uma hora do dia, começando por volta das 8 da manhã e terminando após as 2 da madrugada. Cada um dos dezoito capítulos tem seu próprio estilo literário. Cada um deles também se refere a um episódio específico da Odisseia de Homero e tem associado a si uma cor, arte ou ciência e órgão do corpo humano. Esta combinação de escrita caleidoscópica com uma estrutura extremamente formal e esquemática é uma das maiores contribuições do livro para o desenvolvimento da literatura modernista do século XX. Outras são uso da mitologia clássica, como a armação para a construção do livro e o foco quase obsessivo nos detalhes exteriores, em que muito da acção relevante ocorre dentro das mentes dos personagens. Ainda assim, Joyce queixou-se: "talvez eu tenha super sistematizado Ulisses," e minimizado as correspondências míticas pela eliminação dos títulos dos capítulos, emprestados a Homero.


FINNEGANS WAKE
Ao que parece, tendo terminado Ulisses, Joyce sofreu um período de bloqueio criativo. Em 1923 começou a trabalhar num texto que seria conhecido, inicialmente, como Work in Progress ("Obra em andamento") e depois Finnegans Wake. Em 1926 as duas primeiras partes do livro estavam completas. Por alguns anos, Joyce progrediu com rapidez, mas na década de 1930, desacelerou consideravelmente. Isso deveu-se a uma série de factores, incluindo a morte de seu pai, preocupação com a saúde mental de sua filha Lucia e os seus próprios problemas de saúde, incluindo a visão que ia diminuindo. Boa parte do trabalho era feito então com a ajuda de jovens admiradores, entre eles Samuel Beckett.Na festa de seus 57 anos, Joyce revelou o título final da obra e em 4 de maio o Finnegans Wake foi publicado como livro.
O método joyceano dos fluxos de consciência, alusões literárias e livres associações oníricas foi levado até o limite em Finnegans Wake, que abandonou todas as convenções de construção de enredo e personagem e é escrito numa linguagem peculiar e árdua, baseada principalmente em complexos trocadilhos de múltiplos níveis. Esta abordagem é similar à usada por Lewis Carroll em "Jabberwocky", mas muito mais extensa. Se Ulisses é um dia na vida de uma cidade, o Wake é uma noite e compartilha da lógica dos sonhos. Além do uso frequente de neologismos e arcaísmos, muito do jogo de palavras do livro enraíza-se no uso de trocadilhos multilínguas que conectam uma gama de idiomas. O papel de Beckett e de outros assistentes, era incluiu palavras de outros idiomas em cartões para Joyce usar e à medida em que a visão do autor piorava, escrever o texto, enquanto ele ditava.
A visão de história proposta neste texto sofreu a influência muito forte de Giambattista Vico, e a metafísica de Giordano Bruno, é importante para as inter relações dos "personagens". Vico propunha uma visão cíclica da história, na qual a civilização se erguia do caos, passava por fases teocráticas, aristocráticas e democráticas e retornava novamente ao caos. O exemplo mais óbvio da influência da filosofia cíclica da história de Vico, encontra-se nas sentenças de abertura e fecho do livro. Finnegans Wake, a primeira sentença começa na última página e a última sentença na primeira, tornando o livro um grande ciclo. Inclusive, Joyce disse que o leitor ideal do Finnicius sofreria de uma "insónia ideal" e ao completar o livro, retornaria à página um e começaria novamente, e assim por diante num ciclo infinito de releituras.


A obra de Joyce foi submetida a pesquisas intensas por estudiosos de todos os tipos, e ele é um dos autores mais notáveis do século XX. Também foi uma influência importante para outros autores e também se fez sentir em campos alheios à literatura.

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