Eça foi baptizado como "filho natural de José Maria d'Almeida de Teixeira de Queiroz e de Mãe incógnita". Este misterioso assento deve-se ao facto de a mãe do escritor, não ter obtido consentimento da parte da sua mãe, para poder casar.
De facto, seis dias após a morte da avó, que a isso se opunha, os pais de Eça casaram, já o menino tinha quase quatro anos. Devido a estas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em, Aveiro, a casa da sua avó paterna.Eça foi depois para o Colégio da Lapa, no Porto, como aluno interno, de onde saiu, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra, para estudar Direito.
O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra. Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Lisboa, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta.
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, foram publicados na revista "Gazeta de Portugal", e depois da sua morte, foram publicados em livro, com o título de, Prosas Bárbaras.
Em 1869 e 1870, Eça de Queirós foi ao Egipto e visitou o canal do Suez, aí foi inspirado para escrever, O mistério da estrada de Sintra e A relíquia. Em 1871 foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
Mais tarde foi para Leiria para trabalhar como um administrador municipal e escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro.
Eça de Queirós passou os anos mais produtivos da sua vida em Inglaterra, como cônsul de Portugal. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo e Os Maias. O Mandarim, foi escrito em Paris.
O seu último livro foi, A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do séc XIX, com problemas para se reconciliar com a grandeza da sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara ambientada no século XII, contada por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada, A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo, são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Eça morreu em 1900 em Paris e está sepultado em Santa Cruz do Douro.
Os seus livros foram traduzidos em aproximadamente para 20 línguas.
Foi também o autor da, Correspondência de Fradique Mendes, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra.
Escreveu diversos livros e eu li: O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, A Relíquia, Os Maias, A Cidade e as Serras, Contos, A tragédia da Rua das Flores.
No ano de 1871, Eça de Queirós disse:
«Estamos perdidos há muito tempo...
«Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal
como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: “o país está perdido!”
Algum opositor do actual governo?... Não!»
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