«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 4 de março de 2009

CAMILO [Ferreira Botelho) CASTELO BRANCO- (Lisboa,1825-São Miguel de Seide,1890)

Romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Foi o primeiro escritor de língua portuguesa a viver exclusivamente dos seus escritos literários. Apesar de ter de escrever para um público, sujeitando-se assim aos ditames da moda, conseguiu ter uma escrita muito original.

Camilo Castelo Branco, primeiro visconde de Correia Botelho, teve uma vida passional e económica atribulada. Uma vida tipicamente romântica, que daria por si só um grande romance e que foi fonte de inspiração, para os seus livros.
Oriundo de uma família da aristocracia de província, era filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, que teve uma vida errante entre Vila Real, Viseu e Lisboa, tomando-se de amores por Jacinta Rosa, com quem não casou, mas de quem teve os seus dois filhos. Camilo foi assim perfilhado por seu pai, como "filho de mãe incógnita".
Com un ano de idade morreu a mãe e quando o pai morreu tinha dez anos, nestas circunstâncias foi viver com uma tia em Vila Real, e depois com uma irmã mais velha, em Vilarinho de Samardã. Camilo teve uma educação irregular, através de dois padres de província. Na sua adolescência formou-se, lendo os clássicos portugueses e latinos, literatura eclesiástica e pelo contacto com a vida ao ar livre transmontana.
Com apenas dezasseis anos, Camilo casou com Joaquina Pereira de França. O casamento precoce, resultado de uma mera paixão juvenil, não resistiu muito tempo. No ano seguinte preparou-se para ingressar na Universidade. O seu carácter instável e irrequieto levou-o a amores tumultuosos.
Camilo publicou , correspondências contra o governador civil, José Cabral Teixeira de Morais, como consequência foi espancado pelo «Olhos-de-Boi», capanga do governador. As suas irreverentes correspondências jornalísticas valeram-lhe, nova agressão a cargo de Caçadores 3. Camilo abandonou Patrícia e foi viver para casa da irmã.
No Porto tenta tirar o curso de medicina, que não concluiu, optando depois por Direito. Em 1948 fazia uma vida boémia, repleta de paixões, repartindo o seu tempo entre os cafés, e os salões burgueses e dedicando-se ao jornalismo. Apaixonou-se então por Ana Plácido e quando esta se casa, tem, uma crise de misticismo, chegando a frequentar o seminário. Ana Plácido casou-se com um negociante, Pinheiro Alves, um brasileiro. Camilo seduz e rapta Ana Plácido e depois de algum tempo desaparecidos, são capturados pelas autoridades e depois julgados. Naquela época o caso emocionou a opinião pública, pelo seu conteúdo tipicamente romântico, o amor contrariado, que se ergue à revelia das convenções e imposições sociais. Presos na cadeia da relação do Porto, Camilo escreveu, Memórias do Cárcere, tendo conhecido o famoso delinquente Zé do Telhado. Depois de absolvidos do crime de adultério, Camilo e Ana Plácido passaram a viver juntos, contando ele trinta e oito anos de idade.
Entretanto, Ana Plácido tem um filho, teoricamente do seu antigo marido, ao que se somam mais dois de Camilo. Com uma família tão numerosa para sustentar, Camilo teve que escrever a um ritmo alucinante. Quando o ex-marido de Ana Plácido, faleceu, o casal foi viver para a sua casa, em São Miguel de Seide.
Temporariamente, Camilo depois foi viver para Vila do Conde, devido a problemas de saúde.Foi em Vila do Conde que escreveu a peça de teatro "O Condenado", bem como inúmeros poemas, crónicas, artigos de opinião e traduções. Outras obras de Camilo associadas a Vila do Conde são: "A Filha do Arcediago" e "A Enjeitada”. Em 1885 foi-lhe concedido o título de visconde de Correia Botelho e posteriormente em 1888 casou com Ana Plácido.
Camilo passou os últimos anos da sua vida ao lado de Ana Plácido, não encontrando a estabilidade emocional, por que ansiava. As dificuldades financeiras, e os filhos dão-lhe enormes preocupações. Nuno era um irresponsável e Jorge um doente mental.
A progressiva e crescente cegueira (causada pela sífilis), impedia Camilo de ler e de trabalhar capazmente, o que o mergulhava num enorme desespero. Depois, de consultar um oftalmologista, que lhe confirmou a gravidade do seu estado, em desespero desferiu um tiro de revólver na têmpora direita, ás 15h15 de 1 de Junho de 1890, acabando por morrer às 17h00 desse mesmo dia.

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