«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 4 de março de 2009

ESTILO E OBRA DE CAMILO CASTELO BRANCO

Durante quase 40 anos, escreveu mais de duzentas e sessenta obras, cerca de 6 por ano, redigidas à pena. Apesar de toda essa fecundidade, Camilo, não permitiu que a intensa produção prejudicasse a sua beleza idiomática ou mesmo a dimensão do seu vernáculo, transformando-o numa das maiores expressões artísticas e a sua figura num mestre da língua portuguesa. De entre os vários romances, deixou um legado enorme de textos inéditos, comédias, folhetins, poesias, ensaios, prefácios, traduções e cartas – tudo com assinatura própria ou com pseudónimos.
Terá sido Camilo Castelo Branco, Realista ou Romântico? A sua obra é predominantemente romântica, no entanto não o é totalmente. Camilo gostava de se situar acima das escolas literárias. Os modelos clássicos vão ter sempre peso na sua produção literária, mas, também se deixa impressionar pela literatura misteriosa e macabra de Ann Radcliffe. Foi influenciado por Almeida Garrett, no entanto a fidelidade à linguagem e aos costumes populares vão permanecer como uma das suas maiores qualidades. A crítica tem apontado que se por um lado Camilo nos enredos dos seus romances, com as suas peripécias mais ou menos rocambolescas, está dentro do romantismo, por outro lado nas explicações psicológicas, na análise dos sentimentos e acções das personagens, nas justificações e explicações dos acontecimentos, na crítica a determinado tipo de educação, não pode ser considerado simplesmente como romântico.
Jacinto do Prado Coelho disse: “ideologicamente flutuante, Camilo mantém-se um narrador de histórias românticas ou romanescas com lances empolgantes e situações humanas comoventes” e também diz que
“O romantismo de Camilo é um romantismo em boa parte dominado, contido, classicizado”, ao lado do seu alto idealismo romântico, a viril contenção da prosa, o bom-senso ligado às tradições e a certo cânones clássicos, um realismo sui generis, de vocação pessoal, que surge na razão directa da autenticidade do seu romantismo.
Eça de Queiroz publicou a primeira versão de O Crime do Padre Amaro, já depois da sua exposição nas Conferências do Casino acerca do Realismo, como nova expressão da arte. Isso fez com que Camilo, de certa maneira sentindo-se a perder terreno para o único prosador que lhe podia ser rival, escrevesse dois romances, Eusébio Macário e A Brasileira de Prazins, para tentar ser mais realista. E o que é que é mais extremado que o Realismo? O Naturalismo. O resultado é de um certo efeito cómico porque Camilo, com a sua maneira de escrever particular, não se contém e acaba por fazer uma paródia do Naturalismo.
No prefácio de Eusébio Macário, Camilo afirma que não tentou ridicularizar a escola Realista, e alega que: “tenho sido realista sem o saber. Nada me impede de continuar”, e ainda que “Eu não conheça Zola; foi uma pessoa da minha família, que me fez compreender a escola: “É a tua velha escola com uma adjectivação de casta estrangeira, e uma profusão de ciência (...) Além disso tens de pôr a fisiologia, onde os românticos punham a sentimentalidade: derivar a moral , e subordinar à fatalidade, o que nos velhos processos, se imputava à educação e à responsabilidade” compreendi e achei que há vinte e cinco anos, já assim pensava.

Temas recorrentes em Camilo são: a bastardia, a orfandade, os direitos do coração por oposição às convenções sociais, as relações familiares, o sentido metafísico de raiz cristão, o anticlericalismo.
Tem uma obra muito vasta, onde se podem destacar alguns livros: Cenas da Foz, Doze Casamentos Felizes, As Três Irmãs, Amor de Perdição, Memórias do Cárcere, A Queda dum Anjo, O Retrato de Ricardina, Eusébio Macário. [QUE ME LEMBRO FOI OS LIVROS QUE LI]


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