«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quinta-feira, 5 de março de 2009

LOUIS-FERDINAND CÉLINE (1894-1961)


Nome verdadeiro, Louis-Ferdinand Destouches, conhecido simplesmente por Céline. Nasceu na periferia de Paris, no seio de uma família de classe média baixa. Céline recebeu uma instrução escolar básica, depois incorporou o exército francês , tendo participado na primeira Guerra Mundial. Por ter levado a cabo uma missão de reconhecimento arriscada, no curso da qual foi ferido com gravidade no braço direito e sofreu ferimentos na cabeça, foi condecorado com a Medalha militar, e posteriormente com a Cruz de guerra. Foi declarado inválido de guerra. Em 1916 esteve um ano, nos Camarões a trabalhar numa empresa Francesa de madeiras. Nos 3 anos seguintes, Céline trabalhou na Bretanha, com a Fundação Rockefeller, recolhendo informação sobre a Tuberculose, enquanto completava os seus estudos secundários em Rennes. Em 1919 casou-se com a filha do director da escola de medicina de Rennes. Em 1920 nasceu a sua filha Colette e dois anos depois, Céline recebeu a licenciatura em Medicina. Em 1925 abandonou definitivamente a sua família e sob a égide da Liga das Nações, viajou pela Suiça, Inglaterra, Camarões, Canadá, Estados Unidos e Cuba.
Em 1928 instalou um consultório privado em Montmartre, especializando-se em obstetrícia. Em 1931 abandonou a clínica privada, por um cargo público. Em 1932 completou, Voyage au bout de la nuit (Viagem ao fundo da noite) e por pouco não recebeu o prémio Goncourt, tendo contudo recebido posteriormente o Prémio Renaudot.
A sua obra mais aclamada é, Voyage au bout de la nuit (Viagem ao fim da noite) que estabelece uma rotura com a literatura da época, pela utilização do calão e linguagem vulgar. Em 1936 escreveu, Morte a Crédito, apresentando uma visão inovadora, caótica e anti-heróica do sofrimento humano. Ao contrário dos seus romances, os três panfletos, Bagatelles pour un Massacre, a Escola dos Cadáveres e os Bonitos Panos, revelam um Céline abertamente anti-semita, facto que lhe terá valido a famosa acusação, da parte de Sartre, de ter colaborado com os Nazis.
Após a queda do regime de Vichy, foi para a Alemanha na companhia de Pétain e Pierre Laval. Após a queda do regime nazi, fugiu para a Dinamarca, tendo sido julgado à revelia em França. Foi condenado a um ano de prisão e considerado uma "vergonha pública", depois foi amnistiado. Recupera a notoriedade em 1957 com a trilogia relativa à sua estadia na Alemanha, onde relata o seu exílio, com um estilo cada vez mais inovador, ainda que autobiográfico. Nessa altura tornou-se um ídolo, da chamada beat generation. Céline morreu em 1961.
SOBRE A SUA OBRA - O seu pensamento niilista é marcado por acentos heróico-cómicos e épicos e por uma grande força e vivacidade. Controvertido, essencialmente por causa de seus textos anti-semitas, publicados entre 1937 e 1941 - reproduzidos durante a ocupação - tornou-se um escritor maldito, que a despeito do enorme valor de suas obras, não figura entre os escritores mais conceituados da França. Céline, revolucionou o romance tradicional. Com o seu vocabulário ao mesmo tempo vulgar e científico, é também dotado de uma terrível lucidez, oscilando entre desespero e o humor, violência e ternura, revolução estilística e revolta. No seu primeiro romance, Viagem ao Fim da Noite, o autor mostra um mundo onde a paz e o amor entre os povos, parecem impossíveis: as guerras, a colonização, a exploração industrial, por toda a parte, os homens que dominam os outros homens. O essencial é que "o amor é impossível ". Céline disseca a vontade de dominação e dependência, até nas relações normalmente idealistas, as relações amorosas. O romance progride assim do geral ao particular, a fim de verificar um aforismo actual: "o amor, é o infinito ponto fora do alcance". Céline interpreta assim o pensamento de Arthur Schopenhauer.
No plano estilístico, a progressão, que aparece entre o seu primeiro e último romance, é marcada por uma nitidez entre o tempo da acção e o tempo da narração. É assim que o presente invade o espaço romanesco, a ponto de a acção deixar de se desenrolar no passado e passar a desenvolver-se no presente.
Escreveu vários romances, dos quais destaco, Voyage au bout de la nuit (VIAGEM AO FIM DA NOITE). O único livro seu que li e que foi muito marcante. Escreveu também vários panfletos, (só autorizou a reedição de, Mea culpa), assim como ensaios. Foram também publicados vários volumes da sua correspondência

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