«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quinta-feira, 23 de abril de 2009

AGUSTINA BESSA-LUÍS


Agustina Bessa-Luís (Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa) nasceu em 1923, no lugar do Paço, em Travanca, concelho de Amarante, descendente de uma família de raízes rurais de Entre Douro e Minho pelo lado paterno (o seu pai, Artur Teixeira de Bessa, esteve emigrado no Brasil, onde enriqueceu), e de uma família espanhola de Zamora, por parte da avó materna.
Desde muito nova interessou-se por livros, começando por ler alguns da biblioteca do avô materno. Foi através destas primeiras leituras, que tomou contacto com alguns dos melhores escritores franceses e ingleses, os quais lhe despertaram a arte narrativa. Em 1932 foi para o Porto estudar, onde passou parte da adolescência, mudando-se para Coimbra em 1945. A partir de 1950 fixou definitivamente residência no Porto.A escritora surge no panorama literário português numa altura em que a oposição entre o neo-realismo e o modernismo do movimento da «Presença» atingiu o auge. Estreou-se como romancista em 1948, com a novela, Mundo Fechado, mas foi o romance, A Sibila, publicado em 1954, que constituiu um enorme sucesso e lhe trouxe imediato reconhecimento geral, foi com este romance que a escritora atingiu a total maturidade e o seu originalíssimo processo criador. É conhecido o seu interesse pela vida e obra de Camilo Castelo Branco, cuja herança se faz sentir quer a nível temático (inúmeras obras de Agustina se relacionam com a sociedade de Entre Douro e Minho), quer a nível da técnica narrativa.
Além da actividade literária, a escritora envolveu-se em diversos projectos: foi membro do conselho directivo da Comunitá Europea degli Scrittori, ocupou o lugar de directora do jornal, O Primeiro de Janeiro, foi directora do Teatro Nacional de D. Maria II e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. É ainda membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Letras), tendo já sido distinguida com a Ordem de Sant'Iago da Espada (1980), a Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988) e o grau de Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês (1989).
Vários dos seus romances foram já adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira, de quem é amiga e com quem tem trabalhado e colaborado. Exemplos desta parceria são Fanny Owen (Francisca), Vale Abraão, As Terras do Risco (O Convento) e A mãe de um Rio (Inquietude). É também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance “As Fúrias” sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).
A sua criação é extremamente fértil e variada. A autora escreveu até o momento mais de cinquenta obras, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis. Foi traduzida para Alemão, Castelhano, Dinamarquês, Francês, Grego, Italiano e Romeno. Em 2004, aos 81 anos, recebeu o mais importante prémio literário da língua portuguesa: o Prémio Camões. Na acta do júri da 16ª edição do Prémio, pode ler-se que,
“o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excepcionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
A sua escrita opõe-se a qualquer tentativa de contextualização, em termos de correntes, na história da literatura portuguesa. A autora revela grande preocupação pela condição social e cultural dos portugueses, particularmente interessada em perscrutar o passado, recorrendo à ficção para problematizar o conhecimento histórico e vivencial.

È uma escritora muito premiada:
Prémios à autora:
1975 - Prémio "Adelaide Ristori" (Centro Cultural Italiano de Roma)
1982 - Prémio da Cidade do Porto
1988 - Prémio Seiva de Literatura (Companhia de Teatro Seiva Trupe), Porto
1996 - Prémio Bordalo de Literatura (Casa da Imprensa)
2004 - Prémio Camões - o mais importante prémio literário da língua portuguesa
2004 - Prémio Vergílio Ferreira (Universidade de Évora)
2005 - Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, Turim
(Itália)

Prémios às obras:
Prémio Delfim Guimarães e Prémio Eça de Queirós: A Sibila; Prémio Ricardo Malheiros (Academia das Ciências de Lisboa): Canção Diante de uma Porta Fechada; Prémio Nacional de Novelística Homens e Mulheres; Prémio Ricardo Malheiros (Academia das Ciências de Lisboa), As Fúrias; Prémio P.E.N. Clube Português de Ficção e Prémio D. Dinis (Fundação Casa de Mateus), O Mosteiro; Prémio de Romance e Novela, Os Meninos de Ouro; Prémio RDP Antena 1 da Literatura (Ex-aequo), Prazer e Glória; Prémio da Crítica (Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários), Ordens Menores; Prémio Municipal Eça de Queirós (Câmara Municipal de Lisboa) – Prémio de Prosa de Ficção, As Terras do Risco; Prémio Máxima de Literatura, Memórias Laurentinas e Party; Prémio Internacional União Latina, Itália, Um Cão que Sonha; Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, Jóia de Família.

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