O pai de Almada Negreiros, era tenente de cavalaria e foi administrador do Concelho de São Tomé e fundador de diversos jornais. Uma parte da sua infância foi passada em São Tomé e Príncipe, terra natal da mãe. Com três anos, após a morte da mãe regressa a Portugal, mas em 1900 o pai foi nomeado encarregado do Pavilhão das Colónias na Exposição Universal de Paris e deixou os filhos José e António ao cuidado dos jesuítas no Colégio de Campolide. A seguir foi estudar para o Liceu Coimbra e depois para a Escola Internacional de Lisboa. Nessa altura publica o seu primeiro desenho e publica também o jornal manuscrito A Paródia, onde é o único redactor e ilustrador. Mais tarde faz a sua primeira exposição individual e trava conhecimento com Fernando Pessoa, com quem edita a Revista Orpheu, juntamente com Mário de Sá Carneiro.
Júlio Dantas, médico, poeta, jornalista e dramaturgo, é a maior figura da intelectualidade da época e afirma que a revista é feita por gente sem juízo. Irónico, mordaz, provocador mesmo, Almada responde com o Manifesto Anti-Dantas.O manifesto teve algum impacto no meio artístico; é tempo de mudar as mentalidades e a sociedade e Almada fá-lo como poucos, atacando a cultura burguesa instituída e os seus representantes ao mais alto nível.
Em 1917, escreve a novela A Engomadeira. Em 1919, foi viver para Paris, onde exerceu diversas actividades e escreveu a Histoire du Portugal par coeur. Em Paris, ficou cerca de um ano e quando regressou, colaborou com António Ferro (Dirigente no regime salazarista do Secretariado da Propaganda Nacional). Em 1927, voltou a deixar Portugal, desta vez para Espanha, onde, além de colaborar com diversas revistas, escreve El Uno, Tragédia de la Unidad, obra dedicada à pintora Sarah Afonso, com quem viria a casar em 1934, já após o seu regresso a Portugal.
Em Portugal, vigora já o Estado Novo e Almada, apoiante das ideias fascistas, por influência do Futurismo italiano, começa a ser solicitado para colaborar com as grandes obras do Estado e com o Secretariado da Propaganda Nacional. Almada Negreiros venerava o ditador António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho. Para a apreciação da controversa figura de Almada Negreiros, é útil recordar o seu seguinte escrito: «Portugal é um país de pretos [...]. Portugal, uma resultante de todas as raças do mundo, nunca conseguiu a vantagem de um cruzamento útil porque as raças belas isolaram-se por completo. É preciso criar a adoração dos músculos, é preciso educar a mulher portuguesa na sua verdadeira missão de fêmea para fazer homens. Fazei a Apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam vencedores. Ajudai a morrer os vencidos. Portugal não tem ódios, ora uma raça sem ódios é uma raça desvirilizada.» Note-se que o autor destas afirmações – que, sem exagero, podemos considerar evocadoras do ideal nazi – tinha sangue negro (por parte da mãe).
A partir daqui, Almada dedicou-se principalmente ao desenho e à pintura: pinta os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que o público, agarrado às tradições, não aprecia; pinta o conhecido retrato de Fernando Pessoa, os painéis das gares marítimas de Alcântara e da Rocha Conde de Óbidos, pelas quais recebe o Prémio Domingos Sequeira; pinta o Edifício da Águas Livres e frescos na Escola Patrício Prazeres; pinta as fachadas dos edifícios da Cidade Universitária e faz tapeçarias para o Tribunal de Contas e para o Palácio da Justiça de Aveiro, entre muitos outros. Esta colaboração com o Estado Novo, causou muita estranheza.
Os seus últimos trabalhos, já com 75 anos, são o painel Começar na Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.
Almada Negreiros morreu em 1970, de falha cardíaca, no mesmo quarto do Hospital de São Luís dos Franceses em que também tinha morrido Fernando Pessoa.
Foi uma figura controversa devido às suas ideias e à sua colagem ao Estado Novo, mas indiscutivelmente foi um grande artista de várias artes. A sua posteridade, além das suas pinturas, está marcada pela poesia que escreveu, onde se destaca o extraordinário poema: A Cena do Ódio, pelas novelas, A Engomadeira e K4, O Quadrado Azul, pelo Manifesto Anti-Dantas, pela Invenção do Dia Claro, pelo romance, Nome de Guerra, pelos bailados e pelo teatro.
Júlio Dantas, médico, poeta, jornalista e dramaturgo, é a maior figura da intelectualidade da época e afirma que a revista é feita por gente sem juízo. Irónico, mordaz, provocador mesmo, Almada responde com o Manifesto Anti-Dantas.O manifesto teve algum impacto no meio artístico; é tempo de mudar as mentalidades e a sociedade e Almada fá-lo como poucos, atacando a cultura burguesa instituída e os seus representantes ao mais alto nível.
Em 1917, escreve a novela A Engomadeira. Em 1919, foi viver para Paris, onde exerceu diversas actividades e escreveu a Histoire du Portugal par coeur. Em Paris, ficou cerca de um ano e quando regressou, colaborou com António Ferro (Dirigente no regime salazarista do Secretariado da Propaganda Nacional). Em 1927, voltou a deixar Portugal, desta vez para Espanha, onde, além de colaborar com diversas revistas, escreve El Uno, Tragédia de la Unidad, obra dedicada à pintora Sarah Afonso, com quem viria a casar em 1934, já após o seu regresso a Portugal.
Em Portugal, vigora já o Estado Novo e Almada, apoiante das ideias fascistas, por influência do Futurismo italiano, começa a ser solicitado para colaborar com as grandes obras do Estado e com o Secretariado da Propaganda Nacional. Almada Negreiros venerava o ditador António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho. Para a apreciação da controversa figura de Almada Negreiros, é útil recordar o seu seguinte escrito: «Portugal é um país de pretos [...]. Portugal, uma resultante de todas as raças do mundo, nunca conseguiu a vantagem de um cruzamento útil porque as raças belas isolaram-se por completo. É preciso criar a adoração dos músculos, é preciso educar a mulher portuguesa na sua verdadeira missão de fêmea para fazer homens. Fazei a Apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam vencedores. Ajudai a morrer os vencidos. Portugal não tem ódios, ora uma raça sem ódios é uma raça desvirilizada.» Note-se que o autor destas afirmações – que, sem exagero, podemos considerar evocadoras do ideal nazi – tinha sangue negro (por parte da mãe).
A partir daqui, Almada dedicou-se principalmente ao desenho e à pintura: pinta os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que o público, agarrado às tradições, não aprecia; pinta o conhecido retrato de Fernando Pessoa, os painéis das gares marítimas de Alcântara e da Rocha Conde de Óbidos, pelas quais recebe o Prémio Domingos Sequeira; pinta o Edifício da Águas Livres e frescos na Escola Patrício Prazeres; pinta as fachadas dos edifícios da Cidade Universitária e faz tapeçarias para o Tribunal de Contas e para o Palácio da Justiça de Aveiro, entre muitos outros. Esta colaboração com o Estado Novo, causou muita estranheza.
Os seus últimos trabalhos, já com 75 anos, são o painel Começar na Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.
Almada Negreiros morreu em 1970, de falha cardíaca, no mesmo quarto do Hospital de São Luís dos Franceses em que também tinha morrido Fernando Pessoa.
Foi uma figura controversa devido às suas ideias e à sua colagem ao Estado Novo, mas indiscutivelmente foi um grande artista de várias artes. A sua posteridade, além das suas pinturas, está marcada pela poesia que escreveu, onde se destaca o extraordinário poema: A Cena do Ódio, pelas novelas, A Engomadeira e K4, O Quadrado Azul, pelo Manifesto Anti-Dantas, pela Invenção do Dia Claro, pelo romance, Nome de Guerra, pelos bailados e pelo teatro.
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