«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

sábado, 18 de abril de 2009

ANTON PAVLOVITCH TCHÉKHOV (1860-1904)


Anton nasceu no seio de uma família humilde, com vários irmãos. O seu avô foi um servo que comprou a sua liberdade. O pai foi comerciante, servente e contabilista e depois comerciante, mas sem sucesso. Era uma pessoa marcada pelo estigma da servidão, educou os filhos de forma autocrática, mas possibilitou que eles estudassem. Anton também foi marcado por essa servidão, como estudante.
Com 13 anos apaixonou-se pelo teatro, que não podia frequentar tanto como queria, entretanto o pai, numa tentativa de ascenção social, meteu-se em dívidas e teve que fugir para Moscovo, para não ser preso, a família ficou numa situação bastante precária. Anton escrevia para vários jornais e simultaneamente escreveu a sua primeira peça, Platonov, que foi registada. Decidiu desistir da escrita e tirar o curso de medicina. Depois de se formar foi publicado numa revista o seu romance, A Estepe.
Anton contraiu a tuberculose e os sintomas agravaram-se. Depois da morte de um irmão, vítima de tifo e tuberculose, possivelmente infectado pelo irmão, Anton decidiu iniciar uma viagem sem rumo, inclusive foi até à distante Sacalina, uma ilha de desterro, no longínquo leste da Rússia. Regressou a Moscovo e escreveu, O Duelo. A Rússia passava por situações de fome, devido a problemas climatéricos, Tchékhov mobilizou-se pessoalmente para combater a catástrofe, contribuindo directamente com os honorários do conto "A Minha Mulher"e participando nas campanhas de recolha de fundos.
O seu desejo de sempre era viver numa quinta com a família e vai concretizar essa vontade em Melichovo, a 60 kms a sul de Moscovo. As suas peças começavam a dar dinheiro. Tchékhov passou a saborear aquilo que desejava: a vida no campo. Tornou-se um elemento bem-vindo na comunidade dos lavradores das redondezas, em especial por ser médico e praticar a profissão sem exigir pagamento.
Por essa época grassou uma epidemia de cólera na Rússia. Como no passado, Tchékhov mobilizou-se na angariação de fundos, participou na construção de barracas para a quarentena, trabalhou na administração local. Tchékhov estava sempre pronto a ajudar, quando era necessário. Além disso comprou livros, para oferecer à biblioteca da sua terra natal.
Escreveu depois sobre o campo, obras que testemunham a ruptura com as visões utópicas e românticas, tão comuns nestes anos na Rússia.Tchékhov, assistiu à vida rural in loco, teve acesso a uma perspectiva, que a elite intelectual das cidades não adivinhava: alcoolismo, ignorância, brutalidade e maldade. Esta visão, contrária aos ideais da maioria da "intelectualidade" russa, espelhada naquelas obras, irá tornar Tchékhov impopular. Michajlovski acusa Tchékhov de falsificar a (gloriosa) vida dos camponeses devido à sua ignorância.
Após a produção com êxito de "A Gaivota", escreveu três outras peças para a mesma companhia: "O Tio Vânia", "As Três Irmãs", e "O Jardim dos Cerejais". A influência do naturalismo no teatro, que se fazia sentir por toda a Europa, atingiu o seu expoente artístico na Rússia, com a formação do Teatro de Arte de Moscovo. O seu nome tornou-se um sinónimo de Tchékhov, cujas peças acerca da vida quotidiana da aristocracia possuidora de terras, adquiriram um delicado realismo poético, que estava anos à frente do seu tempo. Constantin Stanislavski, o director do teatro, tornou-se porventura o mais importante teórico da arte de representar do século XX.
Tchékhov morreu vítima da tuberculose
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