Máximo Gorki, pseudónimo de Aleksei Maksimovich Peshkov, foi um famoso escritor, da escola naturalista que formou uma espécie de ponte entre as gerações de Tchekhov e Tolstoi, e a nova geração de escritores soviéticos.
Gorki, passou uma infância difícil. Nasceu num meio social pobre. Órfão de pai foi criado pelo avô materno que era tintureiro. Quando a mãe faleceu teve que deixar a casa do avô, para ir trabalhar. Teve diversos trabalhos, mas o ocasional contacto com alguns livros despertou-lhe a sua consciência política. Com apenas 15 anos publicou dois livros e tentou sem resultado ir estudar, mas teve que voltar ao trabalho, tudo que lhe aparecesse, onde sofreu com a miséria, a fome e o frio. Desesperado tentou suicidar-se, deu um tiro no peito, que atingiu um dos pulmões, mas sobreviveu e para piorar a situação, contraiu a tuberculose.
A partir da frustrada tentativa contra sua vida, virou-se para a vida política, leu Marx e seguiu os passos de Lenine, acabou por ser preso temporariamente e depois voltou a viajar sem destino acompanhado de indigentes miseráveis.
Conseguiu publicar o livro, Makar Tchudra, adoptando o pseudónimo de Máximo Gorki, o que lhe facilitou um emprego num jornal. Conseguiu uma vida melhor, como jornalista e como escritor e militou em inúmeros grupos revolucionários, o que lhe resultou em mais uma temporada na prisão.
Após sair da prisão, começou a escrever para teatro, escreveu a peça Pequenos Burgueses, a qual, se Gorki a escrevesse hoje, não seria necessário mudar uma única palavra. A peça não segue uma linha de acção única, mas é antes um mosaico de situações e personagens representativas da vida russa da época. Na mesma mostra o conflito entre os membros de uma família de comerciantes, dominada pela figura do pai autoritário que reprime os impulsos do filho intelectual e da filha deprimida. O único insurgente é o filho adoptivo, o ferroviário Nill, que Gorki elege como o herói que vai conduzir a Rússia à revolução.
Gorki toma parte em 1905, na primeira revolução que pretendia derrubar o Czar Nicolau II da Rússia, e após o fracasso da intentona, acabou por ser preso. No ano seguinte, com a ajuda de outros intelectuais e sob fortíssima pressão da comunidade internacional, as autoridades russas libertaram-no. Organizou, a seguir, o jornal Nóvaia Jizni (Vida Nova), mas foi obrigado a abandonar a Rússia.
Foi para os Estados Unidos, mas a sua permanência foi dificultada pelo embaixador russo. Viajou então para a Itália e fixou residência em Capri, onde criou uma escola para imigrantes revolucionários. Lá, escreveu vários livros e a sua obra-prima, A Confissão.
Com o início da Grande Guerra em 1914, Gorki retornou à Rússia, dirigiu um jornal mensal, acompanhou a revolução e tornou-se grande amigo de Lenine. Em 1921 adoece gravemente dos pulmões e voltou para a Itália, em busca de um clima melhor, permanecendo em Sorrento durante vários anos. Ali continuou a escrever. Apesar da sua amizade com Lenine, o escritor só retornou definitivamente à Rússia em 1928, apesar da sua saúde ser precária, transformando-se de imediato na maior figura literária do regime comunista. Em 1933, fundou com o apoio de Estaline, o Instituto de Literatura Máximo Gorki, uma incrível iniciativa de um escritor, que não chegou a terminar o ensino secundário e sempre tinha sonhado em tirar um curso superior.Morreu de pneumonia em 1936. Foi sepultado com todas as honras oficiais.
A escrita de Gorki representou a força do natural e a beleza do espontâneo, a transfiguração da realidade, o surrealismo da fuga ao legítimo, que é uma espécie de descanso do espírito, no seu enquadramento real.O que a vida e a obra de Górki mostram não é o revolucionário perigoso, mas o homem em que a memória, marcada pela lembrança das agruras sofridas e das injustiças presenciadas, anseia pela transfiguração do mundo. Centrou-se no submundo russo, nas classes excluídas: operários, vagabundos, prostitutas, gente humilde, homens e mulheres do povo. Autores realistas e naturalistas já tinham integrado estes sectores sociais na literatura, mas olhavam para os pobres de fora. Gorki, conhecia aquele universo por dentro e soube captar o que havia de mais profundo na alma do povo russo. Daí a impressão de autenticidade que suas obras transmitem.
domingo, 19 de abril de 2009
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