«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ANTÓNIO LOBO ANTUNES (Lisboa 1942-)


António Lobo Antunes nasceu em Lisboa. Estudou na Faculdade de Medicina de Lisboa e especializou-se em Psiquiatria. Exerceu, durante vários anos, a profissão de médico psiquiatra. Em 1970 foi mobilizado para o serviço militar. Embarcou para Angola no ano seguinte, tendo regressado em 1973. Em 1979 publicou os seus primeiros livros, MEMÓRIA DE ELEFANTE e OS CUS DE JUDAS, seguindo-se, em 1980, CONHECIMENTO DO INFERNO. Estes primeiros livros são marcadamente biográficos, e estão muito ligados ao contexto da guerra colonial e transformaram-no imediatamente num dos autores contemporâneos mais lidos e discutidos, no âmbito nacional e internacional.
Foi militante da APU (Aliança Povo Unido - coligação liderada pelo Partido Comunista Português) em 1980.
Em entrevista ao DN em Fevereiro de 2009, Lobo Antunes anunciou que irá deixar de publicar dentro de dois anos, após a publicação do seu derradeiro livro.
Temática – Estilo – Obra - Prémios
Muitos dos livros de António Lobo Antunes referem ou reportam-se a todo o processo de passagem do fim do Estado Novo até à implantação da Democracia. O fim da Guerra Colonial, o fim de um mundo burguês marcado por valores conservadores e retrógados. Os problemas de mudança social rápida no 25 de Abril e consequentemente a instabilidade política vivida em Portugal. Esse processo de passagem é espelhado nas relações familiares. Regra geral aparecem nos romances deste autor, famílias disfuncionais em que o indivíduo está a perder as suas referências, em que a comunicação é nula ou superficial, entre os seus membros. Regra geral os anti-heróis dos seus romances são pessoas que exercem profissões liberais, oriundos de "boas famílias".
O estilo de Lobo Antunes é de uma escrita densa. O leitor tem algum esforço de leitura porque, por exemplo, não é raro haver mudanças de narrador e assim o leitor tem tendência a "perder o fio à meada". No entanto, apesar de não ser um autor, que opte por uma escrita fácil, Lobo Antunes, constitui um fenómeno de vendas e é muito lido internacionalmente.
No género de James Joyce ou de Faulkner, o narrador é por vezes trocado, como se o ponto de vista saltasse de personagem em personagem. Isto dá uma impressão de caleidoscópio no desenrolar da narrativa.
Os livros de Lobo Antunes são muito obsessivos e labirínticos dando um tom geral de claustrofobia e paranóia às suas obras. Apesar disso as suas obras apresentam uma diversidade linguística notável.
Ocorre muitas vezes numa descrição ou pensamento do que está a acontecer a um personagem aparecerem sobrepostos tanto o que está "realmente" a acontecer como uma realidade imaginária. Outros processos típicos são as metáforas. Ocorrem também, várias descrições simultâneas, tanto físicas como de pensamentos. É habitual uma realidade do passado estar misturada com uma realidade do presente. No meio de um diálogo serem inseridos diálogos imaginários ou do tempo passado. Estes processos são usados com mestria por este autor resultando em efeitos de grande valor literário.
Escreveu: Explicação dos Pássaros, Fado Alexandrino, Auto dos Danados, As Naus, Tratado das Paixões da Alma, A Ordem Natural das Coisas, A Morte de Carlos Gardel, O Manual dos Inquisidores, O Esplendor de Portugal, Exortação aos Crocodilos, Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura, Que Farei Quando Tudo Arde, Boa Tarde às Coisas Aqui Em Baixo, Eu Hei-de Amar uma Pedra, Ontem Não te Vi em Babilónia e O Meu Nome É Legião, O Arquipélago da Insónia, Que Cavalos são aqueles que fazem Sombra no Mar? (para ser publicado em 2009) – constam, ainda, três volumes de crónicas.
Já recebeu muitos prémios, como: por duas vezes, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa, o Prémio Europeu de Literatura (Áustria), o Prémio Ovídio (Roménia), o Prémio Internacional de Literatura da União Latina (Roma), o Prémio Rosalía de Castro (Galiza), o Prémio Jerusalém de Literatura, o Prémio Iberoamericano das Letras José Donoso e o Prémio Camões.

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