«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 13 de maio de 2009

CASA OFICINA ANTÓNIO CARNEIRO



A última residente desta casa-oficina, foi Katterine Carneiro, violinista americana que casou com um dos filhos de António Carneiro, o compositor Cláudio Carneiro. Viveu só, já que a filha do casal foi viver para os Estados Unidos. Tinha uma idade proveta, mas com grande vivacidade, uma postura snob, o cigarro na boca, um cálice de vinho do Porto na mão. Assim a vi muitas vezes nos concertos da Fundação Cupertino de Miranda.
Cláudio CARNEYRO (1895-1963). Vocacionado para a música, estudou, inicialmente, no Conservatório de Música do Porto a partir dos seus 15 anos. Em 1922 regressou à mesma, já como professor de Teoria e Solfejo, após ter aperfeiçoado os estudos de violino em Paris. A partir de 1930, firmou a sua ligação ao Conservatório do Porto como professor de composição e em 1956 assumiu a direcção desta instituição.
Nunca deixou de trabalhar com professores de reputada mestria, como Charles Widor, em Paris, e, mais tarde, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura, com Paul Dukas, com quem continuou a aperfeiçoar a composição. Das várias incursões ao estrangeiro, salienta-se o curso frequentado nos Estados Unidos da América, onde conheceu a violinista Katherine Hickel, que viria a ser sua mulher. Dedicado à escrita musical, apresentou no Porto e em Lisboa, em 1929 e 1932, uma programação de concertos inteiramente com às suas obras. Em plena fase de maturidade, Cláudio Carneyro ganhou o Prémio Moreira de Sá, continuando também a compor e a orquestrar para instrumentos de arco, tendo chegado a fundar uma orquestra de cordas no Porto, para a qual readaptou um repertório polifónico da autoria de diversos compositores clássicos. A obra de Cláudio Carneyro distingue-se pela sua diversidade estética, assimilando plenamente inúmeras técnicas e expressões contemporâneas. No que respeita a melodias tradicionais portuguesas, o compositor desejou que perdurassem em estilo sinfónico, compondo assim as Portugalesas, datadas de 1949. Este interesse pelo "folclorismo musical" estava, aliás, em consonância com o trabalho de outros autores. Na mesma altura, colaborou com o Gabinete de Estudos Musicais da Emissora Nacional, ligado ao Emissor do Norte. Cláudio Carneyro foi agraciado, em 1934, com o grau de oficial da Ordem de Santiago de Espada. Presentemente, como tantos outros é um compositor absolutamente esquecido.


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