«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 20 de maio de 2009

REI D. CARLOS I (1863-1908) «O DIPLOMATA» e «O MARTIRIZADO»







D. Carlos, era filho do rei D. Luís I e da princesa Maria Pia de Sabóia. Nasceu para ser rei, e recebeu desde muito cedo uma cuidada educação. Ainda jovem visitou várias cortes europeias. Numa dessas deslocações conheceu a princesa francesa Amélia de Orleães, filha primogénita do Conde de Paris, com quem veio a casar (1886).
D. Carlos subiu ao trono em 1889, por morte do seu pai. Foi um homem considerado pelos contemporâneos como bastante inteligente, mas dado a extravagâncias. O seu reinado foi caracterizado por constantes crises políticas e consequente insatisfação popular. Logo no início do seu governo, o Reino Unido apresentou a Portugal o Ultimato britânico de 1890, que intimava a Portugal, movido pela seu desejo expansionista, materializado no Mapa cor-de-rosa, a desocupar os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique, num curto espaço de tempo, caso contrário seria declarada a guerra. A propaganda republicana aproveitou o momento de grande emoção nacional, para responsabilizar a coroa, pelos desaires no ultramar. Estalou então a revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, que apesar de sufocada, mostrou que as ideias republicanas avançavam com alguma intensidade.
Apesar da grave crise que D. Carlos enfrentou no início do seu reinado face à Inglaterra, então a maior potência mundial, o Rei soube inverter a situação e graças ao seu notável talento diplomático conseguiu colocar Portugal no centro da diplomacia europeia. Durante todo o reinado de D. Carlos, o país encontrou-se a braços com crises políticas e económicas. Face à instabilidade geral, motivada pelo chamado rotativismo (rotação alternada dos dois principais partidos políticos, o Progressista e o Regenerador), D. Carlos nomeou o regenerador liberal João Franco, como primeiro-ministro. Este, afrontado pelos constantes ataques provenientes da Câmara dos Deputados, solicitou ao Rei que dissolvesse o parlamento, adiando por algum tempo as novas eleições, ao que D. Carlos acedeu. A oposição lançou então uma forte campanha antigoverno, envolvendo também o próprio rei, alegando que se estava em ditadura. Este regime ditatorial foi o início do movimento republicano, que começava a ganhar adeptos em todo o país.
Como era habitual no início de cada ano, D. Carlos partiu com toda a família para Vila Viçosa, para o seu palácio preferido. Entretanto, a situação política agravava-se em Lisboa, com a oposição ao franquismo, estalando uma revolta, abortada em 28 de Janeiro. João Franco preparou um decreto, prevendo o degredo sumário para as colónias asiáticas dos revoltosos republicanos. O rei assinou o decreto ainda em Vila Viçosa.
Em Fevereiro de 1908, a família real regressou a Lisboa. Esperavam-nos o governo e vários dignitários da corte. Após os cumprimentos, a família real subiu para uma carruagem aberta em direcção ao Palácio das Necessidades. A carruagem com a família real atravessou o Terreiro do Paço, onde foi atingida por disparos vindos da multidão. D. Carlos I morreu imediatamente e o herdeiro D. Luís Filipe foi ferido mortalmente.

D. Carlos foi um amante da fotografia e um pintor de talento, com preferências por aguarelas, que assinava simplesmente como "Carlos Fernando". Recebeu prémios em vários certames internacionais e realizou ensaios notáveis na área de cerâmica. Gostava também da ornitologia e da oceanografia. A ele se deve a construção do Aquário Vasco da Gama.

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