«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 6 de maio de 2009

JOAN SUTHERLAND - LA STUPENDA

Joan Sutherland, nasceu em Sidney em 1926. Ficou órfão de pai quando tinha apenas seis anos, a sua mãe era uma mezzo-soprano aposentada, com quem Joan Sutherland diz ter aprendido bastante. Curiosamente, Sutherland não frequentou de início nenhum conservatório. Enquanto trabalhava como secretária, começou a estudar canto seriamente por volta dos 18 anos. Desde 1946, com 20 anos, actuou como corista no Oratório de Natal de Bach, seguindo-se concertos e actuações em óperas e oratórios barrocos. A sua estreia foi na ópera, Dido and Aeneas, de Purcell. Nos recitais, o seu repertório era heterogéneo.
Em 1951, cantou em estreia mundial a Judith, de Eugene Goosens. No mesmo ano, ganhou a mais importante competição de canto da Austrália e, com o dinheiro do prémio, viajou para Londres, a fim de estudar na Opera School of the Royal College of Music. Aí reencontrou o pianista Richard Bonynge, a quem já havia sido apresentada na Austrália e que a incentivou de imediato a voltar-se para a técnica e o repertório do Bel Canto, que considerava ideal para a sua voz. Em 1952, fez a sua estreia europeia na ópera, Il Tabarro, de Puccini. Teve boas críticas, o que lhe abriu as portas da célebre Royal Opera House, Covent Garden, de Londres. Nesse mesmo ano cantou, A Flauta Mágica, de Mozart.
Sutherland ganhou renome internacional pela sua voz belíssima e cheia, dotada de uma rara combinação, no meio operístico, de enorme volume e extensão vocal, com uma notável flexibilidade na realização de intrincados ornamentos vocais e de sobreagudos. Dona de impecável domínio do legato, do trilo, do staccato e de amplos recursos de fraseado, ideais para o repertório de coloratura tanto lírica como dramática, deu uma decisiva contribuição à redescoberta de óperas que haviam sido escritas para grandes divas do Bel Canto e que haviam sido negligenciadas por anos, até a década de 50, quando se iniciou um movimento de resgate, liderado inicialmente por Maria Callas.
Em 1953, cantou nas comemorações da coroação da rainha Elizabeth II. Em 1954, Sutherland casou com Richard Bonynge, com quem tem, um filho. Entre 1954 e 1958, a jovem soprano aumentou o seu repertório num ritmo muito veloz, demonstrando uma enorme versatilidade. Em 1959, foi convidada para cantar, no Covent Garden, a ópera Lucia di Lammermoor, de Donizetti - que não era apresentada no teatro há décadas. Essa produção tornou-se um clássico e consagrou-a internacionalmente, tornando-a uma das divas mais promissoras da sua geração.
Maria Callas, por quem Sutherland tinha muita admiração, também elogiou os dotes da australiana.Nesse apogeu inicial, Sutherland manifestou uma expressão vocal mais focada na palavra e em recursos teatrais mais extrovertidos, os quais vão dando lugar, a recursos expressivos mais intimistas e elegíacos.
Em 1960, gravou o legendário álbum, The Art of the Prima Donna, para a DECCA. Depois foi cantar aos Estados Unidos, Paris, Milão e ao La Fenice, de Veneza, onde foi apelidada de La Stupenda e La Stupenda ficou para todo o mundo.
Em 1965, Sutherland em Miami, convenceu o teatro de ópera a contratar o jovem Luciano Pavarotti, para substituírem tenor que tinha adoecido, foi deste modo que se iniciou uma famosa parceria de décadas.
A decadência vocal de Sutherland foi lenta. Iniciou-se no fim dos anos 70, quando foi gradualmente crescendo um tremolo em seu registo médio e a voz se tornou menos flexível em coloraturas muito ágeis. Além disso, um certo tom matronal, dificultou a sua adequação em papéis muito joviais. Não obstante, devido à sua indiscutível maestria técnica e musical, a soprano continuou a obter grandes sucessos em teatros desde os Estados Unidos até o Japão. Sua última performance operística deu-se em 1990, aos 64 anos. A carreira de Joan Sutherland foi uma das mais longas e prestigiadas do século XX, abrangendo 43 anos e recebeu vários prémios, entre eles, foi nomeada para a Order of Merit, uma das maiores honras da Grã-Bretanha. Joan Sutherland aparece em diversas competições de canto internacionais e é a patrona da famosa competição BBC Cardiff Singer of the World. Vive em Les Avants, na Suíça, com o marido Richard Bonynge.

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