«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

sábado, 16 de maio de 2009

JOÃO CUTILEIRO


POLÉMICO O «D.SEBASTIÃO» EM LAGOS


MUITO POLÉMICO O MONUMENTO AO 25 DE ABRIL EM LISBOA


João Pires Cutileiro nasceu em Lisboa em 1937. Filho de mãe alentejana, que casou com José Cutileiro, um médico da Organização Mundial da Saúde em serviço no Alentejo. O escultor viveu os seus primeiros anos em Évora.
Em Lisboa a casa onde vivia, foi frequentada pela chamada intelligentsia, um grupo de personalidades da época. António Pedro, um deles, trouxe-o para desenhar no seu atelier, em 1946. Durante os dois anos que aí trabalhou, foi fortemente influenciado pelo Surrealismo.
Depois, frequentou o estúdio de Jorge Barradas, onde executou trabalhos de modelismo e de pintura, para além de vidrados de cerâmica. Descontente, mudou-se para o atelier de António Duarte, onde foi assistente de canteiro, durante dois anos. Lá deu-se o seu contacto com a pedra, pois tinha como trabalho ampliar os modelos do mestre canteiro, passá-los a gesso e depois a mármore.Com apenas catorze anos, no ano de 1951, Cutileiro apresentou a sua primeira exposição individual em Reguengos de Monsaraz, mostrando esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas. Completou o liceu e foi nesse período que a sua ideologia política, foi revelada, ingressando no MUD Juvenil.
A caminho de Cabul, para visitar o seu pai que lá ficaria um ano, passou por Florença, onde se encantou pela obra de Miguel Ângelo e confirmou a certeza da fixação na escultura, que existia desde os seus seis anos. No regresso, inscreveu-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Só passou dois anos na referida Escola, desmotivado por ter percebido que em Portugal o único material considerado prestável era o bronze e as pesquisas noutros materiais eram travadas. Saiu do país e foi para a Slade School of Art, em Londres. Nesse curso desenvolveu as suas capacidades e no final recebeu três prémios: Composição, figura e cabeça.
Ao começar a utilizar máquinas eléctricas para executar o trabalho, dedicou-se ao mármore e surgiram as figuras, as paisagens as caixas e as árvores. Nos dez anos seguintes a 1961, fez cinco exposições em Lisboa e uma no Porto.
Em 1970 instalou-se em Lagos e foi lá que executou a sua obra mais polémica, D.Sebastião, erigida nessa mesma cidade. Essa obra confrontou o academismo do Estado Novo e recebeu fortes críticas. Cutileiro disse ironicamente, que desistia da escultura, passando a ser apenas «um fazedor de objectos destinados à burguesia intelectual», espantando os escultores por essa função de escultor, criador de peças decorativas. Esta frase pretende também menosprezar as críticas de quem o considerava escultor menor.
Conquistou uma menção honrosa no Prémio Soquil no ano de 1971 e cinco anos mais tarde as suas esculturas e mosaicos foram expostos em Wuppertal na Alemanha, seguindo-se exposições em Évora. Em 1980, a sua obra voltou à Alemanha, a Dortmund. Nesse mesmo ano, expôs em Washington D.C. e na Sociedade Nacional de Belas Artes. No ano seguinte participou no Simpósio da Escultura em Pedra, na cidade de Évora e numa exposição na Jones Gallery em Nova Iorque.
A sua costela alentejana impulsionou-o a mudar-se para Évora em 1985, onde tem exposta, na sua casa, uma grande parte das suas obras.
As Meninas de Cutileiro, ironicamente assim chamadas, são provavelmente o tema mais famoso de Cutileiro e valeram-lhe glória e dinheiro, mas também desprezo de alguns.
No ano de 88, Cutileiro realizou exposições em Almansil, Macau e Lisboa e no ano seguinte fez novas exposições em Almansil e em Lisboa. Em 1990 elaborou uma exposição retrospectiva, na Fundação Calouste Gulbenkian. Nos anos seguintes, o mestre realizou mais exposições em Bruxelas, Luxemburgo, Évora, Guimarães, Lagos, Almansil e Lisboa.

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