«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

sábado, 2 de maio de 2009

ELISE HENSLER (1836-1929) - CANTORA DE ÓPERA

D. Fernando II e a Condessa d'Edla

De origem suíça-alemã, Elise Hensler era filha de Johann Friederich Conrad Hensler e de sua esposa, Louise Josephe Hechelbacher e nasceu em La Chaux-de-Fonds, em Neuchâtel.
Aos doze anos, emigrou com a família para Boston, nos Estados Unidos, onde recebeu uma cuidadosa educação. Amante das artes e das letras, Elise terminou seus estudos em Paris. Ao longo dos anos, tornou-se fluente em sete idiomas.
Após o término de sua educação, Hensler actuou no Teatro alla Scala, de Milão. Em 1855 aos dezanove anos, ela deu à luz uma menina, baptizada Alice Hensler, cujo pai era desconhecido, sendo provavelmente um conde de Milão, do qual esteve noiva.
Em 1860, Elise chegou em Portugal como membro da Companhia de Ópera de Laneuville, para cantar no Teatro Nacional São João, do Porto. Actuou em seguida no São Carlos, em Lisboa. D. Fernando II de Saxe-Coburgo-Gota(rei consorte), assistiu e apaixonou-se pela bela cantora, então com vinte e quatro anos.
Além de cantora e actriz, Hensler era escultora, ceramista, pintora, arquitecta e floricultora.
Em 1869, casaram, depois da morte de D. Maria II. Entretanto, o então rei de Portugal era o segundo filho de Fernando, D. Luís I. O título de condessa foi-lhe concedido dias antes da cerimónia por Ernesto II de Saxe-Coburgo-Gota.
O casal gostava de se refugiar em Sintra, onde D. Fernando tinha comprado o abandonado Mosteiro da Nossa Senhora da Pena. Deve-se o actual património florestal da serra de Sintra a D. Fernando, que sempre foi apaixonado pela botânica, e à cumplicidade da condessa d'Edla. Como resultado, as plantações do Parque da Pena intensificaram-se por volta de 1869. Elise introduziu certas espécies arbóreas do lugar à América do Norte. No meio do parque, a condessa iniciou a construção do chamado Chalet, o qual ela mesma projectou no estilo das casas rurais norte-americanas. Mulher culta, dedicou-se com o marido ao patrocínio de vários artistas, entre eles o mestre Columbano Bordalo Pinheiro e o pianista Viana da Mota.
Em 1999, o chalet da condessa d'Edla foi consumido por um incêndio. Em 1885, D. Fernando faleceu e no seu testamento, deixou à viúva todo os seus bens, incluindo o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, ambos em Sintra, outro grande escândalo, que só foi resolvido por D. Carlos I que pagou 410 contos à condessa e conseguiu recuperar os dois castelos.
Elise Hensler, depois disso, abandonou Sintra e passou a viver com sua filha em Lisboa, onde morreu com noventa e dois anos.
Uma relação de rara afinidade, que uma campanha brutal, mesmo no quadro da mais violenta tradição polemista do Portugal de Oitocentos, procurou incessantemente destruir. Esta mulher enfrentou um muro de preconceito difícil de vencer e não o conseguiu. Uma prova disso foi o longo e inexplicável esquecimento a que Elise Hensler foi votada pela historiografia portuguesa. Na vida desta mulher que facilmente poderia ter partido em face da sua longa viuvez, há também uma chave: o seu amor por Portugal, onde ficou até ao fim.
OBVIAMENTE QUE NÃO É POSSÍVEL OUVIR A VOZ DE ELISE HENSSLER, MAS SEGUNDO O MUSICÓLOGO RUI VIEIRA NERY TINHA MÉRITOS PRÓPRIOS.

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