«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

terça-feira, 12 de maio de 2009

MARIA CALLAS (1923-1977)


Maria Anna Sofia Cecilia Kalogeropoulos, nasceu em Nova Iorque, filha de imigrantes gregos, mas devido a dificuldades económicas, teve que regressar à Grécia com sua mãe, em 1937. Estudou canto no Conservatório de Atenas. O seu primeiro papel na Itália teve lugar em 1947, na Arena de Verona, com a ópera, La Gioconda, de Ponchielli, sob a direcção de Tullio Serafin, que logo se tornaria seu “mentor”.
Callas começou a despontar no cenário lírico em 1948, com uma interpretação notável na ópera Norma, de Bellini, em Florença. Todavia, a sua carreira só viria a projectar-se em escala mundial no ano seguinte, quando a cantora surpreendeu a crítica e público ao alternar, na mesma semana, récitas de I Puritani, de Bellini, e Die Walküre, de Wagner. A partir dos anos 50, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espectáculo de ópera, tais como: La Scala, Convent Garden e Metropolitan. Callas tinha atingido a fama internacional e tornou-se muito temperamental, devido à sua busca de perfeccionismo. Famosa foi a sua rivalidade com Renata Tebaldi e as brigas públicas, através de declarações nos jornais. Em 1959, rompeu um casamento de dez anos com seu empresário, G. B. Meneghini, muito mais velho do que ela. Manteve, em seguida, uma tórrida relação com o milionário grego Aristoteles Onassis, com quem não foi feliz.
A voz da cantora, começou a apresentar sinais de declínio no final dessa década, e Callas diminuiu consideravelmente suas participações na interpretação de óperas completas, limitando a sua carreira a recitais e noites de gala e terminando por abandonar os palcos em 1965. O seu abandono deveu-se em grande parte ao desequilíbrio emocional da cantora, que ao conhecer Aristóteles Onassis, dedicou-se integralmente a ele, afirmando ter começado ali a sua vida de verdade. Foi quando ela parou de ensaiar, adiou e cancelou apresentações, que se tornou figura constante em noites de festa, bebendo inclusive, coisas que contribuíram para o declínio de sua voz e o fim da carreira. [Onassis nunca chegou a casar com ela, acabando por se casar com Jacqueline Kenedy].
No início dos anos 70, passou a dedicar-se ao ensino de música na Juilliard School. Em 1974, retornou aos palcos para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente, ao lado do tenor Giuseppe di Stefano. Foi um sucesso para o público, mas a crítica especializada massacrou-a. A voz já não era a mesma, e a actuação foi prejudicada, pois uma vez que tinha que fazer muito mais esforço para manter a afinação, a entrega à interpretação não era tão subtil como no passado. Cantou em público pela última vez a 11 de Novembro de 1974, no Japão.
Onassis, com sérios problemas de saúde, morreu. Callas iniciou um período de claustro, isolando-se do mundo num apartamento em Paris, com a companhia da governanta e do motorista. Em 1977, ela simplesmente deixou de existir, pouco antes de completar 54 anos, depois de um ataque cardíaco. Suas cinzas foram atiradas ao Mar Egeu, como era de sua vontade.
Maria Callas foi a mais controversa e possivelmente a mais dedicada intérprete lírica. Com uma voz de considerável alcance, encantou nos teatros mundiais de maior destaque. Esta intérprete, senhora de raros dotes vocais e interpretativos, revolucionou o mundo da Ópera. Para Maria Callas a expressão vocal era primordial, em detrimento dos exageros vocais injustificados, tudo na Ópera tinha que fazer sentido para dar ao público algo credível. Foi a mais destacada e famosa cantora lírica, e fez jus à sua fama, pois interpretou várias dezenas de Óperas. Callas perpetuou-se em variados papéis, continuando, a não existir nenhuma cantora, que lhe faça sombra.
Poucos sopranos podem rivalizar com Callas no que diz respeito à capacidade de despertar reacções intensas entre seus admiradores e detractores. Elevada à categoria de “mito” e conhecida mesmo fora do círculo de amantes de ópera, ela criou em torno de si uma legião de entusiastas capazes de defender a todo custo os méritos da cantora.
Callas possuía uma voz poderosa, não se destacava pela beleza do timbre, mas possuía uma amplitude fora do comum. Isto permitia à cantora abordar papéis, desde o alcance do mezzo-soprano até o do soprano. Com domínio perfeito das técnicas do canto lírico, possuía um repertório incrivelmente versátil, que incluía obras do bel canto, de Verdi, do verismo italiano e até mesmo de Wagner.
Maria Callas gravou muitas óperas, com os melhores cantores e as melhores orquestras, que são registos de referência, para a história da ópera. Seria fastidioso estar a referir os mesmos. Maria Callas cantou no Teatro São Carlos em 1958 a ópera La Traviata. O tenor Alfredo Kraus interpretou o principal papel masculino.

Sem comentários: