«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quinta-feira, 30 de abril de 2009

MÚSICA DE RODRIGO LEÃO

ALEXANDRA ZABALA canta uma ária da ópera MITRIDATE de NICOLA PORPORA



Não há registos da voz de Luísa Todi, mas cantaria compositores, como Nicola Pórpora.

LUÍSA TODI [LUÍSA ROSA DE AGUIAR] (1753-1833)


Foi a meio-soprano portuguesa, mais célebre de todos os tempos. Nasceu em Setúbal, filha de um professor de música e instrumentista. Em 1765 a família, foi para Lisboa. Luísa começou no teatro musical aos catorze anos, mais exactamente no Teatro do Bairro Alto. Com outra irmã cantou óperas cómicas. Depois casou, em 1769 com o violinista napolitano e seu grande admirador, Francesco Saverio Todi, que lhe deu o apelido. Por sugestão do marido, foi aprender canto com o compositor David Perez, muito conceituado e mestre de capela da corte portuguesa. Ao marido deveu o aperfeiçoamento e a dimensão internacional que a levariam a todas as cortes da Europa. Estreou-se em 1771 na corte portuguesa de D. Maria I e cantou no Porto entre 1772 e 1777 e neste ano partiu para Londres, para actuar no King's Theatre. Em 1778 foi para Paris. Em 1780 foi aclamada em Turim, tendo assinado um contrato como prima-dona e em 1780 era já considerada pela crítica, como uma das melhores vozes de sempre. Brilhou na Áustria, na Alemanha e na Rússia. Veio a Portugal em 1783, para cantar na corte portuguesa. Regressou a Paris e depois foi convidada, por Catarina II da Rússia e partiu com o marido e os filhos para São Petersburgo (1784 – 1788). A Imperatriz, presenteou-a com jóias fabulosas. Berlim aplaudiu-a quando ia a caminho da Rússia e no regresso, Luísa Todi foi convidada por Frederico Guilherme II da Prússia, que lhe deu aposentos no palácio real, carruagem e os seus próprios cozinheiros, sem falar do principesco contrato, tendo ali permanecido de 1787 a 1789. Cantou em diversas cidades alemãs, como Mainz, Hanôver e Bona, onde Beethoven a terá ouvido. Cantou ainda em Veneza, Génova, Pádua, Bérgamo e Turim. De 1792 a 1796 encantou os madrilenos. Em 1793 regressou à corte de Lisboa, por ocasião do baptizado de mais uma filha do herdeiro do trono, futuro D. João VI, casado com D. Carlota Joaquina. A cantora precisou de uma autorização especial, para cantar em público, porque nessa altura estava proibido às mulheres cantarem em público, numa corte pouco esclarecida como a de D. Maria I. Luísa Todi tinha a capacidade invulgar de cantar com a maior perfeição e expressão em francês, inglês, italiano e alemão. Em 1799 terminou a sua carreira em Nápoles. Regressou a Portugal e cantou ainda no Porto, em 1801, cidade onde ficou a viver. Luísa Todi enviuvou em 1803 e depois perdeu as suas famosas jóias, no trágico acidente da Ponte das Barcas, quando os exércitos de Napoleão, em 1809 invadiram a cidade. Viveu em Lisboa de 1811 até ao final da vida, consta que com algumas dificuldades e cega.

3 POEMAS DE MÁRIO CESARINY


Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro·
Em todas as ruas te perco·
conheço tão bem o teu corpo·
sonhei tanto a tua figura·
que é de olhos fechados que eu ando·
a limitar a tua altura·
e bebo a água e sorvo o ar·
que te atravessou a cintura·
tanto, tão perto, tão real·
que o meu corpo se transfigura·
e toca o seu próprio elemento·
num corpo que já não é seu·
num rio que desapareceu·
onde um braço teu me procura·
Em todas as ruas te encontro·
Em todas as ruas te perco·

Lembra-te·

que todos os momentos·
que nos coroaram·
todas as estradas·
radiosas que abrimos·
irão achando sem fim·
seu ansioso lugar·
seu botão de florir·
o horizonte·
e que dessa procura·
extenuante e precisa·
não teremos sinal·
senão o de saber·
que irá por onde fomos·
um para o outro·
vividos·


poema

Faz-se luz pelo processo·
de eliminação de sombras·
Ora as sombras existem·
as sombras têm exaustiva vida própria·
não dum e doutro lado da luz mas do próprio seio dela·
intensamente amantes
loucamente amadas·
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta·
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem·
Por outro lado a sombra dita a luz·
não ilumina
realmente
os objectos·
os objectos vivem às escuras·
numa perpétua aurora surrealista·
com a qual não podemos contactar·
senão como amantes·
de olhos fechados·
e lâmpadas nos dedos
e na boca·

MÁRIO CESARINY (1923-2006)









Mário Cesariny de Vasconcelos, nasceu e morreu em Lisboa - pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismo português.
Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e estudou música com o compositor Fernando Lopes Graça. Durante a sua estadia em Paris em 1947, frequentou a Académie de la Grande Chaumière. Foi em Paris que conheceu André Breton, cuja influência o leva a criar no mesmo ano o Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com figuras como António Pedro, José Augusto França, Cândido Costa Pinto, Vespeira, Moniz Pereira e Alexandre O´Neill. Este grupo surgiu como forma de protesto contra o regime político vigente e contra o neo-realismo. Mais tarde, fundou o anti-grupo (dissidente),"Os Surrealistas" do qual faziam parte entre outros: António Maria Lisboa, Risques Pereira, Cruzeiro Seixas, Pedro Oom, Fernando José Francisco e Mário Henrique Leiria.
Mário Cesariny adoptou uma atitude estética de constante experimentação nas suas obras e praticou uma técnica de escrita e de (des) pintura amplamente divulgada entre os surrealistas. Introduziu também a técnica designada “cadáver esquisito”, que consiste na construção de uma obra por três ou quatro pessoas, num trabalho em cadeia criativa em que cada um dá continuidade, em tempo real, à criatividade do anterior, conhecendo apenas parte do que este fez.
Algumas obras de poesia, que eu conheço: Corpo Visível; Manual de Prestidigitação; Pena Capital.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ALMOÇO DE 15 DE AGOSTO

Uma comédia de Gianni di Gregorio, realmente com piada, mas é da própria vida real que acabamos por nos rir!...
Filme de poucos recursos financeiros, que ganhou 4 prémios em Festivais de Cinema: Veneza, Londres, Bratislava e França.

BARBARA HENDRICKS - AVÉ-MARIA de SCHUBERT

BARBARA HENDRICKS


Barbara Hendricks, nasceu em 1948, Stephens, Arkansas, Estados Unidos, mas depois tornou-se cidadã sueca. Hendricks graduou-se a aos vinte anos na Universidade em matemáticas e química e a seguir foi para Juilliard School em Nova York, onde estudou canto com a mezzosoprano Jennie Tourel e participou também nos masterclasses de Maria Callas.
Em 1974 esteve na Europa, para cantar no Festival de Glyndebourne e nos Estados Unidos cantou na Ópera de San Francisco e na Santa Fe Opera. A partir daí cantou nos teatros de ópera mais importantes do mundo: Ópera de París, Metropolitan de New York, Royal Opera House de Londres e no la Scala de Milán, trabalhando com directores, como Herbert von Karajan e Neville Marriner. Em 1998 interpretou o papel de Liù numa representação histórica da ópera Turandot na Cidade Proibida de Pekín. Em 1994 participou numa gravação da ópera The Rake's Progress, que recebeu prémios internacionais.
Em 1987 tinha sido condecorada com a Legião de Honra francesa e em 2000 recebeu o
Premio Príncipe de Asturias de las Artes.
No seu reportório incluí o jazz e participou no Festival de Jazz de Montreux.
Participou ainda nos filmes: Aida's Brothers and Sisters de Jan Schmidt-Garre and Marieke Schroeder e no filme de Comencini, La Boheme, de Puccini.

Hendricks tem trabalhado bastante para os refugiados e apoia o trabalho do Alto Comisário das Nações Unidas para os Refugiados. Foi nomeada Embaixadora vitalícia da organização. Desde 2000, é membro do conselho da Fundação para a Educação dos Refugiados, organização dedicada à educação pós-primaria dos jóvens refugiados do mundo.
Em 1991 e 1993, ofereceu dois concertos nas cidades da ex Jugoslavia, Dubrovnik e Sarajevo.
Em 1998 fundou a Fundação Barbara Hendricks para a Paz e a Reconciliação, para facilitar a reconciliação nos lugares onde ocorreram conflitos. Em 2001 participou na cerimónia do Premio Nobel, entregando o prémio a Kofi Annan.
Em 2002 participou na Cerimónia da Independência de Timor.

ANTÓNIO PEDRO (1909-1966)







António Pedro da Costa, nasceu na cidade da Praia e morreu em Moledo, foi encenador, escritor e artista plástico.
Frequentou o Instituto Nuno Álvares, da Companhia de Jesus, em La Guardia, após o que ingressou na Universidade de Lisboa, tendo frequentado a Faculdade de Direito e a Faculdade de Letras, mas não concluiu nenhum dos cursos. Foi para Paris, onde chegou a estudar no Instituto de Arte e Arqueologia da Universidade de Sorbonne.
Com uma forte ligação ao teatro, foi director do Teatro Apolo (Lisboa) em 1949 e director, figurinista e encenador do Teatro Experimental do Porto entre 1953 e 1961. O Teatro Experimental teve na fase de presença de António Pedro, uma das suas épocas de grande apogeu na altura, pela criatividade imensa deste grande homem. Era uma adolescente, muito adolescente, mas lembro-me muito bem disso. Entre 1944 e 1945, foi crítico de arte e cronista da BBC em Londres.
Percursor do movimento surrealista português, na década de 1940, ao lado de Mário Cesariny, integrou a I Exposição Surrealista em Lisboa.
Grande parte da sua obra como pintor, perdeu-se devido a um incêndio no seu atelier.

ANTÓNIO LOBO ANTUNES (Lisboa 1942-)


António Lobo Antunes nasceu em Lisboa. Estudou na Faculdade de Medicina de Lisboa e especializou-se em Psiquiatria. Exerceu, durante vários anos, a profissão de médico psiquiatra. Em 1970 foi mobilizado para o serviço militar. Embarcou para Angola no ano seguinte, tendo regressado em 1973. Em 1979 publicou os seus primeiros livros, MEMÓRIA DE ELEFANTE e OS CUS DE JUDAS, seguindo-se, em 1980, CONHECIMENTO DO INFERNO. Estes primeiros livros são marcadamente biográficos, e estão muito ligados ao contexto da guerra colonial e transformaram-no imediatamente num dos autores contemporâneos mais lidos e discutidos, no âmbito nacional e internacional.
Foi militante da APU (Aliança Povo Unido - coligação liderada pelo Partido Comunista Português) em 1980.
Em entrevista ao DN em Fevereiro de 2009, Lobo Antunes anunciou que irá deixar de publicar dentro de dois anos, após a publicação do seu derradeiro livro.
Temática – Estilo – Obra - Prémios
Muitos dos livros de António Lobo Antunes referem ou reportam-se a todo o processo de passagem do fim do Estado Novo até à implantação da Democracia. O fim da Guerra Colonial, o fim de um mundo burguês marcado por valores conservadores e retrógados. Os problemas de mudança social rápida no 25 de Abril e consequentemente a instabilidade política vivida em Portugal. Esse processo de passagem é espelhado nas relações familiares. Regra geral aparecem nos romances deste autor, famílias disfuncionais em que o indivíduo está a perder as suas referências, em que a comunicação é nula ou superficial, entre os seus membros. Regra geral os anti-heróis dos seus romances são pessoas que exercem profissões liberais, oriundos de "boas famílias".
O estilo de Lobo Antunes é de uma escrita densa. O leitor tem algum esforço de leitura porque, por exemplo, não é raro haver mudanças de narrador e assim o leitor tem tendência a "perder o fio à meada". No entanto, apesar de não ser um autor, que opte por uma escrita fácil, Lobo Antunes, constitui um fenómeno de vendas e é muito lido internacionalmente.
No género de James Joyce ou de Faulkner, o narrador é por vezes trocado, como se o ponto de vista saltasse de personagem em personagem. Isto dá uma impressão de caleidoscópio no desenrolar da narrativa.
Os livros de Lobo Antunes são muito obsessivos e labirínticos dando um tom geral de claustrofobia e paranóia às suas obras. Apesar disso as suas obras apresentam uma diversidade linguística notável.
Ocorre muitas vezes numa descrição ou pensamento do que está a acontecer a um personagem aparecerem sobrepostos tanto o que está "realmente" a acontecer como uma realidade imaginária. Outros processos típicos são as metáforas. Ocorrem também, várias descrições simultâneas, tanto físicas como de pensamentos. É habitual uma realidade do passado estar misturada com uma realidade do presente. No meio de um diálogo serem inseridos diálogos imaginários ou do tempo passado. Estes processos são usados com mestria por este autor resultando em efeitos de grande valor literário.
Escreveu: Explicação dos Pássaros, Fado Alexandrino, Auto dos Danados, As Naus, Tratado das Paixões da Alma, A Ordem Natural das Coisas, A Morte de Carlos Gardel, O Manual dos Inquisidores, O Esplendor de Portugal, Exortação aos Crocodilos, Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura, Que Farei Quando Tudo Arde, Boa Tarde às Coisas Aqui Em Baixo, Eu Hei-de Amar uma Pedra, Ontem Não te Vi em Babilónia e O Meu Nome É Legião, O Arquipélago da Insónia, Que Cavalos são aqueles que fazem Sombra no Mar? (para ser publicado em 2009) – constam, ainda, três volumes de crónicas.
Já recebeu muitos prémios, como: por duas vezes, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa, o Prémio Europeu de Literatura (Áustria), o Prémio Ovídio (Roménia), o Prémio Internacional de Literatura da União Latina (Roma), o Prémio Rosalía de Castro (Galiza), o Prémio Jerusalém de Literatura, o Prémio Iberoamericano das Letras José Donoso e o Prémio Camões.

terça-feira, 28 de abril de 2009

ANTÓNIO DACOSTA (1914-1990)









António Dacosta - poeta e pintor português, que nasceu em Angra do Heroismo.
Dacosta deixou a Terceira em 1935 e veio para Lisboa, onde fez os seus estudos na Escola Superior de Belas-Artes.Participou na exposição surrealista de 1940 em Lisboa.
Em 1947, foi viver como bolseiro para Paris.
Foi um dos principais nomes da pintura surrealista em Portugal. Abandonou a pintura em 1949, dedicando-se em seguida à literatura (crítica de Arte), tendo sido cronista em vários jornais e revistas.Um dos motivos que o fez abandonar a pintura foi a perda de grande parte das suas obras que arderam num incêndio.Em 1975, retomou a pintura.
António Dacosta ganhou o Prémio Amadeu Souza-Cardoso (1942).

LEONTYNE PRICE - Summertime - ÓPERA PORGY ANDA BESS

LEONTYNE PRICE (1927-)


Mary Violet Leontyne Price, nasceu num bairro negro, em Laurel, Mississipi. O seu pai era serrador e a sua mãe empregada doméstica. Os seus pais souberam reconhecer o seu talento em criança e desde muito pequena começou a tocar piano. A família branca Chisholms, muito influentes em Laurel, animaram Leontyne a prosseguir os seus estudos e convidaram-na para dar recitais em sua casa. Obtendo uma bolsa de estudo, foi estudar para a
Universidade Central do Estado, em Ohio. Estudou Educação Musical e Canto e conseguiu outra bolsa de estudo, para ir continuar os seus estudos na Juilliard School. Foi aí que cantou o papel de Bess, da ópera Porgy and Bess, de George Gershwin. Fez uma tournée pela Europa e acabou por casar com, William Warfield, que cantava o papel de Porgy. Divorciaram-se em 1972.
Em 1955, Price foi contratada para cantar na televisão (NBC) a ópera Tosca. A transmissão foi um sucesso e obteve as melhores críticas. Em 1957, Price interpretou o papel de Madame Lidoine da ópera Diálogos de carmelitas de Poulenc, para a Ópera de San Francisco.
No ano seguinte, foi convidada por Herbert von Karajan um seu grande admirador, para participar na ópera Aïda na Ópera de Viena. A partir daí a colaboração do maestro com a cantora, foi constante. Cantou nas grandes salas de ópera, como na Royal Opera House, de Covent Garden e no La Scala de Milán.
Em 1961, Leontyne cantou no Metropolitan Opera de Nueva York, teve 42 minutos de ovação. A partir daí teve muitos e grandes éxitos nesta catedral da ópera. Foi a primeira negra a cantar no Met. Sua ascensão, simbolizou também, uma conquista dos negros norte americanos dos anos 60. Leontyne abriu o caminho a outras cantoras negras. O crítico Harold Schonberg do New York Times escreveu: “Sua voz era sombria e rica nos tons baixos, perfeitamente regular na transição de um registo para outro, e imaculadamente pura nos tons altos”. Ampliou o seu reportório cantando: Mozart, Puccini e Richard Strauss, mas nunca deixou os seus papeis verdianos. Também fez recitais de áreas e canções. Price retirou-se em 1985, cantando a Aïda no Met. Continuou a fazer recitais até à década de 90. Em 1991 reapareceu na Gala Centenária do Carnegie Hall, para cantar a ária, Zweite Braunacht de, A Helena Egipcia de Richard Strauss.
Em 2001 saiu do seu retiro, para fazer uma memorável aparição no Carnegie Hall, no concerto em memoria das vítimas dos ataques às Torres Gémeas, cantando, God bless America.
Em 2008 recebeu o Prémio Opera News outorgado por o Metropolitan Opera Guild.
Leontyne Price vive em Greenwich Village, na cidade de New York.

MÁRIO DE CARVALHO (1944-)


Mário de Carvalho nasceu em Lisboa e licenciou-se em Direito. Desde jovem que se envolveu na luta antifascista, tendo estado preso ainda na década de 60 e durante o serviço militar. A sua luta política levou-o ao exílio, primeiro em França, depois na Suécia. Após o 25 de Abril regressou a Portugal. A sua estreia literária deu-se em 1981, tendo desde aí tem publicado regularmente uma grande diversidade de géneros: romance, drama, contos, guiões.
A sua escrita é extremamente versátil e torna-se impossível incluí-lo numa escola literária. A crítica considera-o um dos mais importantes ficcionistas da actualidade e a sua obra encontra-se traduzida em vários países.
Recebeu diversos prémios, podendo-se destacar, na sua bibliografia, o romance histórico, UM DEUS PASSEANDO PELA BRISA DA TARDE, que constitui o seu melhor sucesso de vendas e que mereceu a aclamação da crítica, tendo sido distinguido com o Grande Prémio da APE (romance) 1995, o Prémio Fernando Namora 1996 e Prémio Pégaso de Literatura.
UM DEUS PASSEANDO PELA BRISA DA TARDE, é realmente um romance extraordinário.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

ANNA MOFFO - LA FILLE DU REGIMENT - DONIZETTI

ANNA MOFFO (1932-2006)


Anna Moffo, foi uma soprano lírico-coloratura norte americana, activa principalmente na década de 1960. Durante seu apogeu, Moffo foi muito admirada pela pureza de sua voz e pela sua grande beleza física.
Após graduar-se na Radnor High School, foi-lhe oferecida a oportunidade de ir para Hollywood, mas como tinha ganho uma bolsa de estudos, para o Curtis Institute of Music na Philadelphia, optou pela música. Depois ganhou uma bolsa de estudos para estudar no Conservatório di Santa Cecilia em Roma. Estreou-se em 1955, na ópera Don Pasquale de Donizetti, em Spoleto.
No ano seguinte, apareceu numa produção para a televisão, na Madama Butterfly, encenada por Mario Lanfranchi, um produtor pela RCA Victor e RAI, com quem casou. Cantou no La Scala, assim como no Festival de Salzburg e no Vienna State Opera, conduzida por Herbert von Karajan. Continuou a apresentar-se em Vienna até os anos 70 e cantou várias óperas, como: Rigoletto, de Verdi, Manon, de Massenet, Faust,de Gounod, Carmen, de Bizet, La Bohème, de Puccini, La Traviata, de Verdi, La Sonnambula, deVincenzo Bellini.
Moffo também trabalhou na América na Lyric Opera of Chicago e no Metropolitan Opera.
Moffo. Divorciou-se de Lanfranchi em 1972 e casou-se com o antigo director da RCA, Robert Sarnoff em 1974 (ficou viúva em 1997). No fim da década de 70, a sua voz tornou-se mais encorpada e apresentou-se em papéis mais pesados em óperas de Verdi, como Il Trovatore e Stiffelio.
Moffo foi particularmente popular na Itália, foi apresentadora "The Anna Moffo Show" de 1960 a 1973 e foi votada como uma das mulheres mais bonitas na Itália.
Moffo morreu em Nova Iorque, em 2006, de um derrame, após lutar com complicações de cancro na mama, nos últimos 10 anos, da sua vida.

JOSÉ CARDOSO PIRES (1925-1998)


Nasceu em São João do Peso, Vila de Rei, onde viveu até ir para Lisboa, com os seus pais. Passou grande parte da sua infância e adolescência na capital, onde frequentou o Liceu Camões e foi aluno de Rómulo de Carvalho (António Gedeão). Mais tarde ingressou no curso de Matemáticas Superiores na Faculdade de Ciências de Lisboa, que não chegou a concluir.
A sua experiência da vida boémia, da rua e da noite, resultou num conhecimento que transpôs para alguns dos seus textos. Foi oficial da Marinha Mercante (embora por pouco tempo), e realizou esporadicamente trabalhos como jornalista e redactor de publicidade, até se dedicar definitivamente à escrita. Foi colaborador de várias publicações entre as quais a revista "Almanaque", "Diário de Lisboa", "Gazeta Musical e de Todas as Artes" e revista "Afinidades".
Da sua vasta obra li:
O Delfim (Romance), Dinossauro Excelentíssimo (Sátira), O Burro em Pé (Contos), Balada da Praia dos Cães (Romance), Alexandra Alpha (Romance), De Profundis, Valsa Lenta (Crónicas).
Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema, como: Balada da Praia dos Cães, Casino Oceano, O Delfim, A Rapariga dos Fósforos, Ritual dos Pequenos Vampiros.
Teve vários prémios, dos quais destaco: Prémio Pessoa, Grande Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, Grande Prémio de Romance e Novela, pela Associação Portuguesa de Escritores, (Balada da Praia dos Cães), Prémio D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus, (De Profundis, Valsa Lenta)

ROQUE GAMEIRO (1864-1935)







Alfredo Roque Gameiro nasceu em Minde e morreu em Lisboa. Foi um pintor, especializado na arte da aguarela.
Estudou na Academia Nacional das Belas Artes e frequentou também a Escola de Artes e Ofícios de Leipzig, como bolsista do governo português, onde estudou litografia com Ludwig Nieper. De regresso a Portugal, em 1886, dirigiu a Companhia Nacional Editora e em 1894 foi nomeado professor na Escola Industrial do Príncipe Real.
Foi bastante premiado, entre outros prémios pode destacar-se: Medalha de Honra de Mérito Municipal (Lisboa); 1ª Medalha em aguarela e em desenho no Grémio Artístico (1897-1898); Medalha de honra na Sociedade Nacional de Belas-Artes (1910); Medalha de ouro do Salon de Paris (1900) e Grand Prix, na Exposição Internacional do Rio de Janeiro (1908).Também foi eleito membro da Real Academia de Belas-Artes de S. Fernando, de Madrid (1923)

domingo, 26 de abril de 2009

KIRI TE KANAWA canta a ária «vissi d'arte», da ópera TOSCA de PUCCINI

KIRI TE KANAWA


Kiri Te Kanawa, nasceu em 1944 e é uma soprano neozelandesa, que se estabeleceu em Inglaterra desde 1966. Quando chegou ao país optou por continuar os seus estudos de canto no renovado London Opera Centre. Após várias apresentações em teatros de menor projecção, estreou com redundante sucesso na Royal Opera House (Covent Garden) em 1971 no papel da Condessa Almaviva, na ópera As Bodas de Fígaro, de Mozart. É considerada uma das melhores interpretes de Mozart.
Prima Donna da Royal Opera House, em seu palco apresentou-se ao longo de três décadas. Foi convidada pelo príncipe Charles de Windsor, seu admirador e amigo, para cantar no seu casamento com Lady Di. Todos os grandes teatros de ópera do mundo a tiveram em seus palcos, principalmente o Metropolitan Opera House, de Nova Iorque que já a recebeu inúmeras vezes.
É divorciada e mãe de um casal de filhos. Ambos - como ela mesma o é - adoptados. Hoje, semi-aposentada, continua a morar na Inglaterra e dedica-se à Fundação Kiri Te Kanawa que criou em Auckland, no seu país natal, para ajudar os talentos da música erudita locais. Sua portentosa e aveludada voz, somada a uma técnica impecável e a uma presença cénica forte e carismática garantem o seu nome, na galeria das maiores cantoras líricas de todos os tempos.
Em 2008 apresentou-se no Casino Estoril, concerto do qual um dos pontos altos foi o dueto com Mariza, em Summertime.

SOBRAL CENTENO






Nasceu em 1948 na cidade do Porto.
Tirou o Curso de Artes Plásticas da Escola Superior de Belas-Artes do Porto e foi
Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian de 1983 a 1985.
Começou a expor em 1983 em Portugal. Espanha, Alemanha, Chile, Dinamarca, Brasil.
Está representado em numerosas colecções públicas e privadas, como: Museu Amadeo Souza Cardoso, Museu Arte Contemporânea Pernambuco, Olinda, Brasil; Casa-Museu Teixeira Lopes; Centro Arte Moderna Fund. Calouste Gulbenkian; Cam. Municipal V. Nova Cerveira; Instituto Politécnico Porto; Banco Port. Atlântico; Banco Espírito Santo, Banco Comercial Macau; Manufacture4s Hanover; Ass. Nacional Farmácias Lisboa.

BERNARDO SANTARENO (1924-1980)

Bernardo Santareno, pseudónimo literário de António Martinho do Rosário é considerado o maior dramaturgo do século XX e está completamente esquecido.
Bernardo Santareno nasceu em 1924, em Santarém, no Ribatejo. Estudou no Liceu em Santarém, após o que frequentou os cursos preparatórios para a Faculdade de Medicina, na Universidade de Lisboa. Em 1945 transferiu-se para a Universidade de Coimbra, onde se licenciou em medicina psiquiátrica.
Em 1957 e 1958, a bordo dos navios David Melgueiro, Senhora do Mar e do navio hospital Gil Eanes, acompanhou as campanhas de pesca do bacalhau como médico. A sua experiência no mar serviu de inspiração a muitas das suas obras, como O Lugre, A Promessa e o volume de narrativas, Nos Mares do Fim do Mundo.
Intelectual de esquerda, teve várias vezes problemas com o regime salazarista, tendo a sua peça, A Promessa, sido retirada de cena após a estreia, por pressão da Igreja Católica. Depois da Revolução de 1974 militou activamente no partido MDP/CDE.
Foi distinguido por três vezes com o Prémio Imprensa.
Morreu em Oeiras, em 1980, com 59 anos de idade.


Santareno deixou inédito um dos seus mais vigorosos dramas, O Punho, cuja acção se localiza no quadro revolucionário da Reforma Agrária, em terras alentejanas. Revelou-se como autor de teatro, depois de publicar três livros de poesia: Morte na Raiz, Romances do Mar, Os Olhos da Víbora, onde se enunciam alguns temas e motivos dominantes da sua obra dramática.
Reconhecido como o mais pujante dramaturgo português do século XX, a sua obra reparte-se por dois ciclos, menos distanciados um do outro do que a evolução estética e ideológica do autor terá feito supor, já que as peças compreendidas em qualquer deles respondem à mesma questão essencial: a reivindicação feroz do direito à diferença e do respeito pela liberdade e a dignidade do homem face a todas as formas de opressão, a luta contra todo o tipo de discriminação, política, racial, económica, sexual ou outra.
Esta temática exprime-se, nas peças integrantes do primeiro ciclo: (A Promessa, O Bailarino, A Excomungada, O Lugre, O Crime de Aldeia Velha, António Marinheiro ou o Édipo de Alfama, Os Anjos e o Sangue, O Duelo, O Pecado de João Agonia e Anunciação), através de um naturalismo poético, apoiado numa linguagem extremamente plástica e coloquial e estruturado sobre uma acção de ritmo ofegante que atinge, nas cenas finais, um clima de trágico paroxismo.
A partir de 1966, com a "narrativa dramática" O Judeu, que retrata o calvário do dramaturgo setecentista António José da Silva, queimado pelo Santo Ofício, o autor plasma as suas criações no molde do teatro épico de matriz brechteana, adaptando-o ao seu estilo próprio, e assume uma posição de crescente intervencionismo, que irá retardar até à queda do regime fascista a representação dessa e das suas peças seguintes: O Inferno, A Traição do Padre Martinho e Português, Escritor, 45 Anos de Idade, drama carregado de notações autobiográficas e que seria o primeiro original português a estrear-se depois de restaurada a ordem democrática no país.
Em 1979, depois de uma curta incursão no teatro de revista, publica quatro peças em um acto sob o título genérico, Os Marginais e a Revolução (Restos, A Confissão, Monsanto e Vida Breve em Três Fotografias), em que combina elementos das duas fases da sua obra.

Santareno, ele próprio um homossexual, aborda a temática da homossexualidade em muitas das suas peças, antevendo a importância que esta questão — e outras relacionadas com os direitos e as liberdades individuais face aos preconceitos morais e sociais da época, como o adultério, a virgindade, o papel da mulher no casamento, a moral religiosa, e outros — viriam a ter num futuro mais ou menos próximo. A homossexualidade desempenha papel central no drama de algumas das suas obras, como em O pecado de João Agonia, em que o "pecado" é a orientação sexual de João, ou em Vida Breve em Três Fotografias, em que prostituição masculina é o ponto fulcral.

LIVROS - LER

Neste blogue tenho escrito muito sobre livros e escritores, alio-me aos que defendem a causa de ler e tenho a certeza que tudo seria bem melhor, se as pessoas se dedicassem mais à leitura, às boas leituras, claro está! Presentemente há muitos escritores, que se aproveitam da sua exposição mediática, para escrever. Isto não tem dado bons resultados a nível da literatura, mas como o objectivo é vender, este estratagema tem resultado. São modas que passam e livros que se esquecem. Ler é algo mais sério, que resulta de um investimento profundo de uma pessoa na escrita, por isso os grandes livros perduram e onde perdurar.
Há pessoas que até compram muitos livros, mas não os lêem, ficam a encher a estante! Dizem que não têm tempo, mas são capazes de perder umas horas a ver programas televisivos, sem nenhuma qualidade, quando ao ler um livro, ganhariam muito mais.
Para mim a leitura sempre foi um dos meus grandes prazeres e que tenho cultivado desde muito nova, isto não foi inculcado, isto parece que nasceu comigo. Posso ser repetitiva neste meu blogue, mas como considero que o mesmo deve passar alguma mensagem e ter alguma utilidade, estabeleci como meu contributo, escrever sobre as coisas, que na vida me dão prazer: a leitura, o cinema, a pintura, a música e também sobre um bom passeio, onde se areja, mas também onde se possa enriquecer em conhecimento e conhecer tudo: as pessoas, as paisagens, os monumentos, os cheiros, os aromas e tudo mais que venha por acréscimo. Obviamente que há outros problemas - A CRISE! A crise política, económica, social...nesta altura da minha vida já me mentalizei, que o melhor é vogar sobre todas essas coisas, que me revoltam e ir resolvendo os problemas que me batem à porta. Já há muita gente que gosta de se referir a essas questões, com o intuito de nos esclarecer e também com o de nos aldrabar. Estou cheia dessa «poluição»!?....

sábado, 25 de abril de 2009

CARICATURAS DE ANTÓNIO


ANTÓNIO ANTUNES

Um dos melhores caricaturistas nacionais de todos os tempos. considerado como o melhor caricaturista político português das últimas décadas.
António Moreira Antunes nasceu em Vila Franca de Xira a 12 de Abril de 1953. Com formação artística em pintura pela Escola António Arroio e frequência da Escola Superior de Belas Artes. No dia em que deflagrou o golpe das Caldas, António iniciou a sua carreira de cartoonista no vespertino República, na edição de 16 de Março de 1974, onde fez um desenho simbólico que viria a ser uma alegoria premonitória da revolução que rapidamente se aproximava. Em Dezembro de 1974, António transfere-se para o Expresso, depois da passagem pelo Diário de Notícias, A Capital, A Vida Mundial e O Jornal. É na edição do Expresso de 4 de Novembro de 1975, que nasce uma espécie de banda desenhada intitulada Kafarnaum que iria acender a polémica durante 100 semanas, trabalhos que iriam ser mais tarde reunidos naquele que viria a ser o seu primeiro livro. António a partir daí continua a ironizar a política com muita perspicácia e subtileza.

JOSÉ SARAMAGO (1922-)


Neste dia é pertinente, na minha senda pelas pessoas que se dedicaram à escrita, registar também aqui o nosso Prémio Nobel, que é um homem coerentemente de esquerda desde sempre, aprove-se ou não a esquerda que escolheu. Saramago, é ateu e ibérico e é membro do Partido Comunista Português, foi também, juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).
José de Sousa Saramago nasceu numa aldeia do Ribatejo, chamada Azinhaga, de uma família pobre. A vida simples (com dois anos mudou-se para Lisboa), impediu-o de ingressar numa universidade, apesar do gosto que demonstrou desde cedo pelos estudos. Para garantir o seu sustento, formou-se em numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi como mecânico de carros. Entretanto, fascinado pelos livros, à noite visitava com grande frequência a Biblioteca Municipal. Autodidacta, aos 25 anos publicou o primeiro romance Terra do Pecado (1947), no ano do nascimento da sua filha, Violante, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis. Em 1955, começou a fazer traduções para aumentar os rendimentos – Hegel, Tolstoi e Baudelaire, entre outros autores a quem se dedicou.
Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia, que foi rejeitado e permanece inédito até hoje. Saramago persiste nos esforços literários e, 19 anos depois – então funcionário da Editorial Estudos Cor - troca a prosa pela poesia e lança, Os poemas Possíveis, a seguir irá publicar mais dois livros de poesia. Troca de emprego, para ingressar nos jornais Diário de Notícias e depois no Diário de Lisboa. Em 1975, retorna ao Diário de Notícias como director-adjunto, onde permaneceu por dez meses, até 25 de Novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalismo pelo ficcionismo. Escreve crónicas, contos, teatro, mas foi através do romance que se tornou um dos autores portugueses de maior destaque. Três décadas depois de publicado, Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com: Manual de Pintura e Caligrafia. Mas, as marcas características do seu estilo só apareceram com, Levantado do Chão (1980), livro no qual o autor retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.
Dois anos depois surgiu Memorial do Convento, livro que conquistou definitivamente a atenção de leitores e críticos. De 1980 a 1991, o autor publica mais quatro romances que remetem a factos, problematizando a interpretação da "história" oficial: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) ; A Jangada de Pedra (1986) ; História do Cerco de Lisboa (1989) e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) - onde Saramago reescreve o livro sagrado sob a óptica de um Cristo humanizado (sua obra mais controversa).
Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicará mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens da história se ausentam: Ensaio sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); As Intermitências da Morte (2005). Depois ainda escreveu: As Pequenas Memórias e A Viagem do Elefante.

Saramago é conhecido por utilizar frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros: este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Estas características tornaram o estilo de Saramago único na literatura contemporânea: é considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, considerou José Saramago "o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje" referindo-se a ele como "o Mestre".
Dentre os prémios que recebeu, destacam-se o Prémio Camões (1995) - distinção máxima oferecida aos escritores de língua portuguesa e o Prémio Nobel de Literatura (1998) - o primeiro concedido a um escritor de língua portuguesa.
O seu livro, Ensaio sobre a Cegueira, foi adaptado ao cinema pelo realizador Fernando Meirelles e O Memorial do Convento, foi adaptado a ópera.
Saramago casou em 1988 com a jornalista e tradutora espanhola Maria del Pilar del Rio Sanchez e reside em Lanzarote (Espanha).

Certas polémicas, tem envolvido a vida deste escritor. As suas opiniões pessoais sobre religião ou sobre a luta internacional contra o terrorismo são discutidas e algumas resultam mesmo em acusações de diversos quadrantes. Logo após a atribuição do Prémio Nobel, o Vaticano repudiava a atribuição da honraria a um "comunista inveterado".
O livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" foi adaptado para o teatro em 2001. A peça foi motivo de uma crítica ferrenha por parte de grupos religiosos, que consideram a obra uma ofensa à Igreja e Saramago resolveu deixar Portugal e ir viver para a Ilha de Lanzarote (Espanha).
Outro caso que tem tido alguma repercussão relaciona-se com a posição crítica do autor em relação à posição de Israel no conflito contra os palestinianos. Numa entrevista ao jornal O Globo, afirmou que: os Judeus não merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto... Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós. Foi atacado de anti-semita. Em defesa de Saramago, diversos autores afirmaram que ele não se insurge contra os judeus, mas contra a política de Israel.
É defensor de uma integração de Portugal numa Federação Ibérica, considerando que Portugal só teria a ganhar com isso.
Sempre atento às injustiças da era moderna, vigilante das mais diversas causas sociais, Saramago não se cansa de investir, usando a arma que lhe coube usar, a palavra.

HPP - Recordar VIRIDIANA de LUIS BUNUEL (1900-1983)

CENA DO FILME QUE NUNCA MAIS SE ESQUECE - UMA RECRIAÇÃO DA ÚLTIMA CEIA.
Este filme foi feito em 1961, foi um escândalo e a sua exibição foi proibida em vários países, como Espanha, Portugal e Itália, mas ganhou a «Palma de Ouro» no Festival de Cannes e é considerado uma obra-prima. Em Portugal este filme só foi visto em 1976.
ARGUMENTO: A noviça Viridiana, contra a sua vontade vai visitar o seu tio, Don Jaime que vive sozinho, desde a morte da mulher, em plena noite de núpcias. Ao ver Viridiana, o tio fica perturbado, pela sua semelhança com a mulher que morreu. Quer que Viridiana fique com ele e com a cumplicidade da criada, Ramona, adormece Viridiana e, tenta abusar dela durante o sono. Quando lhe diz, Viridiana foge, mas a caminho do convento tem que voltar para trás, porque o seu tio se suicidou. Fica na quinta e decide consagrar a vida albergando pobres. Entretanto chega o filho de Don Jaime, Jorge, resultado de uma aventura antes do casamento. Jorge ironiza com as ideias de Viridiana. Um dia têm que sair os dois, para tratar de assuntos notariais e os mendigos invadem a casa e fazem uma ceia. Com os calores do álcool, o resultado é uma destruição de tudo e um deles, quando Viridiana chega tenta violá-la. Jorge corre com toda aquela gente, com a ajuda da polícia. Viridiana sente-se pouco recompensada pela sua devoção, descobre-se como mulher e vai juntar-se a Jorge e a Ramona, um «ménage à trois».

Sempre gostei bastante deste realizador, que saiu de Espanha no fim da guerra civil e se exilou e naturalizou mexicano. Depois do êxito de «Viridiana», tornou-se conhecido internacionalmente.
Fez parte do grupo surrealista, tendo feito os seus primeiros trabalhos conjuntamente com Salvador Dali.
Deste realizador que descobri depois do 25 de Abril vi alguns filmes, como: O Cão Andaluz, A Idade de Ouro, Las Hurdes, Tierra sin Pan, Los Olvidados, O Anjo Exterminador, Diário de uma Criada de Quarto, Bela de Dia», A Via Láctea, Tristana, O Discreto Charme da Burguesia (Óscar), O Fantasma da Liberdade e o Obscuro Objecto do Desejo.


25 DE ABRIL

«Foi bonito pá!», como diz o Chico Buarque numa canção. Já passaram 35 anos e hoje vive-se uma realidade muito triste, muito desanimadora. Como diz Manuel António Pina, no JN, citando Carlyle, no seu livro «História da Revolução Francesa»: as revoluções são sonhadas por idealistas e realizadas por fanáticos, e quem delas se aproveita são os oportunistas de todas as espécies.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

MARILYN HORNE CANTA HÄNDEL

MARILYN HORNE (1934-)


Horne nasceu em Bradford, mas mudou-se com os pais para Long Beach, California quando tinha 11 anos de idade. Estudou canto na University of Southern California School of Music.
Marilyn Horne, é uma mezzo-soprano, começou a carreira como soprano lírico, porém ao correr dos anos a voz amadureceu e revelou-se um mezzo-soprano de proporções dramáticas, com grande flexibilidade e extensão. Especializou-se em papéis exigindo vozes volumosas, beleza de tom, excelente apoio e a habilidade de executar difícil coloratura.
Horne começou a carreira profissional em 1954, quando dobrou Dorothy Dandridge no filme Carmen Jones. Até então, havia trabalhado como "background singer" em vários programas de televisão. Estreou-se na ópera em Los Angeles. A sua carreira expandiu-se, quando as suas habilidades canoras foram descobertas por Igor Stravinsky. Teve uma grande carreira internacional, com um reportório vastíssimo.

MENEZ (1926-1995)





Menez (Maria Inês Ribeiro da Fonseca)
Teve uma infância cosmopolita, seguindo as colocações do padrasto, o diplomata Jorge Rodrigues dos Santos, conheceu Buenos Aires, Estocolmo, Paris, Suíça e Roma.Em 1946, casou com Ruy Leitão, e mudou-se para Washington, onde residiu até 1949. Teve três filhos.
Menez nunca frequentou qualquer escola de arte, tendo começado a pintar por iniciativa própria aos 26 anos. O escritor Ruben A., que era seu amigo, apresentou-a em 1954 a José-Augusto França, que dirigia nessa época uma Galeria, onde realizou a sua primeira exposição individual, de óleos e guaches.
A crítica de então referia-se ao seu expressionismo lírico e abstracto de influência francesa e atribuía a Menez a autoria fundadora desta tendência em Portugal (José-Augusto França).
As obras desta época afirmavam-se por um sentido agudo da luz e da cor, em composições abstractas onde as vagas geometrias introduziam um ritmo exclusivamente plástico na abstracção. A influência de Vieira da Silva, marcante para a geração de Menez, era evidente nestas primeiras obras, mas também as de Bonnard, Rothko e Matisse.
Em 1960, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, em Londres, e também entre 1965 e 1969, altura em que se tornou amiga de Paula Rego e do marido, de Patrick Caulfield, Hélder Macedo, Mário Cesariny e de João Vieira.
Expôs na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1961), ganhando o 2.º Prémio de Pintura.

1976 e 1977 foram anos violentos de luto para Menez, que perdeu os dois filhos mais velhos, sucessivamente.
Em 1990 foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa.
Menez foi convidada para realizar os painéis de azulejos, para a estação do Metropolitano de Lisboa - Rotunda. Os painéis retomaram a antiga monocromia oitocentista do azul e branco, com cenas relacionadas com a vida do Marquês de Pombal e alguns acontecimentos e personagens marcantes do seu tempo.
A morte do terceiro filho, em 1991, aliada a todos os factos dramáticos já ocorridos, fizeram esvair progressivamente a sua saúde. A sua morte ocorreu em 1995.