«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

domingo, 8 de fevereiro de 2009

CIDADE DOS QUE PARTEM - TEATRO CARLOS ALBERTO

Peça de teatro da «Palmilha Dentada» - texto de Ricardo Alves, Salgueirinho Maia
Do texto do programa: Alguns dizem que as tripas à moda do Porto surgiram porque as gentes da cidade ofereceram a carne para alimentar os lisboetas no cerco da cidade! Outros dizem que o sacrifício foi em nome da nação que se expandia além fronteiras em naus repletas de tripulações famintas. Outros dizem que é apenas uma má ideia de um mau cozinheiro. Outros dizem que quando a vida nos dá tripas temos que fazer feijoada. Nós? Dizer não dizemos nada. Desta vez cantamos. Cantamos a cidade e as tripas. Cantamos as chegadas e as partidas. Cantamos o que somos ou fomos e o que achamos que somos ou fomos, mas que afinal nunca chegámos a ser. E rimos bastante. Em primeiro lugar, rimos de nós mesmos. Depois rimos dos que nos governam, rimos dos que são governados, rimos dos que vão embora, rimos dos que cá ficaram, rimos dos que sonham e...sonhamos com eles. Portanto, voltamos a rir de nós mesmos.
...a cidade está envolta num nevoeiro tão espesso que favorece mais a gestão corrente do que uma visão de futuro, que por lá andam empresários do entretenimento que impingem «Máquinas de Felicidade» a presidentes da câmara que só respondem a «perguntas previamente colocadas por escrito». Mas de canção em canção, a «Palmilha Dentada» distancia-se do Porto e põe o dedo na ferida de muitas outras cidades - a indiferença. Uma tragicomédia cantada? Digamos que aqui o riso, quando morde, morde-nos a todos. O desencanto também.

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