«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

VICTOR HUGO (1802-1885) - UM GRANDE ESCRITOR E UM GRANDE HOMEM


Victor-Marie Hugo, escritor, poeta e grande activista político.
Nasceu, no Doubs, mas passou a infância em Paris. Estadias em Nápoles e em Espanha acabaram por influenciar profundamente a sua obra. Fundou com os seus irmãos em 1819 a revista, o Conservateur littéraire. No mesmo ano, ganhou o concurso da Académie des Jeux Floraux. O livro, Odes, uma recolha de poemas, foi publicado em 1822, com vinte anos. Com Cromwell, alcançou o sucesso. No prefácio deste drama em verso, que não foi encenado em vivo, opõe-se às convenções clássicas.
Tem, até uma idade avançada, diversas amantes, sendo a mais famosa Juliette Drouet, actriz sem talento que lhe dedicou a sua vida, e a quem ele escreveu numerosos poemas. Hugo foi educado pela mãe no espírito da monarquia, mas acabou por se convencer, do interesse da democracia. Tendo-se tornado favorável a uma democracia liberal e humanitária, foi eleito deputado da Segunda República em 1848, e apoiou a candidatura do "príncipe Louis-Napoléon". Exilou-se após o golpe de Estado de 1851, que condenou vigorosamente por razões morais em "Histoire d'un crime". Durante o Segundo Império, em oposição a Napoléon III, viveu no exílio.
Com a morte da sua filha, Leopoldina, começou a descobrir e a investigar experiências espíritas, escrevendo, "Les tables tournantes de Jersey".
De acordo com seu último desejo, o seu corpo foi depositado num caixão humilde, que foi enterrado no Panthéon. Tendo ficado vários dias exposto sob o Arco do Triunfo, estima-se que 1 milhão de pessoas, vieram prestar-lhe uma última homenagem.
O ESCRITOR E O POLÍTICO
A partir de 1849, Victor Hugo dedicou um quarto da sua obra à política, um quarto à religião e outro à Filosofia humana e social. Sempre foi um reformista e embora criticasse as misérias sociais, nunca adoptou o discurso socialista da luta de classes. Pelo contrário, ele próprio viveu uma vida financeiramente confortável, construída com seus próprios esforços, tornando-se um dos escritores mais bem remunerados da sua época. Acreditava no direito do homem usufruir dos frutos do seu trabalho, embora reforçasse a responsabilidade, que acompanha o enriquecimento pessoal. Deste modo, sempre buscou prosperar, enquanto doava uma parte significativa dos seus proventos, para diferentes obras de caridades.
O seu principal romance, Os Miseráveis, narra a história Jean Valjean, um homem que foge da prisão e reconstrói a sua vida, através do trabalho. Valjean monta uma empresa e através dela, torna a sua região mais próspera e usa a sua fortuna para ajudar os pobres. Este livro revela a filosofia política de Victor Hugo. É um mundo onde há cooperação e não luta entre as classes; onde o empreendedor desempenha um função essencialmente benéfica para todos; onde o trabalho é a via principal de riqueza pessoal e social; onde a intervenção estatal por motivos moralistas, sejam policiais ou revolucionários, obcecado pela justiça terrena, é um dos principais riscos para o bem de todos. Victor Hugo opôs-se à violência, quando ela se aplicava contra o poder democrático, mas justificava-a (conforme à Declaração dos Direitos do Homem) contra um poder ilegítimo. Em 1870, quando começou a Guerra Franco-Prussiana, condenou-a, dizendo que era uma "guerra de capricho" e não de liberdade.
Em seguida, o império é deposto, mas a guerra continuou, contra a república, Hugo publicou um apelo das massas, à resistência. Os republicanos moderados ficaram horrorizados, preferiam Bismarck aos "socialistas"! A população de Paris, no entanto, mobilizou-se e leu avidamente, Les Châtiments. Coerente, Hugo não podia ser comunista, era contra o seu ideal de liberdade, mas indignou-se contra a repressão e morte, exercida sobre os comunistas.
Victor Hugo, nunca aceitou o discurso socialista, acreditava que uma sociedade aberta encontraria soluções para os seus problemas, era contra políticas de redistribuição de riquezas, pois o efeito seria desincentivar a produção. Caso fosse permitida a liberdade de comércio, por outro lado, e caso se tolerasse algum grau de desigualdade social, o resultado seria o progresso geral de todos, beneficiando inclusive os membros mais pobres da sociedade. Defendia que uma ordem que permita o progresso, é benéfica para todos, e não para uma classe específica.

Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio. A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos.
Victor Hugo, 1876, a propósito da abolição da pena de morte em Portugal (o primeiro país europeu a fazê-lo).
De uma obra vastíssima li o seu livro «Os Miseráveis» e vi várias versões do mesmo romance em cinema e televisão.

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