«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

ÈMILE ZOLA (1840-1902)

Zola, pintado por MANET

Émile Zola nasceu em Paris. Filho do engenheiro François Zola e de Émilie Aubert, cresceu e estudou em Aix-en-Provence e aos dezoito anos, voltou a Paris para continuar os estudos. Devido às complicações financeiras, por que passou, após a morte do pai, Zola teve vários trabalhos menores, até começar a trabalhar, no ramo jornalístico. Os seus artigos não poupavam críticas severas a Napoleão III. A obra de carácter autobiográfico, La Confession de Claude, foi o seu primeiro romance e teve críticas negativas. Thérèse Raquin, romance lançado no ano seguinte, ainda teve críticas piores. Apresentava uma abordagem inovadora, inspirada nos estudos científicos da época, não um simples romance, mas uma análise científica pormenorizada do ser humano, da moral e da sociedade. Thérèse Raquin, tornou-se, o marco inicial de um novo movimento literário, oriundo da análise científica e experimental do ser humano: o Naturalismo.
Zola também demonstrou elevado engajamento político. O seu trabalho de maior influência política, foi a carta aberta intitulada J'acccuse (Acuso). Émile Zola morreu em 1902 na sua casa, devido à inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono proveniente de uma lareira. Alguns estudiosos, devido às misteriosas circunstâncias do ocorrido, não excluem a hipótese de homicídio.
Foi enterrado no cemitério de Montmartre em Paris. Depois as suas cinzas foram transferidas para o Panthéon em 1908, dois anos depois de Dreyfus ter sido reabilitado. No trajecto, um fanático nacionalista e anti-semita, disparou contra o comandante Alfred Dreyfus, ferindo-o num braço. As brasas do caso Dreyfus não estavam extintas, os velhos rancores permaneciam vivos.
OBRA DE ZOLA -Émile Zola foi o idealizador e principal expoente do naturalismo na literatura. O seu livro, O romance experimental, é o manifesto literário do movimento.
THÉRESE RAQUIN, apresenta inúmeras inovações, Zola combinou algumas das teorias mais polémicas da sua época, tais como, darwinismo, evolucionismo e determinismo científico, compondo o primeiro romance de tese ("um grande estudo fisiológico e psicológico", segundo disse).
Inspirado pela colossal obra, A Comédia Humana de Honoré de Balzac, um dos mestres da literatura francesa, Zola iniciou, em 1871, o seu grande projecto: a série Les Rougon-Macquart a que deu o subtítulo de história natural e social de uma família sob o segundo império, composta por 20 romances de cunho naturalista, escritas entre 1871 e 1893. Os principais romances de, Os Rougon-Macquart são: O Ventre de Paris, A Terra, Nana e Germinal.
Zola escreveu uma segunda série intitulada, As três cidades, sobre problemas religiosos e sociais. Atraído pelas teorias socialistas e depois evoluindo para uma visão messiânica do destino humano, escreveu uma terceira série, Os quatro evangelhos, que ficou incompleta, com a sua morte.
Apesar da qualidade literária dos seus livros, nunca integrou a Academia Francesa de Letras. A sua candidatura foi apresentada 24 vezes.
GERMINAL- Amplamente considerada a obra máxima de Émile Zola, elevou a estética e a descrição naturalista a um novo patamar de realismo e crueza. O romance é minucioso ao descrever as condições de vida desumanas de uma comunidade de trabalhadores de uma mina de carvão. Após terem contactado com ideias socialistas, que circulavam pela classe operária, os mineiros retratados na obra, revoltam-se contra a opressão e organizam uma greve geral, exigindo condições de vida e trabalho mais favoráveis. A manifestação é reprimida e neutralizada, mas permanece viva a esperança de luta e de conquista. Para escrever Germinal, o escritor passou dois meses a trabalhar e a viver com os mineiros.
J'ACCUSE - Em 1898, Zola tomou parte no aceso debate público, relativo ao caso Dreyfus, publicando artigos em jornais e revistas, onde tornou claro aquilo que mais tarde se viria a provar definitivamente: a inocência de Dreyfus. O seu famoso artigo J'accuse, com o subtítulo Carta a Félix Faure, Presidente da República, publicado no jornal literário L'Aurore, era tão incisivo, que levou à revisão do processo, o mesmo terminaria anos depois do assassinato (?) de Zola, com a reabilitação do oficial Alfred Dreyfus em 1906, injustamente acusado de traição.
Após a publicação de J'accuse, Zola foi processado por difamação e condenado a um ano de prisão. Ao saber da condenação, Zola exilou-se em Inglaterra. Após o seu regresso, quando já não corria o risco de ser preso, dada a evolução positiva do processo, publicou, vários artigos sobre o caso.
Zola também tentou difamar as aparições da Virgem Maria em Lourdes, mas foi contestado.
Além dos destaques da sua obra: escreveu poesia, romance, contos, teatro e obras críticas.
Li: O CRIME DO PADRE MOURET, O SONHO, NANA, A BESTA HUMANA E GERMINAL, um romance marcante.

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