«Vocês sabem o que significa amar a humanidade? Significa apenas isto: estar satisfeito consigo mesmo. Quando alguém está satisfeito consigo mesmo, ama a humanidade. » Pirandello

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

ENEIDA DE VIRGÍLIO


A Eneida é um poema épico latino, escrito por Virgílio no século I a.C.. Conta a saga de Enéias, um troiano que é salvo dos gregos em Tróia, viaja errante pelo Mediterrâneo, até chegar à região que actualmente é a Itália. Seu destino era ser o ancestral de todos os romanos.Virgílio já era ilustre pelas suas Bucólicas, poema pastoril e pelas Geórgicas, poema agrícola. Então, o imperador César Otaviano Augusto, encomendou a Virgílio a composição de um poema épico, que cantasse a glória e o poder de Roma. Um poema que rivalizasse e superasse Homero e também que cantasse, indirectamente, a grandeza de César Augusto. Assim Virgílio elaborou um trabalho, que além de labor linguístico e poético é também propaganda política.Virgílio ao escrever esta epopeia inspirou-se em Homero, tentando superá-lo e fazer da Eneida, o poema mais perfeito de todos os tempos. De certa forma, a primeira metade (seis primeiros cantos) da Eneida tenta superar a Odisseia, enquanto a segunda tenta superar a Ilíada. A primeira metade é um poema de viagem e a segunda um poema bélico.O tempo dos acontecimentos narrados, ocorre imediatamente após a queda da cidade de Tróia, portanto a Eneida dá continuidade à Ilíada de Homero. Se a Odisséia narra as aventuras do grego, Ulisses (ou Odisseus), que tenta voltar para a sua casa e para a sua família, a Eneida narra as aventuras de um troiano, que depois da destruição de Tróia, foge com a sua família. A sua fuga dá-se por mar. Eneias procura um sítio para fundar uma nova cidade.
O argumento da obra é belíssimo e rico em detalhes. O primeiro canto ocupa-se em relatar os eventos que levaram Enéias de Tróia a Cartago. Partindo da Sicília, os navios do herói são atingidos, por uma violenta tempestade provocada por Éolo, a pedido da deusa Juno; a tempestade desvia-o e por intervenção de Vênus, Enéias chega a Cartago, onde conhece a rainha Dido, que se apaixona por ele. No segundo canto, o herói relata todos os acontecimentos que envolveram a guerra de Tróia, a fuga de Tróia e o desaparecimento de sua esposa Creúsa. O relato termina no canto III: Enéias relata as escalas da sua viagem desde Tróia (Trácia, Delos, Estrofades, Creta, Ítaca, Sicília e Epiro) e outros acontecimentos, como o encontro com as harpias e a morte de Anquises. O quarto canto mostra o ápice da paixão de Dido, que se entrega a Enéias, e o envio de Mercúrio como emissário de Júpiter, que recomenda a Enéias que abandone Cartago e cumpra a missão a que fora destinado. O herói toma consciência disso e abandona Dido, que o amaldiçoa e se suicida. Enéias parte para Sicília, onde realiza jogos fúnebres em homenagem ao primeiro aniversário da morte de seu pai Anquises (canto V). Em seguida, chega a Cumas e encontra a sacerdotisa de Apolo e ganha a permissão de entrar no mundo dos mortos. Lá, encontra Anquises, que lhe dá significativas informações sobre o futuro de Roma (canto VI). Em seguida, Enéias chega à região do Tibre, conhece o rei Latino, que lhe oferece a mão de sua filha, Lavínia. Isso provoca a inimizade de Amata (a rainha) e Turno, a quem Lavínia fora prometida: com isso rebenta a guerra entre latinos e troianos (canto VII). Vulcano, a pedido de Vênus, forja armas para Enéias, enquanto o herói busca fazer aliança com o rei Evandro (canto VIII). Turno ataca os acampamentos dos troianos e Niso e Euríalo, dois jovens guerreiros, são mortos (canto IX). Júpiter procura estabelecer a paz entre as deusas, Juno e Vénus, enquanto a guerra prossegue (canto X). Ocorre uma trégua para os mortos serem sepultados e ambos os lados reflectem sobre um possível acordo de paz, o que não acontece: os exércitos confrontam-se novamente, numa das mais sangrentas batalhas (canto XI). O batalhão dos latinos esmorece, e Turno propõe-se a enfrentar Enéias numa batalha corpo-a-corpo. O troiano vence o fantástico duelo e mata Turno (canto XII). Virgílio conseguiu muito mais do que pretendia com sua epopeia, valorizando os aspectos míticos disseminados na sua pátria (sintetizando, muitas vezes, fábulas gregas e latinas), relatando os principais factos da história romana e construindo personagens dotadas de uma incrível humanidade.

Sem comentários: